De volta há algum dia de setembro, em Boston.
-Tem certeza que Lauren passará o dia inteiro ocupada?
-Sim, eu expliquei que você teria uma viagem de emergência e ela aceitou bem. Já voou? -perguntou curiosa-
-Estou dirigindo rumo ao destino final agora. E não se preocupe. -sorri ao imaginar sua feição- Você está no viva voz!
Mary riu do outro lado da linha, se despedindo em seguida. Boston estava meio nublada naquela tarde, mas a luz do sol ainda assim fazia questão de se amostrar.
Eu tinha meu celular desbloqueado no banco do passageiro, mostrando-me exatamente para onde eu deveria ir. E eu dirigia mais devagar dessa vez, havia esquecido meus óculos escuros e a claridade da rua quase fazia minha cabeça doer.
Eu mal podia esperar para chegar lá, apesar de eu ser o único sabendo o verdadeiro motivo. Acontece que eu simplesmente mal podia esperar.
Eu mal podia esperar para acordar com beijos matinais e abraços por trás. Eu mal podia esperar para rolar durante o sono e colidir com ela ao meu lado. Minhas mãos suavam a ponto de marcarem o volante.
Eu mal podia esperar para sentar no chão da cozinha enquanto comia alguma comida ruim, rindo sobre copos de vinho e coisas estressantes dos nossos dias. Mal podia esperar para vê-la esgueirando-se para ler minhas escritas antes que eu mostrasse.
Eu estava muito empolgado por ela, mas ainda mais empolgado por mim. Seria uma honra. Estacionei o carro no local indicado e ali permaneci por dois minutos, pensando. Pensando muito.
Ela não sabia porque eu estava ali, mas sabia que seria eu. Abriu os braços docemente e me levou para dentro deles, como um filho distante.
-Mamãe, eu quero o meu danoninho!
A voz docinha então surgia atrás de nós, nos despertando do abraço. Eduardo congelou no segundo em que me viu, se escondendo em uma breve timidez.
-Nenhum abraço?
Quem queríamos enganar, sentíamos bastante a falta um do outro e, o abraçando em meu colo daquela forma, eu compreendia ainda mais a falta que Lauren sentia deles.
-Muito obrigado por me receber dona Ceci, sei que foi completamente do nada e sem a sua filha. -sorri timidamente, Dudu tinha os braços a minha volta ainda- Mas o que eu preciso dizer não poderia esperar nem um segundo a mais.
-Entre querido, não me preocupe assim.
Adentrei a casa deles, sentindo toda a pressão daquele momento.
-Trouxe para você, espero que goste!
Entreguei um pequeno saco de cetim para o Dudu, que imediatamente desceu do meu colo para abri-lo. Eu tinha outro maior em mãos, abriria quando fosse a hora certa.
Ceci indicou com as mãos para que eu o deixasse sobre a mesa, e assim o fiz. Eu havia ligado para combinar essa visita há dois dias atrás, quase implorando para que Lauren não ficasse sabendo.
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End Of The Day - 2
RomanceQuando a vida se torna pública, quem você se torna? Quando o seu companheiro é uma pessoa famosa, o quanto vale o seu silêncio? A mídia vigiaria todos os seus passos e, tentar fugir dessa realidade, se tornaria seu mais novo desafio. No final do dia...