fourteen

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Dumbledore: A felicidade pode ser encontrada mesmo nas horas mais sombrias, é preciso apenas se lembrar de acender a luz.

(Harry Potter e o prisioneiro de Azkaban)

maratona 3/5

Sina on

Seus passos estão cada vez mais próximos e ressaltados, sinto as batidas do meu coração pararem por um instante, eu não queria que ele me visse naquele estado toda sentida, deixada levar pelas emoções.

Estava tão na cara que eu estava chorando e completamente acabada, meus olhos estavam com resíduos de lagrimas acumuladas, e olheiras profundas por conta do rímel ali se instalavam.

Eu realmente não tinha mais para onde correr, o único jeito foi me curvar mais ainda, para que eu fique o máximo possível recatada.

O garoto está na fileira seguinte olhando atentamente cada objeto e peça ali presentes, noto que seu cabelo hoje parece mais lindo do que nunca, molhados e jogados para lateral, os olhos parecem perdidos em um lugar distante no qual eu sou incapaz de compreender.

Ele olha o ambiente uma ultima vez, e pelo que parece o mesmo já arranjou o que procurava, agradeço assim que o rapaz resolve pegar a saída, suspirando aliviada.

Droga, uma notificação, chega no ultimo momento que eu desejaria, pego o celular rapidamente, colocando o volume no mudo.

- Tem alguém aí?- Sua voz sai um pouco distante, merda ele ouviu.
Tento evitar até minha própria respiração, porém me parece que o mesmo não ficou tão convencido com o silêncio que se instalou no ambiente.

Novamente ele se aproxima e não a nada que posso fazer quanto a isso, Noah passa pelo penúltimo corredor e adentra o meu com o semblante visualmente um pouco surpreso.

- Sina o que faz aqui?- O garoto indaga se aproximando.

- Ér... nada- Digo tentando esconder o rosto.

- Vamos não tem como ser nada você estar aqui!- Menino curioso era da conta dele saber?

- Noah eu não estou disposta a discutir agora.

- Podemos esquecer os outros problemas e focar no presente?- Logo depois se senta ao meu lado.

- Me desculpa. - Digo sem olhar em seus olhos.- Mas acho que não somos tão próximos para eu me abrir com você, na verdade não me abro nem com minha mãe ou minha melhor amiga!- Solto uma leve risada de desespero. - Quem dirá você.

- Eu também procuro refugio aqui. - O vejo surpresa. - É serio, acha que esse lugar é exclusivamente descoberto por você? Na verdade não.

- O que um garoto popular, com um namoro aparentemente estável e cheio de amigos, realizaria em um lugar tão afastado e triste?- Pergunto com uma leve ironia.

- Isso tudo é uma grande ilusão!

- Por que?- Pergunto realmente interessada.

- Porque as pessoas sempre acreditam no que lhe convém, não importa se você é o homem mais rico do Mundo ou um simples cara que acorda todos os dias, ás cinco da manhã! Eles sempre vão optar por acreditar que você é feliz quando se tem tudo e fracassado quando se tem um pouco...

- Ele suspira- Por mais que eu seja aparentemente realizado e tenha uma carreira planejada, não vai ter dinheiro nenhum que vai comprar minha felicidade, como dizem por aí.

- Poxa, eu sinto muito. - A única coisa que me parece apropriado a dizer

- Você não tem culpa, eu não tenho então por que sentir?

- O que se passa para se sentir tão mal?- Ignoro o comentário.

- Eu acho que eu quem devia perguntar não é mesmo?- Ele sota uma risada fraca.

- Eu não vou sair daqui sem uma explicação sua!- Declaro
- Ah tudo bem então... - Ele suspira. - Meu pai sempre teve um poder grande sobre minhas escolhas, ele praticamente decidiu que ia planejar minha vida toda, e com isso ele não se importa tanto com meus sentimentos e como eu realmente me sinto sobre pressão.- Ele suspira.- Minha mãe foi internada em um centro psiquiátrico, quando eu tinha dois anos de idade, meu pai pelo que bem entendo não fez absolutamente nada para impedir meus avós de internarem a própria filha... Eu não sei absolutamente nada sobre a vida dela, o que ela passou e se realmente era doente.- Ele faz uma pausa, e noto uma lagrima em seus olhos ameaçando cair a qualquer momento.- Minha família materna sempre evitaram tudo sobre ela, minhas tias não comentam nada sobre a irmã, minha avó nunca tocou no nome da filha, e meu avô, parece que nem a conhece... Eu já cobrei inúmeras vezes a verdade ao meu pai, porem ele briga e grita comigo, dizendo o que eu queria em troca no fim dos meus interrogatórios, isso me deixou mais irritado ainda, estamos falando sobre a minha mãe, é importante.- Ele ainda se mostrava forte, mas seus olhos revelavam um garoto triste e solitário.- Eu gostaria muito de poder encontra-la, eu não me importo o que ela seja ou o que tem, eu sempre vou amar minha mãe por simplesmente ela ser a MINHA mãe!- Em seguida ele abaixa a cabeça.- Meu pai sempre achou que me encher de mesada e me colocar nas melhores escolas, construir uma vida era para o meu bem, mas na verdade isso é uma forma suja de me controlar, ele acha que eu não sou nada sem o dinheiro dele, sem estar nas custas dele... Como se fosse aliviar a dor de não ter a minha mãe por perto.

Dou um forte abraço nele em seguida, foi algo sem pensar, porém depois pude sentir que ele precisava realmente daquilo, ou quem na verdade precisava era eu, seu abraço foi capaz de me curar por alguns minutos de todos transtornos que eu havia passado nas ultimas horas, foi tudo o que precisei em oito anos, apenas de um abraço, mesmo da pessoa mais destruída psicologicamente que se encontrava em minha frente.

- Me desculpe, falar de todos os meus problemas, te deixar mais angustiada.

- Ele diz enquanto desvinculava-se do abraço.

- Não faz mal, na maioria das vezes guardar suas magoas para você, é mil vezes pior, voce não tem nenhuma pista sobre o paradeiro da sua mãe? Deve ter alguns documentos alguma carta, algo que ligue ela á sua família. - Volto ao assunto anterior.

- Eu já tentei arrancar alguma coisa da Lisney, minha irmã mais velha. - Ele torna a falar. - Ela é a única pessoa na minha família que ainda tem um pouco de equilíbrio, me contou sobre nossa mãe e o quanto ela era ou melhor é adorável, foi uma ótima mãe, Lisney também contou algumas lembranças na quais eu infelizmente não era presente, só que ela sempre dá um jeito de desviar o assunto quando o caso é, onde minha mãe se encontra atualmente.- Ele parece um pouco decepcionado.

- Eu vou te ajudar!- Afirmo com o tom de voz um pouco elevado.

- O que?- Ele pergunta confuso.

- Meu pai é psiquiatra, se sua mãe estiver internada pelos motivos que estou pensando... Posso tentar contato com o meu pai, ele conhece várias clinicas, sanatórios e outros. - Uma leve esperança surge em seus olhos. - Mas eu preciso saber quais são os reais motivos que ela foi internada, se não fica mais complicado.

- Certo, eu vou fazer o máximo para conseguir descobrir o motivo pelo menos. - Ele suspira.- Eu sei que não temos 100% de razão se vai dar certo, mas mesmo assim obrigada Sina, por tentar.- Ele me abraça novamente, e eu me sinto tão leve ao ver uma expressão bem mais alegre em seu rosto.

- É sobre o seu problema, acabei falando só sobre os meus, e esquecemos de você .- sopro cansada, ao lembrar o motivo real da minha crise.

- Ér... nada preocupante, sabe eu acordei nos meus dias, qualquer coisinha é motivo de irritação.- Me sinto constrangida ao mentir, porem ele me parecia mais animado e eu não queria aborrece-lo ou criar uma briga por conta da Zoe.

- Tudo bem então!- Ele diz se levantando- Vamos?- Em seguida estende o braço e eu assinto agarrando sua mão, e tomando impulso para me levantar.

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