Contos da Quarentena2 AMAZON

Como um conto de Clarice

"Sim, minha força está na solidão. Não tenho medo nem de chuvas tempestivas nem das grandes ventanias soltas, pois eu também sou o escuro da noite."
Não tenho medo, não pela minha inconsequência, hoje não. O que me torna destemida hoje são os dias. Que dias? Ora, os dias vividos! Eles são muitos e plenos. De quê? De fé!

"Olhe, tenho uma alma muito prolixa e uso poucas palavras.
Sou irritável e firo facilmente.
Também sou muito calmo e perdoo logo.

Como podes ser tão universal, me fazer sentir tão... tão eu? Uma escritora premiada  e uma aprendiz de escritora.
Não importa, o que importa é que eu resumo o que você escreveu a muito tempo ao meu modo: ter memória boa para o que é bom e, memória fraca para as experiências que nem valem a pena lembrar!

"Quando fazemos tudo para que nos amem e não conseguimos, resta-nos um último recurso: não fazer mais nada. Por isso, digo, quando não obtivermos o amor, o afeto ou a ternura que havíamos solicitado, melhor será desistirmos e procurar mais adiante os sentimentos que nos negaram. Não fazer esforços inúteis, pois o amor nasce, ou não, espontaneamente, mas nunca por força de imposição. Às vezes, é inútil esforçar-se demais, nada se consegue; outras vezes, nada damos e o amor se rende aos nossos pés. Os sentimentos são sempre uma surpresa. Nunca foram uma caridade mendigada, uma compaixão ou um favor concedido. Quase sempre amamos a quem nos ama mal, e desprezamos quem melhor nos quer. Assim, repito, quando tivermos feito tudo para conseguir um amor, e falhado, resta-nos um só caminho... o de mais nada fazer."

E isso?  Nada fazer, aquietar a mente, cultivar o silêncio, exercer o amor próprio. Sair de cena, ficar isolada com sua mente e seu coração, se constatando, se olhando, se amando. E se eu me amo, brilho, fico linda, sou doce. Aí, do nada chegam as borboletas! Virei jardim, me enchi de flores! Pronta para que as abelhas, os beija-flores, as joaninhas venham me enfeitar. Pronta para de novo amar!