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Eu estava indo para a casa da Jennifer. Durante todo o caminho, pensamentos tumultuavam minha mente.
Já falei tanto sobre meu irmão, mas por que ele nunca veio falar comigo?
Decidi: vou viajar para vê-lo pessoalmente. Não importa o que aconteça, preciso ter essa conversa. Tantas perguntas sem respostas.

Se o Joseph acha que ainda sou a mesma de antes, está muito enganado. Tenho certeza de que todo cuidado é pouco. Já me chamaram de louca uma vez, e não seria difícil que isso acontecesse de novo.

Chego à casa da Jennifer, determinada a ser rápida dessa vez. Mas o lugar me surpreende. É como outra cidade, um bairro cheio de vida e cor. Há flores por toda parte, pinturas vibrantes nas paredes, desenhos que parecem contar histórias.

"Que lugar lindo", penso enquanto procuro a foto do rosto dela na minha mochila. Deixo o carro e sigo a pé, encantada com o ambiente ao meu redor. Olho para todos os lados, esperando encontrá-la em casa, como de costume.

Por curiosidade, sigo o som de música que vem de um lugar próximo. E então a vejo. O rosto que procuro está ali, no centro de uma roda de dança, com todos ao redor batendo palmas. Jennifer sorri tão alegremente, como se o mundo não tivesse problemas.

Enfio-me no meio da multidão e grito por ela, mas a música e a energia abafam minha voz. Tento novamente, sem sucesso. Acabo decidindo esperar até a música acabar.

Enquanto espero, algo em mim desperta. O ambiente vibrante, a música animada e as pessoas dançando me envolvem. Parece que aquele lugar me chama, como se eu pertencesse a ele.

— Vá dançar, menina! — diz um senhor idoso ao meu lado.

Observo as mulheres dançando. O vestido que escolhi parece ter adivinhado que eu viria a um lugar assim. Deixo a vergonha de lado e entro na roda. Começo a girar como elas. Cada movimento parece uma flor se abrindo, e sinto meu vestido acompanhando o ritmo.

Sorrio. Esqueço tudo. Os problemas, as preocupações... tudo desaparece. O som da música, as cores ao meu redor, a felicidade estampada nos rostos. Meu vestido rosa parece florescer comigo. Sinto-me livre.

Quando a música termina, estou sem fôlego, com os cabelos no rosto, mas ainda sorrindo. Volto ao que vim fazer e corro atrás dela.

— Espera, Isabela! — grito. — Eu preciso falar com você!

Ela para, olha para mim, e sorri gentilmente.

— Então você é Larissa. — Ela já me conhece.

Sorrio de volta, surpresa.

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Mais tarde, no celular com Gabriel

— Gabriel, você não vai acreditar! Jennifer é incrível, tão cheia de vida. Ela já sabia quem eu era! — conto, empolgada. — E o lugar onde ela vive? Um sonho! Preciso te levar lá um dia. Até dancei, amor. Com todos os problemas, consegui me sentir leve.

— Sério, amor? Que bom!

— Sim. Jennifer disse que me conhecia por causa das histórias que Antony contava e por uma foto. Mas ainda não sei como ela me reconheceu...

— Fico feliz por você, Larissa. Esse lugar deve ser mesmo especial.

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Na faculdade

— Oi, queria saber da minha matéria. Estou com algumas coisas atrasadas, mas queria colocar tudo em dia. — Começo a abrir a pasta.

— Bom dia! Qual é o seu nome?

— Larissa.

Ela verifica o sistema.

— Aqui diz que você já regularizou tudo e está em dia.

— Como assim? Eu não mexi em nada!

— Pois é, está tudo certo no sistema. Alguma dúvida?

Penso um instante. Já sei quem foi.

— Desculpe, devo ter me enganado. Estou com tanta coisa na cabeça que nem lembrava.

Saio e ligo para Fernanda.

— Não acredito que fez isso por mim!

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Mais tarde, após um dia longo, vou ao clube. Gabriel me liga bravo, mas o ignoro. Preciso de um momento para mim.
Entre amigos, danço, sirvo bebidas, e até como dois lanches inteiros. Lurdes me observa, preocupada.

— Larissa, o que está acontecendo com você?

— Estou bem, Lurdes, só aproveitando.

Mas no fundo, sei que algo está fora do normal.

Berenice me liga.

— Larissa, não quero causar problemas, mas Gabriel está numa boate.

Meu sangue ferve.

— O QUÊ?!


A Prostituta Indomável.Onde histórias criam vida. Descubra agora