CAPÍTULO 15

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(ALERTA! ESTE LIVRO É IMPRÓPRIO PARA MENORES!)


Adriano decidiu falar tudo de uma vez, ao invés de ir soltando aos poucos, ao longo dos dias, ou mesmo a cada encontro.

A verdade é como um esparadrapo sobre um ferimento...se puxar de uma só vez e rápido, dói menos e se cura mais rápido. 

Aquela ferida... quanto mais demorasse para ser exposta, pior realmente ficaria.

Como não dizer ao rapaz  que ele estava correndo risco de ser o próximo desenhista a ser assassinado? 

Como não dizer a Márcio que provavelmente a pessoa que tinha destruído o seu apartamento parecia estar com ódio dele e, pior ainda, já saber que era ele quem fazia os retratos falados pra Eugênio vender? 

Tantas coisas a falar...tão pouco tempo...parecia realmente uma crueldade torturar mais um pouco o rapaz!

Márcio fechou os olhos com força e ergueu as duas mãos à frente do rosto não suportando ouvir mais nada que saísse da boca daquele completo estranho em sua vida!

_Pelo amor de Deus, para!_gemeu quase sem voz, a cabeça a mil tentando processar tanta informação.

O investigador imaginou o quanto estava sendo difícil pra ele ficar sabendo de tudo assim, de uma só vez...e Adriano sentiu-se um monstro por ter que agir de forma tão desumana não respeitando a dor do outro.

Adriano deixou Márcio ficar um tempo ali, de olhos fechados, respirando fundo como se tentasse processar tudo o que acabara de ouvir, mas visivelmente não conseguindo separar a realidade da ficção.

_Deixa eu ver se entendi. Os desenhos que faço retratam bandidos, a face de ladrões...de assassinos...pessoas que você investiga, é isso?_começou cautelosamente, como se temesse ouvir os estilhaços de algo se quebrando em sua cabeça.

Adriano resolveu apenas assentir, um simples gesto de cabeça  a fim de que não interrompesse a fala do rapaz.

_Eugênio sabia disso, pegava os meus desenhos...não todos...e vendia pra você...e talvez para algum dos seus colegas...

_Talvez... não tenho certeza ainda se ele trabalhava para algum dos meus colegas._Adriano tentou ser justo deixando a margem de dúvida._Suspeito até que possa ter sido um deles que veio aqui pra procurar mais desenhos seus  e fez esta bagunça toda em seu apartamento! 

Adriano resolveu falar a favor de Eugênio, pois não queria que aquele julgamento  prévio negativo pudesse abrigar-se ainda no coração do viúvo. Eram apenas suspeitas...nada de confirmado ainda.

_Creio que quando Eugênio começou a vender os seus trabalhos...creio que ele não fez por mal, Márcio. Ele só queria ajudar a pagar as contas do apartamento e...

O que veio a seguir surpreendeu o investigador.

_Claro que ele não fez por mal! Ele me amava!_disse Márcio visivelmente sentido pelo outro julgar mal o seu falecido parceiro.

Adriano ficou admirado com aquela resposta, pois já imaginava Márcio odiando o parceiro pela traição.

_A culpa foi minha...minha..._Márcio bateu no peito._Eu que vivia dizendo a ele que só conseguiria dormir tranquilamente quando conseguíssemos quitar as prestações do apartamento. Ele era mais tranquilo, dizia que a gente iria conseguir, mas não...eu vivia enchendo a cabeça dele, atazanando as ideias dele dizendo que as contas não fechariam um dia e nós perderíamos o apartamento. Que bom que ele teve os meus desenhos pra te vender, porque se não fosse isso e com a pressão que eu colocava sobre ele...acho que meu namorado  teria assaltado um banco só pra me ver feliz!

EM VOCÊ...EU CONFIO!-Armando Scoth Lee-romance gayOnde histórias criam vida. Descubra agora