All night long

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Zoro ficou esperando Sanji falar alguma coisa, mas o telefone continuava mudo, exceto pela respiração descompassada do loiro que era audível no silêncio da madrugada. Enquanto esperava o mais novo falar alguma coisa, se deitou novamente na cama, puxando para cima de si o cobertor que havia caído praticamente inteiro no chão durante à noite.

— Eu te acordei?

— Você sabe a resposta. — Zoro falou em tom de obviedade, embora não estivesse chateado. Óbvio que quando fora acordado quis assassinar o garoto, mas agora realmente não estava se importando muito em manter-se acordado. — Mas isso não importa.

— Desculpe... — Sanji falou de forma estranhamente sincera e arrependida que não parecia em nada se adequar com sua péssima personalidade. — É melhor você voltar a dormir, eu também vou me deitar...

A voz de Sanji tentava demonstrar alguma confiança, não querendo deixar evidente que nem mesmo estava mais deitado ou sequer na cama. Havia levantado e saído do quarto, indo em modo automático para a cozinha. O outro estava dormindo e não queria ser um peso nas costas dele... Não de novo...

— Não seja idiota. — Zoro teria falado de forma mais ríspida, mas o tom de Sanji parecia tão melancólico que ele nem conseguia brigar com ele direito. E pensar que Zoro sempre pensara no garoto como folgado e intrometido, agora parecia que ele era outra pessoa por completo, alguém que preferia ser invisível a incomodar outrem. — Eu já tinha dormido algumas horas desde que você foi embora, não é o fim do mundo.

— Mas você é um velho caindo aos pedaços que precisa dormir muito. — Sanji não resistiu a provocação, fazer o quê. O outro homem era a pessoa mais irritável do mundo, como se negar a esse prazer? Enquanto falava, ele mexia em algumas panelas guardadas no armário e pegava ingredientes para cozinhar, sem nem se dar conta do que estava fazendo.

— Sério? Você não consegue passar dois segundos sem me chamar de velho, pivete? — Zoro bufou irritado no celular. Isso era o que ganhava por começar a amolecer para um moleque sem modos. Pensou ter ouvido alguns barulhos estranhos do outro lado da ligação, mas se absteve de perguntar o que diabos o mais novo estava fazendo àquela hora da noite.

— Pivete é sua bunda, velhote. — Não conseguiu aguentar e começou a rir, caçoando da cara do moreno. De fato, não conseguia passar nem um segundo sem pensar no moreno sendo um velho e com vontade de insultá-lo. Zoro era engraçado, lembrava Zeff em muitas coisas, especialmente a idade exageradamente avançada. O mais hilário era que sua mãe, Sora, tinha a exata mesma idade que seu pai e para Sanji ela não era uma velha caindo aos pedaços, muito pelo contrário, era uma anja jovem linda e perfeita que ele amava com todas as forças. — É estranho não ter um cigarro na boca o tempo todo, faz tanto tempo que fumo que parecia algo que fazia parte do meu corpo já.

Zoro resolveu, pelo bem da sua sanidade, ignorar a risada debochada do mais novo. Em pouco tempo ela foi diminuindo e logo Sanji assumiu novamente um tom mais solene, fazendo Zoro quase desejar que voltassem a brigar sobre idade novamente, pelo menos ele era irritante e não melancólico. A falta que os cigarros faziam ao loiro era algo que Zoro conseguia entender, mas não poderia dizer que se identificava totalmente.

Imaginava muito bem que tipo de fumante que Sanji devia ser. Daqueles que não conseguem passar um segundo sequer com o cigarro nos lábios, que precisam de algo na boca para substituí-los o tempo inteiro. Ele ainda se lembrava bem da primeira reunião e adivinhou o vício no outro quase no mesmo segundo em que pôs os olhos nele.

— Quanto tempo fazia? — Zoro perguntou curioso. Era até engraçado alguém tão novo quanto aquele loiro falar de algo como se fizesse décadas. Pela idade de Sanji, não poderia ter começado há tanto tempo assim, talvez uns três no máximo uns cinco anos.

Don't Call Me Daddy - ZoSan Onde histórias criam vida. Descubra agora