Eu ainda estou aqui
Perdido em mil versões irreais de mim
Estamos sentados na traseira de um carro trouxa que alugamos apenas para isso. Acho que chamam de caminhonete. Eu vejo o brilho nos olhos deles e também sinto uma euforia bem dentro de mim, vibrando por todos os meus poros. Ela por outro lado, parece que está se divertindo com nossas expectativas, como se vivesse isso sempre.
Nós ajeitamos cobertores na traseira, almofadas. Me deixo sentar ao meio, ela ao meu lado encostando a cabeça em meus ombros. Rose do outro lado sendo abraçada por mim, Hugo ao lado dela comendo bolinhas brancas que chamam de pipocas. Não entendo o sentido do nome, mas sei que gosto de comer assim como meu filho mais novo.
O sol começa a se despedir do céu tingindo tudo de laranja e rosa. É bonito de assistir. Ficamos aproveitando o momento. Quando já está escuro o suficiente a tela se acende, revelando um filme. Pelo que ela explicou, um filme infantil.
Rose ri animada assim como Hugo. E mais do que os dois eu dou gargalhadas, na maior parte do tempo. Quando o menino chama a ave de Kevin, quando o cachorro diz inesperadamente a palavra esquilo, tudo é bonito e engraçado. Tudo menos o começo.
No começo meus filhos me olham preocupados enquanto ela sorri para mim.
― É só um filme Rony. – Sua voz é suave, tem um fundo de compaixão. Eu sei que é um filme, mas quando aquela senhora não consegue engravidar choro. Quando eles gastam o dinheiro da viagem choro. E quando ela morre choro mais ainda.
— Tem certeza que isso é para crianças?- Pergunto enxugando minhas lágrimas.
Ela finalmente solta a risada que prendia.
― Quem diria... – Hermione toca em meu rosto. - Você trocou a colher pela xícara inteira.
Não entendo o que ela quer dizer. Hugo e Rose começam a rir do garotinho que bate na porta do senhor.
― Quantas versões de você serão capazes de me fazer te amar? – Ela pergunta.
— Espero que todas. – Dou um beijo em minha esposa, abraço minha filha mais forte e volto a prestar atenção no filme.
O filme que me fez rir e chorar. E pensar em toda nossa vida. Na minha. Na dela. Na que estamos construindo todos os dias.
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Estou aqui por trás de todo o caos
Em que a vida se fez
Ela está horrível. Naquele vestido azul que caiu tão bem, naquele salto que nunca a vi usar, com aquele cabelo liso que nunca mostrou para mim. Está fazendo tudo errado pela primeira vez na vida, ao dançar com ele e sorrir pra ele, interesseira, é isso o que ela é, e tenho certeza que essas palavras maldosas que ouvi na noite de hoje de diversas outras garotas são verdadeiras. Estou prestando atenção somente nela e acho que meu par de baile está cansando. Só escuto ela bufar, ou bater seus pés nos meus acidentalmente, como que para chamar a atenção já que só tenho olhos para Hermione Exuberante Granger. É quando ela se senta a mesa conosco. Abana a mão em seu rosto como que para confirmar que estava com calor, calor por dançar com Krum, calor por estar com ele. Ufg tenho vontade de vomitar. Só que o que faço é jogar na cara dela que está confraternizando com o inimigo. Porque de fato ela está, ele é inimigo de Harry e Hermione é amiga de Harry, me admira ela ser tão inteligente e não perceber isso. Que Krum a convidou por puro interesse em saber as estratégias de Harry. Estou tentando explicar isso para ela. Mas ela só grita comigo. Falou algo sobre biblioteca. Meu estômago embrulha. Ele estava indo pra biblioteca para tentar convidá-la para o baile. Ufg! Imagino eles juntando as mãos e encostando seus rostos e ela lhe explicando alguma coisa difícil ou só ensinando ele a falar seu nome. Ufg! Estou enjoando com essa imagem perturbadora em minha cabeça. Jogo mais verdades na cara dela e quase vejo-a chorar. Sua voz tá tão aguda. Quando o chamo de Vitinho é a hora d’água para ela sair de perto da gente.

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Somos Nó(s)
FanfictionSe uma pessoa é formada de momentos, o que poderíamos falar de uma família? Todos os detalhes da vida da família Granger/Weasley será apresentada em várias linhas temporais, narradas em primeira pessoa pelos membros dessa família. Mostrando momentos...