A Filha das Trevas - Pacto de Sangue (Livro 3)

Capítulo Vinte e Nove - Energia

         Consegui fugir do monte de artigos que estão me sufocando e vir trazer um capítulo pra vocês. Espero que gostem.

ஜ☆ஜ☆ஜ☆ஜ☆ஜ☆ஜ

         A noite começava a despontar quando ela acordou, recordava de ter deitado para ler logo após o almoço, contudo não havia se dado conta de quão cansada estava. Nas primeiras semanas com Dorian, mal se viam, principalmente quando a necessidade de ajuda para limpar os ferimentos tornou-se inexistente, já que devido aos remédios e tempo, a cicatrização foi bem sucedida. Belinda normalmente passava o dia trancafiada no quarto depois de pegar um dos muitos livros da biblioteca particular do rapaz ou, quando tinha certeza que Dorian não estava, ficava no atelier, tanto que já havia um monte de pinturas com sua assinatura.

         Não era que os dois tivessem se afastado, sim Belinda decidira tomar aquela atitude porque respeitava o espaço do albino, sabia que aquela casa era mantida longe porque ele queria um local no qual pudesse residir sozinho, no entanto, desde que ela apareceu, roubou-lhe o ambiente secreto que ninguém mais conhecia a existência. Por tanto, achou de bom grado invadir o menos possível e dar o máximo de liberdade ao outro.

         A garota caminhou até o banheiro e banhou-se com demora e cuidado, já estava na companhia do albino a muito tempo, meses para ser exata. Era uma companhia tranquila, considerando que a convivência era bem contraria do Vale; no Vale Jiuzhaigou passavam muito tempo um na presença do outro, até porque o espaço da casa era limitado, contrariando a de Sydney, que era extensa e lhes permitia a oportunidade de mal se verem, a não ser nas poucas vezes que tinham vontade de alguém para falar ou durante o treinamento, que estava bem intenso, contudo em horário definido. Agora não tinham pressa em seus duelos e treinamentos, faziam tudo em seu tempo e vontade.

         Os Lestrange não davam notícias desde que Rabastan a mandara vir até Dorian, o que era estranho, no entanto Belinda preferia assim, porque temia que caso visse o homem, ele a arrastaria de volta a Mansão seguindo ordens de seu mestre.

         Belinda pegou o livro e fez careta, tinha um outro passatempo o qual não praticava já fazia um longo tempo e seu corpo pedia por aquilo, foi o que a fez sorrir e deixar o livro na cabeceira, aproveitaria que Dorian provavelmente não voltaria antes da madrugada, não tendo saído com os Bonecos de Vodoo.

         Dorian se aconchegou em seu casaco e respirou fundo, abrindo a portão de casa e trancando-o assim que passou, andando tranquilamente pelo caminho que o levava ao hall de entrada. Todas as casas da vizinhança estavam bem iluminadas e decoradas para o natal, uma data que ele particularmente passara a achar melancólica, já que não tinha Oliver ou ninguém para comemorar, mesmo que fosse sua data favorita quando mais jovem. O rapaz não se importava muito naquele momento, no entanto cada luz que via pendurada ao redor das árvores e fachadas das casas, inclusive a sua, parecia um lembrete de que não estava com seu irmão e isso o enfurecia e entristecia, sem ter noção de qual a condição em que Olie se encontrava.

         Dorian finalmente sentiu o calor familiar lhe envolver ao trancar a porta do hall e retirar o casaco, era reconfortante estar em casa. Mas o que realmente o surpreendeu foi a visão que encontrou no meio da sala.

         Belinda dançava descontraidamente no meio do salão, rebolando de olhos fechados enquanto o som não muito alto preenchia o recinto, fazia tempo que ele não a via fora de seus horários de treino, principalmente se mostrando tão leve.

         A garota era sensual e ele não tinha como negar, cada vez que se mexia no ritmo da música parecia fazer o som dançar conforme seus movimentos, não o contrário; os olhos permaneciam fechados enquanto rodopiava e erguia os braços, passando a mão levemente no cabelo e deslizando-a pelo corpo, com um pequeno sorriso de satisfação; o suor brilhava em sua pele e fazia as madeixas escuras grudarem no pescoço e rosto. Toda sua expressão estava leve. Essa era uma cena realmente curiosa e, Dorian não podia negar, fascinante.