Capítulo Quarenta e Seis - De Volta à Guerra

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       Belinda pensou nos olhos lilases e se acalmou, queria poder vê-lo uma última vez, só para lhe pedir que não sentisse culpa pelas escolhas dela. Sabia que a vida lhe deu muito, apesar de lhe tirar tanto. Mesmo com todo o sofrimento, teve momentos de pura alegria e era grata por isso. O mundo não era um conto de fadas e não poderia ser sempre feliz e animado, o único problema era que os baques eram tão intensos que a exaustão lhe dominara já fazia muito tempo.

     No meio de seus devaneios, Belinda recordou de um dia ensolarado brincando na praia, enquanto tomavam sorvete e caminhavam, aproveitando a temperatura agradável da água que molhava seus pés enquanto o doce do sorvete de creme lhe agraciava o paladar, assim como as risadas divertidas da madrinha que conversava aos sussurros com Mark, apenas alguns passos atrás dela e de Draco.


-O que você acha, querida afilhada? –Mark chamou em tom divertido e ela parou de andar, o encarando por sobre o ombro.

-Sobre o que?

-De comprarmos uma casa na praia para podermos sempre apreciar um dia assim? –Ele sorriu. –E aproveitar a noite pra poder dançar com sua madrinha na areia.

-Vocês são sempre tão melosos. –Draco resmungou e a amiga riu enquanto virava o corpo na direção dos padrinhos.

-Contando que tenha sorvete, eu topo. –Comemorou e foi a vez do homem rir.

-Seu interesse é só a comida?

-Eu gosto da praia! –Ela sorriu abertamente, mostrando os dentes brancos. –Mas a comida é ainda melhor.

     Draco concordou e os adultos riram.

-Por Merlin, você só pensa em comer, pirralha. –O homem colocou a mão grande no topo de sua cabeça, vendo-a lamber o sorvete.

-Você reclama, mas ainda assim compra o que quero.

-Isso é verdade. –Draco disse.

-A Mary também faz isso. –Ele se defendeu.

-Será que devemos parar? –A mulher perguntou divertidamente.

-NÃO! –A menina gritou, fazendo-os rir.


     Belinda se apegou aquela memória, do sorriso caloroso da madrinha, do sol quente e agradável tocando sua pele, assim como a água lambendo seus pés e o sorvete a refrescando. Talvez aquela fosse uma das suas melhores memórias e uma das últimas felizes ao lado de Mark.

-Você não deveria desistir. –Rodolphus ralhou e ela abriu os olhos, vendo Mark morto aos pés do outro.

     Belinda não esperava ser salva, muito menos por Rodolphus Lestrange, mas parecia que aquilo começava a ser um padrão, sempre ele lhe atingia ou lhe salvava, mesmo que não fosse seu desejo. Era quase irônico.

-O que diabos...?

-Eu quem pergunto. –Rabastan surgiu ao seu lado, furioso pela desistência dela. –O que merda tá fazendo aqui, Ferinha?

     Belinda o encarou por um momento, lembrando-se de como iniciaram seu relacionamento e da promessa que fizeram no começo. Parecia um pensamento distante se recordasse tudo o que passaram ao longo do tempo, mas era algo que nunca fora esquecido realmente.

-Sinto muito em quebrar minha promessa com você, Bast. –E apesar de dizer aquilo, não havia nada na menina, muito menos culpa. –Eu deveria estar caçando a Vadiatrix agora para matá-la.

A Filha das Trevas - Pacto de Sangue (Livro 3)Onde histórias criam vida. Descubra agora