Nossos nó(s)

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Sorri, pra mim
Não deixa o sol se pôr
Aqui estou querendo parar o tempo


           

Estamos de braços dados, caminhando. Todos estão olhando para nós dois, eu sei o quanto isso ficará para sempre em nossas memórias. E mesmo que veja a mulher em que ela se tornou ainda vejo a garotinha que corria para mim ao fim do dia, que ficava em meus ombros tentando alcançar as nuvens, tocar as estrelas.

            Quando ela se vira, posso ver em seus lábios a felicidade estampada. Seus olhos brilhando pelas lágrimas que ela segura. Está tão bonita, com os cabelos presos e flores coloridas. Sinto sua mão apertar meu braço, sinto o quanto não quer que nada dê errado. Eu a seguro, a conduzo e por fim a entrego.

            Beijo sua testa.

            Por um momento vou voltando no tempo. Vejo ela indo trabalhar comigo, vejo ela se formando em Hogwarts, vejo ela em fotos do baile de inverno, vejo seu primeiro dia na plataforma, vejo sua primeira vez na escola trouxa, seu primeiro passo, o jeito que dormia em meus braços. Vejo ela em meus braços logo após dizer oi ao mundo.

            Uma longa vida. Passamos por tanto momentos, crescemos. Ela como filha. Eu como pai. Mal consigo escutar as palavras que são ditas ao longo da cerimônia. Mal consigo perceber quando estamos caminhando para a festa. Hermione me guia entre toda a multidão, ela sorri satisfeita.

            ― Como ela está feliz. – Sua voz me faz voltar para o agora. Deixar para trás todos os outros momentos em que Rose também estava feliz. – Lembro do nosso casamento. Meu pai chorou tanto, perguntou se eu queria desistir.

            ― Perguntou? – Ela nunca tinha me dito isso.

            ― Sim, não é fácil para nenhum pai deixar sua filhinha seguir a vida. – Ela segura meu braço, se encosta em mim. – Mas é preciso.

            ― Eu não disse para ela desistir. – Falei indignado.

            ― Eu sei, você gosta de Scorpius, mesmo fingindo que não. – Ela ri.

            ― Não gosto não...

            Somos interrompidos por nossa filha. Ela corre até mim. Me abraça.

            ― Obrigada. – Sua voz está banhada de emoção. – Eu te amo papai.

            Quando ela se afasta, seu marido também nos abraça. Agradece. Parece muito mais emocionado que ela. Quase enxergo lágrimas muito bem controladas, mas o vermelho nos olhos revelam a verdade. Hermione está certa. Eu gosto daquele garoto, não importa qual seja o sobrenome dele. Porque ele me faz enxergar toda a felicidade que Rose por tanto tempo não conseguia expressar.

            Enquanto se afastam volto a vislumbrar aquela menininha com cabelos armados feito a mãe, ruivos como os meus. Uma sabe-tudo esfomeada. Única em cada uma de suas características.

            ― Nossa família está crescendo. – Hermione sorri.

            ― Nossos nós cada vez maiores, apertados, indestrutíveis. – Seguro sua cintura e a beijo.

            E coloco em minha cabeça que não estamos perdendo, mas ganhando. Ganhando novas lembranças. Boas. Bonitas. Consteladas entre rosas e estrelas.

            E tudo está bem.

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