CAPÍTULO 8

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(ALERTA! ESTE LIVRO É IMPRÓPRIO PARA MENORES!)


"Os primeiros sinais...o desejo de pegar nos braços...aninhar no peito...consolar...proteger...Dá pra ignorar algo tão forte?"


Adriano viu o primeiro morador sair do prédio às sete e treze da manhã.

Não descartou que outros já poderiam ter saído e que ele não vira. Talvez tivesse cochilado em algum momento.

O investigador sentiu o estômago reclamar, saiu do carro e comeu alguma coisa no bar ali perto que já estava de portas abertas.

Adriano invejou o ir e vir das pessoas que continuavam vivendo suas vidinhas pacatas e inocentes de que estavam na presença de um assassino de sonhos....ele.

Será que teriam mudado alguma coisa na vida delas se soubessem que ali perto, num apartamento recém-comprado para o homem amado, uma vida fora destruída pelo investigador? O pensamento surgiu sem aviso prévio a sua mente já tão atormentada.

Será que aquelas pessoas teriam dispensado uma lágrima pelo falecido se soubessem o quanto ele era carinhoso com o namorado...o quanto ele era legal como amigo...o quanto Eugênio  era capaz de ser sensível captando cada detalhe da aparência dos marginais que ele desenhava?

Adriano o idolatrava, essa era a verdade. Ele gravava os depoimentos das testemunhas que descreviam os rostos dos suspeitos e entregava para Eugênio. O parceiro levava aquilo pra casa, ouvia tudo e fazia o desenho. Era aquilo que fazia com que Adriano chegasse com a imagem  de quem deveriam prender e em todos aqueles anos, Eugênio nunca errara um rosto...nunca!

Seria egoísmo demais por parte de Adriano já avaliar naquele momento que seu trabalho cairia de produção agora que não tinha mais ao seu lado aquele recurso humano (Eugênio) para fazer-se cumprir a lei?

Adriano finalmente saiu do carro onde passara a noite andando e sentindo o estômago revirar com o café com leite e o pão com manteiga. Ele não merecia se aliviar do mal-estar causado pela comida que não lhe caíra bem. Qualquer castigo seria bem-vindo agora.

Por causa dele, Eugênio, seu melhor amigo, não estava dormindo nos braços do homem amado naquele momento.

O investigador afastou-se para que um dos moradores passasse...um rapaz louro e com o rosto cheio de acne devido à adolescência e aos hormônios em fúria em seu corpo. O jovem estava de fones de ouvidos e nem se importou com quem entrava em seu prédio. 

E se Adriano  fosse um ladrão, ou um assassino disposto a matar todo mundo? Não interessava para o morador negligente que seguiu o seu rumo sem mesmo olhar pra trás.

Não importava...o jovem já tinha lá os seus problemas pessoais e cuidar da segurança dos outros não era da sua alçada...talvez fosse da alçado do homem que subiu as escadas arrastando os pés como se carregasse o mundo nas costas.

Ia bater na porta do apartamento,  mas percebeu que ela só estava encostada.

Olhou para a porta franzindo as sobrancelhas temendo que talvez Márcio e a mãe já tivessem saído sem que ele tivesse percebido. Talvez tivessem ido identificar o corpo, ou tivessem ido para o velório...

Empurrou a porta dando fim a tantas dúvidas e percebeu que o que deveria ser a sala do apartamento estava um verdadeiro caos!

Parecia que um furacão havia passado por ali e por um momento Adriano  temeu que talvez alguém tivesse ido ali...talvez o próprio assassino de Eugênio, quem sabe, atrás de mais provas que o incriminassem.

EM VOCÊ...EU CONFIO!-Armando Scoth Lee-romance gayOnde histórias criam vida. Descubra agora