Capitulo 18 ( part 1 )

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Eu estava dentro do vale com o garanhão preto do estábulo da minha avó, Rosana estava me ensinando ja que Margareth achava a cavalgada um habito extremamente britânico, e segundo ela todas as mulheres de nossa família tinham sido exímias amazonas.

Até o momento o mais difícil era subir no cavalo, embora a governanta_ que vinha logo ao lado montada em sua égua marrom_estivese sempre me mandando corrigir minha postura. Ao menos o cavalo negro era calmo e não tinha me derrubado nos últimos cinco dias em que havia montado. E eu gostava de cavalgar no vale, era um lugar bonito e leve, que mais para o norte se conectava a uma floresta, e mais para o sul aos campos. Se seguissemos pela trilha da propriedade chegariamos a um pequeno riacho e uma ponte, que daria na outra propriedade, mas eu não tinha permissão para chegar tão perto ou ultrapassar a última fileira de árvores de modo a ficar visível, minha avó deixou claro que saberia se eu o fizesse, e minha avó era uma bruxa então.... cavalgavamos pelo vale em uma trilha alternativa em direção aos campos, que faziam parte da familia, sempre após o café e voltavamos antes do almoço, depois deste eu ficava na biblioteca ou no quarto e tentava ficar o mais invisível possível, vinha funcionando. Mais fazia tempos que eu não falava direito com alguem ou via alguem além da minha Avó e da preceptora, que graças a merlin, vinha fazendo apenas pouco mais que me ensinar a galopar, reprovar minhas roupas e me chamar de malcriada vez ou outra. As coisas ficavam consideravelmente mais suportáveis sem a presença de Edgar, mesmo que a casa ainda parecesse prestes a me sufocar ou que as refeições ainda me fizessem perder a fome.

Tinhamos um elfo, eu sabia disso, mais nunca o vi, nem tive coragem para perguntar sobre ele. O equilíbrio da casa era tão frágil comigo que um passo em falso lançava todo e qualquer esforço meu para o inferno.

Só via minha avó nas refeições, quando ela ia a biblioteca Rosana me dizia "cortezmente" que eu não era desejada lá e deveria subir para o meu quarto. Eu tambem não tinha permissão de retirar livros da biblioteca, Rosana dizia, e minha avó nunca discordava de Rosana. Então eu não tinha com o que me distrar, o tédio e frustração era tanto que eu passava grande parte do tempo dormindo, na tentativa de o tempo passar mais rapido.

Tambem não podia ficar muito tempo ao ar livre, seja no bosque ou na varanda terrea da casa. Uma hora por dia, com a governanta em meus calcanhares. Nem preciso dizer que a situação era mais que desconfortavel com a mulher me olhando com raiva durante todos os 60 minutos antes de poder se retirar. Então eu ficava no quarto e aproveitava as horas de cavalgada, que eram exceções a regra muito bem vindas.

— Endireite a coluna garota. — ralhou Rosana e eu voltei a realidade ficando dolorosamente ereta, não pela primeira vez no dia.

— Sim, senhora. — falei.

Depois do almoço fui informada que havia correspondências para mim, fui ansiosa para o quarto, claro que as correspondências ja estavam abertas, suprimi minha irritação e respirei fundo pegando uma a uma e lendo. Eram o unico prazer verdadeiro que eu vinha tendo, fora as manhãs ao sol.

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Para: Amélia Blackwood

    Oi, Amy. Eu estou bem, meu pai e eu acabamos de chegar de um campeonato na espanha, a academia ganhou e estamos bem felizes. As BMDO ainda estão te chateando? Você sempre pode aparecer por aqui para esfriar a cabeça, não ficar muito longe não é?

Melhoras amiga.

Dê sua amiga

Jade Walker
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Peguei papel e pena e escrevi para ela depois de rir do BMDO, nossa sigla para Bruxas Más do Oeste, uma referência trouxa que os Bruxos em grande maioria não conhecem.

A próxima casa foi a da Aurora, esta contava sobre as ferias dela e os seus livros novos, alem de algumas coisas.

Tambem respondi a de Regulos e de Edith após essa, mais a última fui uma surpresa, meu coração foi parar na garganta. Depois de duas semanas sem resposta Severo havia escrito.

Sentei rapidamente e li voraz.

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Para Amélia Blackwood

  Olá.
Estou bem de saúde, espero que você tambem.
Não pare de estudar.

De

S.Snape
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M

urchei de frustração, poxa. Só isso? Quis espernear que nem uma garotinha, mais pensei que eu provavelmente cairia da cadeira se o fizesse.

As vezes eu tinha vontade de atirar-lhe pedras para ver se ele me notava de vez. Mas isso não funcionaria. Respirei fundo, eu sabia reconhecer um progresso, e estava feliz por ele ter respondia, mas eu estava tão a flor da pele depois de dias nessa casa que  qualquer coisa era motivo de irritação, e isso era outra coisa que me irritava, eu não era assim. Mas eu me sentia um pobre vela apagada naquela lugar.

Dois dias depois eu ja nao conseguia  dormir, e comecei a tomar poções pro sono para simplesmente apagar de vez na cama.

No jantar da noite seguinte recebi uma noticia da minha avó.

— Seu tio vai voltar amanhã com a noiva — Noiva? — é de boa familia e vai ficar aqui três dias. Vai dormir no seu quarto.

E onde eu vou dormir? Mordi a lingua pra não perguntar. 

— Vou te dar dinheiro para você ficar em alguma pensão esses dias, voce sai pela manhã antes das seis e só volta sabado. — ao terminar seu comunicado apenas voltou a comer com se acabasse de me pedir para passar o sal envez de passar quatro dias em algum lugar.

Essa mulher é doida.

Mas então eu pensei. Vou sair daqui!. E fiquei ansiosa, poucas coisas podiam parecer mais atraentes.

Na manha seguinte la estava eu em Londres, depois de escrever outra carta para Jade avisando que eu estava indo para Londres. A distância era curta e eu sabia que a coruja chegaria antes de mim, e assim foi. Ela e o pai me esperavam na estação, e lá estava eu com meu vestido florido e cabelo bagunçado pelo vento. Sentia-me como se tivessem tirado um peso gigantesco das costas, mesmo que temporariamente.

Corremos uma para a outra e nos abraçamos, nunca tinha ficado tão feliz em vê-la. O pai dela nos comprou grandes pirulitos no caminho até o carro, ela e eu fomos conversando, eu estava eufórica e consequentemente muito tagarela, de forma que jade teve de se esforçar para entender algumas palavras em meio a minha animação.

Mais ela tinha que entender, aquele era o melhor dia em tempos.

Continua....

 ℳℯ𝓊 𝒫𝓇𝒾𝓃𝒸𝒾𝓅ℯ ℐ𝓂𝓅ℯ𝓇𝒻ℯ𝒾𝓉ℴ.- 𝐒𝐞𝐯𝐞𝐫𝐨 𝐒𝐧𝐚𝐩𝐞Onde histórias criam vida. Descubra agora