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Fecho o zíper da minha jaqueta e subo na moto. Quando cheguei em casa, meu pai não estava, o que me deu tempo de me arrumar e evitar encontrá-lo. O lugar para onde estou indo é meu refúgio favorito, onde não preciso me preocupar com quem está ao meu redor.

Adoro ir para lá, não só para relaxar, mas também porque as bebidas são excelentes. Uma vez fui com a intenção de ficar com alguém, o que foi uma experiência interessante, mas não é algo que eu faça sempre. Fernanda sempre diz que é só "sexo" e pronto. Eu sei disso, é claro. Somos amigas desde o meu primeiro casamento. Já deixei claro para meu pai que não vou me casar de novo, estou cansada de casamentos arranjados. Só casarei novamente se estiver completamente cega de amor.

Minha mãe está viajando e volta amanhã. Se tem alguém que realmente me conhece, é ela. Aceito sua preocupação, mas fujo de suas perguntas sempre que posso.

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Estaciono a moto e entro no local, que está lotado. O prédio tem 30 andares, cada um com uma finalidade diferente. A fila na entrada é enorme, mas vou direto para o começo e tento entrar com meu cartão. Sou barrada por um segurança novato. Que droga.

-A senhora não pode passar - ele diz, colocando a mão na minha cintura de forma indevida. Estou de bom humor, mas isso me irrita.

Viro-me rapidamente, seguro a mão dele e a torço para trás, imobilizando-o por um instante, apenas para dar um susto. Sorrio enquanto ele tenta processar o que acabou de acontecer.

- Melhor manter essas mãos longe de mim - murmuro no ouvido dele, com uma voz calma, mas firme. - Agora, vai me deixar entrar?

Ele só acena com a cabeça. Antes que eu o solte, Fernanda aparece.

- Você está maluca? - Ela me puxa para dentro. - Precisa parar com essa mania de atacar as pessoas, Larissa. Você sabe que não precisa disso.

Passamos pelo mar de pessoas que dançam animadas, e eu a sigo, segurando sua mão para não me perder. Subimos as escadas até o próximo andar, onde há sofás vermelhos e uma mesa ao centro. Três garotas dançam no pole dance perto de nós.

- Eu não aguento esses seguranças achando que podem tocar nas mulheres assim - digo, ainda irritada.

Antes que ela possa responder, me afasto e vou até o bar. Fazia um tempo que não frequentava o lugar com tanta regularidade.

- Uma garrafa de gin - peço ao barman.

- Vai se controlar hoje? - Fernanda aparece, sentando-se ao meu lado.

- Claro que não. Sabe que não gosto dessa coisa de "controle". Mesmo bêbada, ainda sei o que estou fazendo. - Pego a garrafa já aberta.

O barman me serve, e eu agradeço com um piscar de olhos.

- Tipo o quê? - Fernanda arqueia a sobrancelha.

- Tipo lembrar de usar camisinha na hora H - respondo com uma risada, que ela acompanha.

- Seu pai infartaria se soubesse dessas coisas.

- Nem me fale. Ele está achando que tenho algo a ver com a garota do cinema.

- E você tem?

- Claro que não - minto descaradamente, tentando disfarçar.

Depois de algumas doses, terminamos a garrafa de gin. Peço ao barman uma bebida vermelha que vi outro cliente tomando. Descubro que é uma margarita red, e é deliciosa.

- Você bebe isso como se fosse água - Fernanda comenta, surpresa.

- Quer provar? - Ofereço a taça, e ela experimenta.

- É boa, mas é só uma bebida normal - ela diz, limpando o canto da boca.

- Ah, é a oitava maravilha do mundo! - Respondo, terminando a taça.

Quando estou prestes a pedir outra, o barman me traz mais uma margarita red.

- Cortesia do cavalheiro ali - ele diz, apontando discretamente para a direção de Theo, o homem que conheci mais cedo.

Levanto-me com a taça na mão e vou até ele. Theo me recebe com um sorriso encantador.

- Larissa, que surpresa te encontrar aqui - ele diz, indicando o banquinho ao lado dele.

- E você? Não parece o tipo de pessoa que frequenta esse lugar - comento, curiosa.

- Eu estou surpreso em te ver aqui - ele responde, com um olhar intenso que me faz desviar os olhos.

- O que quer dizer com "eu"?

- Só acho que poucas mulheres lindas como você vêm a lugares assim. Isso geralmente significa uma coisa...

- O quê? - pergunto, já intrigada.

- Que quem teve você ao lado não soube aproveitar.

Eu tusso, surpresa, e desvio o olhar. Entendi bem o que ele quis dizer, mas fico sem palavras.

-E quantos anos você tem? - Ele muda de assunto.

- Tenho 24, e você?

- Trinta. Conheço seu pai, mas não sabia que você era filha dele.

- Conhece meu pai? - Agora estou realmente intrigada.

- Sim, nossos pais têm negócios em comum.

A conversa segue, e aos poucos me sinto mais à vontade ao lado de Theo, embora eu continue desconfiada.

- Me fale mais sobre você, Larissa - ele pede, olhando diretamente para mim.

Eu hesito, mas acabo respondendo:

- Sou a filha que

dizem

dar orgulho, mas tenho minhas dúvidas. Casei uma vez, mas isso é uma longa história. E por favor, não me pergunte sobre o passado.

Ele me olha com curiosidade, e por um instante me sinto exposta, mas segura.

- Isso explica por que você recusa Bruno? - Theo pergunta, inclinando-se mais perto.

- Ele é um idiota, e não é só por isso que o dispenso.

- E qual é o verdadeiro motivo? - ele continua, sua curiosidade aguçada.

Eu sinto o calor subir pelo meu corpo. Suas perguntas são perigosamente cativantes. As lembranças de meu casamento voltam à tona, e tudo o que posso pensar é em como eu estava presa, como um troféu em uma estante, até o dia em que decidi fugir.

A Prostituta Indomável.Onde histórias criam vida. Descubra agora