Roleta do amor

Capítulo 38

Hoje é sábado e como sempre vamos a igreja assistir as orações. Eu nunca fui uma pessoa religiosa, sempre achei a vida inteira que Deus tinha esquecido de mim. Mas depois que fui para o abrigo, a Dona Marcia sempre fazia orações. Comecei a pegar gosto e comecei a frequentar. Desde então passei ir à igreja, para me ajudar com os problemas interiores. Não sei explicar, mas eu tinha melhorado bastante eu sentia uma paz lá.

Eu sempre levava o Vitor e deixava ele na escolinha. Ele adorava, porque era repleto de crianças e tinha brincadeiras e lanches. Lanches então... meu filho ama comer.

Sentei-me no banco da igreja e logo foi dada a pregação do dia: "e ele converterá o coração dos pais, aos filhos e coração dos filhos ao pai" Malaquias 4.6. Quando ouvi aquela palavra, o meu coração gelou. Como assim, o que aquilo significava? Aquelas palavras entraram no meu coração e na minha mente. Não consegui prestar atenção mais no culto. Estava muito nervosa. Depois que terminou tudo, resolvi procurar o pastor.

- Pastor Carlos, o senhor tem um minuto?

- Sim minha filha, sente-se. E ele apontou o banco da igreja. No que posso te ajudar?

- Pastor Carlos estou vivendo um dilema. O pai do meu filho que me fez muito mal no passado, reapareceu e quer conhecer o filho. Eu não quero deixar, por que eu não acho ele uma boa pessoa para o meu filho sabe? Ele é irresponsável e fanfarrão. Ele disse que se eu não aceitar, vai entrar na justiça. O que eu devo fazer?

- Hum... acho que você já tem a reposta né? Creio que ficou mexida com a pregação de hoje. Bom Ana, é complicado eu opinar porque não conheço o pai do seu filho. Mas acredito que todo ser humano, merece uma nova chance. E outra pelo que me lembro você também não conheceu seu pai, certo?

- Sim.

- Você não queria ter conhecido ele? Ele te fez falta na infância?

- Sim

- E se você, soubesse que sua mãe tinha escondido  a identidade do seu pai? Como você se sentiria?

- Ah, eu não sei...Talvez ficasse chateada. Mas as vezes as mães fazem o que fazem, para proteger os seus filhos.

- Olha Ana, ter um pai presente é muito importante para qualquer criança. Independentemente do que aconteceu com vocês dois, não pode deixar refletir isso na vida do seu filho. Você não pode privar o seu filho de ter contato com o pai. Imagina se você faz isso e no futuro ele descobre que você sabia onde estava o pai dele e não contou. Pode ser que ele fique chateado com você.

- Mas ele é uma pessoa muito imatura. Gosta de farra, mulheres e tenho medo do meu filho se aproximar de uma pessoa assim.

- Você se lembra da pregação? Vai que seu filho converte o coração dele. Pense bem. Não deixe no futuro, o seu filho te condenar, por você nunca ter dado a ele a oportunidade de conhecer o pai.

Saí dali, com aquelas palavras martelando na minha cabeça. Eu não poderia deixar o meu filho me odiar. É verdade que eu não estava convencida de deixar aquele homem entrar nas nossas vidas. Mas acho que estava na hora de ter uma conversa muito séria com meu filho. Voltei para casa, preparei o jantar e jantamos juntos. Estava um pouco com o estomago embrulhado, estava nervosa e não sabia iniciar a conversa com ele. Na verdade eu estava relutante em ter esta conversa.

- Filho vem cá. A mamãe quer conversar com você. E eu coloquei ele sentado no meu colo.

- Eu fiz alguma coisa mamãe?

- Não por que acha isso?

- Porque você sempre fala isso, quando você vai me colocar de castigo.

- Não filho, desta vez você não fez nada.