Whenever you're ready.

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Um estrondo maior se fez de fora para dentro enquanto a única coisa que eu desejava era sumir. Ir para casa. Sem medo.

Eu sabia que era algo com a porta ou com os vidros, mas a sirene tão tardia que surgiu me deu vida de novo. Bill se inclinou no banco e, pelo retrovisor, nos avisou que era a polícia. Como já presenciei outras vezes, imagino que vários homens tenham descido e fechado as caras, mostrando serem um tanto quanto agressivos demais.

Eles tomam frente, juntam os braços, e ninguém mais consegue atravessar a grande muralha. Senti mãos nos meus ombros e me lembrei de que ela também estava lá, passando por aquilo tudo.

-Está tudo bem! Fica calmo, respira fundo. Respira.

Ela estava tremendo. Muito. Suas mãos eram mais falhas do que as minhas naquele momento. Seus olhos tentavam me trazer paz, mas pediam por socorro. Minha mente estava bagunçada, limpei as lágrimas.

As vezes você está lá, e você sente o momento. As vezes você está lá e compreende o momento. Mas as vezes você está lá e as coisas que você costumava tolerar se tornam intoleráveis.

As vezes você luta e discute, mas aparente a escolher permanecer em silêncio. Você começa a entender o valor da sua voz e que há algumas situações que não merecem mais o seu tempo, a sua energia e o seu foco.

Bill arrancou o carro com pressa e eu pude ver cada pessoa ali ficar cada vez menor. Tudo o que nós ouvíamos agora era o silêncio. Encostei minha cabeça de volta no banco e apenas respirei, voltando ao normal.

Não importa o que você faça, acontecerá o caos. Haverá coisas tentando derrubá-lo quase todos os dias. Algumas situações sempre serão maiores do que outras.

Olhei paro o lado e, num movimento pequeno, passei meu dedo indicador sobre a janela. Um rachado de ponta a ponta havia se instalado nela, pronto para se quebrar em mil pedaços sobre nós.

-Estamos aqui!

Eles disseram e eu abri a porta de imediato, saindo. Me sentindo livre. Pude ver que Lauren veio logo atrás e parou ao me observar sentar num canteiro alto de flores. Eu poderia observá-las e dizer o quanto eram bonitas naquela luz, mas naquele momento eu não conseguiria.

Juntei as mãos em meu colo e fechei os olhos. Apontei a cabeça para cima, tomei ar e senti o sol quente beijar a minha pele. Eram em flashes pequenos e fugazes como esses em que eu me apaixonava pela vida. Milhares de pequenos beijos sendo colocados em minha pele.

-Hey!

Ela disse um tempinho depois. E estava linda.

-Hey!

Seu cabelo balançava sutilmente com a brisa que passava por nós, brilhando por si só.

-Como se sente?

-Acho que... melhor agora. Talvez.

End Of The Day - 2Onde histórias criam vida. Descubra agora