Música do capítulo: Don’t look back in anger- Columbia
Vancouver- 2 de agosto de 2020, 11:00 a.m
Depois de sair desesperada e com muita pressa da casa do Noah, cá estou eu rodando essa cidade inteira em busca de um emprego. O dinheiro que tenho guardado da época antes do reformatório só é suficiente para pagar a minha fiança e para me sustentar por no máximo um mês, eu preciso de uma renda fixa para conseguir me manter e sair daquela casa.
Já rodei a cidade toda, como não tenho um currículo e sou uma ex-presidiária, falei em todos os estabelecimentos que eu nunca havia trabalhado- o que é meio verdade. Estou andando faz umas 7 horas, daqui a pouco vai anoitecer, o Noah já deve ter voltado da faculdade e eu não quero vê-lo. Em outras palavras, estou ferrada com farofa.
Quando estou quase desistindo e dando meia volta, vejo um papel colado numa lanchonete chamada Burgostoso (os nomes de Los Angeles eram bem mais normais) que diz “Precisamos de funcionários para o caixa, dispensa-se experiência”. É a minha (única) chance. Entro e falo com uma moça ruiva que está no caixa.
-Oi, boa noite, vi que estão contratando, eu tenho interesse.
-Boa noite, estamos sim, como você se chama?- Dito isso Sadie, a moça que estava no caixa, me fez muitas perguntas e disse que estou contratada e começo amanhã ás sete da manhã.
No caminho de volta para casa, quase dou pulos de alegria. O emprego fica perto do apartamento (embora eu pretenda sair de lá o quanto antes), o salário é ótimo e a Sadie é super simpática.
Ao chegar em casa, encontro o dono da mesma com os cabelos bagunçados e uma cara terrível.
-Any, você enlouqueceu? Como pode sumir por tanto tempo assim?Eu já estava quase chamando a polícia, você tem noção do quão perigosa essa cidade é de noite? Você só pode ter pirado.- Diz enquanto me segura e me sacode como se quisesse me acordar para a realidade.
-Eu fui procurar um emprego para sair logo daqui e te deixar em paz, seu imbecil.- Digo ao me desvencilhar de seus braços fortes.
-Sair daqui? O que? Por que? Olha, sobre o que aconteceu mais cedo, eu quero me desculpar, eu fui rude contigo e…
-Não precisa se desculpar, eu fui tentar ajudar e atrapalhei, relaxa, estou acostumada com isso.-Interrompo-o e ele se aproxima um pouco mais enquanto acaricia meus cachos.
-Any…Um dia eu te explico porque agi daquele jeito, agora tudo o que peço é que aceite as minhas desculpas.
-Tudo bem.
Ele me abraça e eu aspiro o doce cheiro de seu perfume, certeza que é Malbec. Então ele olha no fundo dos meus olhos e se aproxima um pouco mais, deixando espaço apenas para que o ar possa circular entre nós- embora o meu já tenha se esvaído.
-Eu…vou tomar um banho, amanhã começo a trabalhar.- Corto o clima, isso não pode acontecer.
-T-tudo bem, vou fazer o jantar.
Vancouver- 3 de agosto de 2020, 18:10 p.m
Acabo de chegar em casa depois do meu primeiro dia de trabalho, foi muito cansativo, mas igualmente prazeroso, para a minha sorte, todos os clientes foram muito simpáticos, e pareceram gostar do meu trabalho, me deram muitas gorjetas. Ao entrar em casa, não vejo Noah na sala e percebo que há uma música não tão alta vindo da direção de seu quarto. Embora ele tenha me pedido para ficar longe de seus aposentos, não consigo evitar e acabo me aproximando. A porta está entre aberta e ele provavelmente está no closet.-And so Sally can wait, she know it’s too late, as we’re walking by, her soul slides away…-Ele está cantando de um jeito fofo e desafinado, de onde estou posso ouvir sua voz, mas não posso vê-lo. Conheço a música, é do Oasis, só que em outra versão.
-But don’t look back in anger! I heard you say.- Cantarolo para que ele possa ouvir.
-Any? Você chegou.- Ele sai do closet e vejo que está de toalha.
-Cheguei, sim. Don’t look back in anger, vejo que tem bom gosto musical.
-Isso porque você ainda não viu meu gingado.- Então ele começa a dançar desajeitadamente no ritmo da música e eu começo a rir.
E a toalha cai.
Meu Deus.
Oh meu Deus.
Eu. Não. Estava. Preparada.
-Uau. Que enorme!- Deixo escapar (como se não tivesse visto outro dia quando ele saia do banho).
-Er…Me d-desculpe, eu vou me vestir. -Diz. Meu Deus, como ele é fofo quando fica tímido.
-Se vestir para que? Podemos aproveitar que você está animadinho e nos divertir um pouco.- Digo enquanto diminuo a distância entre nós até ela ficar inexistente.
-Any, eu juro que queria. Eu te desejo, ok? E muito. Só que eu me importo com você. Depois de tudo o que você passou, está fragilizada e eu não tenho o direito de te usar para me satisfazer.
-Noah, está tudo bem. Eu sofri psicologicamente, sim, no meu antigo relacionamento, mas nunca fui abusada sexualmente, graças a Deus, não tenho traumas em relação a isso. Só tenho desejo. Assim como você.-Cada mentira que conto é como uma facada.
-Não me parece certo.
-As melhores coisas não são.
Então, um silêncio ensurdecedor se instala entre nós, e eu decido quebrar o gelo.
-Olha só, se você não quer me ferir emocionalmente, nós podemos fingir apenas em nome do prazer. Fingimos que é algo além de desejo, fingimos que há paixão, fingimos que nos gostamos de verdade. E então, quando nos satisfazermos, voltamos á realidade e deixamos tudo o que acontecer para trás.
-Eu…eu não sei, Any.
1 mês depois.
30 dias se passaram depois daquela cena um tanto peculiar com o Noah. Ele não aceitou minha proposta de fingir sobre tudo, mas também não consegue esconder que o desejo que eu sinto é recíproco. Então, eu venho o provocando até ele ceder, afinal, esconder o que sente não vai leva-lo a nada, e o que pode dar errado com umas horas de prazer e fingimento?!
Acabo de chegar do trabalho e ele está correndo para a cozinha-de toalha, de novo.
-Noah?- Pergunto.
-Ah, oi, me ajuda, estou tentando assar uma pizza, pensei que estivesse queimando, mas pelo contrário, não fica no ponto de jeito nenhum.
-Deixe -me ver. Ah, claro. É porque o forno está na potência errada. Precisa ficar a 280 graus, e não 180.
-Agora tudo faz sentido.
-Você realmente é um péssimo cozinheiro.- E nós rimos. Chego um pouco mais perto.
-Então, falando em coisas quentes, eu estou pegando fogo.
-Any…
-Nega, Noah. Nega que me deseja, nega que me quer. Nega e eu te deixo em paz, paro de te provocar.
-Eu…- Ele não termina a frase e eu entendo a resposta.
-Viu, você não consegue. Você me quer e eu te quero. Que mal há nisso? Vamos fingir, atuar, nos satisfazer. Ninguém sairá ferido.
-Eu topo.
E ele chega bem mais perto, tão perto que posso sentir seu membro rígido.
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Até amanhã, bjs❤
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Refúgio- Noany
Fanfiction[EM HIATUS] Mulheres, na verdade meninas, têm muitos sonhos, querem ser bem sucedidas, ter um emprego legal, algumas querem pegar todo mundo, outras querem se casar, umas querem ir morar do outro lado do mundo ou cursar a faculdade no outro hemisfér...