Yan An

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"Kino" queria mesmo que a queda tivesse sido o último risco de morte do dia, mas quando voltou a superfície não viu nada além de azul para todos os lados. Estava no meio do oceano e nadar não o levaria para lugar nenhum. Mas o seu azar também era a sua maior sorte! Estava no corpo de Kang Hyunggu, o poder de seu dongsaeng o tiraria dali com certeza.

Então o agora de cabelos azuis fechou os olhos, mentalizou o armazém, seu quarto, a sua cama quentinha contrária aquela água gelada. Se imaginou em pé naquele cômodo confortável mesmo que fedesse a chulé de Yeo Changgu, mentalizou com todas as forças, chegou até a pedir em voz alta.

Porém nada aconteceu, por mais que tenha ficado tanto tempo que suas pernas cansaram de nadar, nada aconteceu. Ele não sentia a presença de Hui em lugar nenhum. O medo da morte era iminente, a solução seria nadar para qualquer direção na esperança de encontrar algo que o resgatasse.

Horas e horas nadando e ele só encontrava água, algumas movimentações estranhas abaixo dele, que ele realmente se esforçava para não pensar nelas e se convencer que eram coisas da sua cabeça que estava a muito tempo embaixo do sol. Com calor e sede, a água no qual estava abandonado era salgada, deveria estar desidratado e bronzeado. "Eu não posso morrer aqui, eu não posso morrer aqui!" sua mente fazia o favor de repetir.

Tinha ciência de que se o corpo perecesse, ele apenas voltaria pro seu original, Kino seria quem pagaria o preço de uma gripe inoportuna. Ele não poderia deixar Hyunngu morrer por sua culpa. Se esforçou além dos seus limites nadando braçadas esforçadas, sendo sugado às vezes para dentro da água em seus momentos de fraqueza mas o risco de afogamento o fazia voltar a resistir. Continuou assim até que sua mente só pensava em descanso, descanso... casa... o carinho da mulher que o carregava quando ainda era um bebê, os meninos, como ele estava sentindo falta deles.

Casa.

E por um momento apagou.

[ . . . ]

Teto, chão, paredes, lençóis tudo era branco quando seus olhos abriram.

Não tinha janela naquele cubículo e tudo parecia até um pesadelo de tão familiar. Ainda estava se sentindo do mesmo jeito que estava quando estava na água. Como poderia estar com a boca tão seca sendo que estava literalmente na água!? Aliás... ele ainda estava molhado! Aquilo de certo não foi sonho e se não foi sonho então significa que não acabou! Se sentou com dificuldade naquela cama dura e olhou para os lados, reconheceu o que parecia ser seu antigo quarto.
Ele estava de volta na Cube? Mas porque diabos ele teria se puxado de volta para aquele inferno?! Tossiu um pouco com a garganta seca. Precisava sair dali.

Se esforçou para mover as pernas para colocar os pés no chão, as duas mãos tentando aquecer os braços por cima do pijama molhado, a garganta ardendo de sede, a cabeça rodando de fraqueza. Como ele faria para sair dali sozinho? Agora sim ele estava ferrado.

O que não sentia antes de Hui, ele com certeza sabe que não sentiria agora. Como os meninos o ajudariam mesmo se descobrissem que ele estava aqui?
Estava perdido. Acabou. Por culpa dele agora seria o fim do Kino.
Caiu sentado no chão se sentindo doente e a porta do quarto abriu o fazendo levantar os olhos assustados para lá, se arrastando para a parede o mais rápido que conseguiu, tentando com todas as energias que o restava se teleportar para longe dali.

Kino.
Foi Kino quem abriu a porta. Na cabeça do Yan An esse com certeza era o sonho mais real que ele já teve na vida dele e ele estava cansado dele! Como fazia para acordar?!

Começou a dar golpes contra a própria cabeça com os punhos fechados em sinal de desespero, apavorado demais para gritar mas ainda grunhindo de pavor e antes que pudesse ter outra reação, a figura na sua frente avançou contra seu pescoço o segurando com as duas mãos, apertando ferozmente, sem expressão alguma no rosto. Sentiu uma onda de angústia e começou a debater as pernas tentando tirar aquele corpo de cima do seu, aquilo absolutamente não era o seu dongsaeng! O chutou entre as pernas o fazendo arregalar os olhos e se desestabilizar, o empurrou e chutou para que caísse para trás, tendo que fazer uma força absurda. Partiu para cima dele com o máximo de agilidade que conseguiu ficando por cima e agora passando ele mesmo a sufocar o que ele mal conseguia entender o que era.

GORILLA - PentagonOnde histórias criam vida. Descubra agora