Capítulo 37

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Já tinha se passado o prazo que o Théo tinha me dado com relação a decisão de conhecer o Vitor. Não achava justo ele querer participar da vida do meu filho, então não cumpri o acordo e simplesmente abominei a existência deste fantasma que veio me assombrar. Pedi no trabalho para me trocarem de turno esta semana, só para garantir que não ia mais encontrar com ele. Até o momento tem dado certo e tão pouco ele me procurou. Creio que a nossa última conversa tenha sido fogo de palha. Eu acho que o Théo nunca levaria jeito para ser pai. Ele só pensava em si mesmo e sempre foi muito irresponsável. Não queria o meu filho perto dele, acho que ele não seria uma boa influência para ele.

Enquanto lavava a louça ia passando estes pensamentos na minha cabeça até que ouço som de batidas na porta. Abro uma frestinha para ver quem era e me surpreendo com a visão. Vejo dois pares de olhos azuis enraivecidos me olhando. 

- O que está fazendo aqui? Eu não permito que você entre na minha casa.

Tento fechar a porta o mais rápido possível, mas infelizmente foi em vão. Ele empurra a porta com força e entra como um foguete dentro da minha casa.

-  Como descobriu onde eu moro? Você não tinha nada que ter vindo aqui!

- Eu disse que ia colocar um detetive atrás de você e aqui estou! Precisamos conversar.

-  Jurei para mim mesma que nunca mais ia te procurar...não temos mais nada para conversar!

- Isso eu já sei.

- E por que você voltou senão há nada entre nós?

- Claro que há. Não há amor e boas recordações...mas há uma coisa mais importante que isso. há um filho.

- Você não tem nada a ver com ele.

- Você tá louca é. Acha que vai impedir minha paternidade está muito enganada. Fez muito mal em esconder o meu filho. Então ele agarra o meu braço com muita força.

- Não me encosta! Senão eu grito! Eu não escondi nada de você. Como eu ia contar algo par alguém que desapareceu há anos e agora volta com a cara mais lavada, querendo participar da vida do meu filho. E se eu contasse que estava grávida com certeza você não acreditaria mesmo. Com certeza ia pensar que eu estava tentando aplicar o golpe do baú em você.

 Ele sai nervoso e passa a mão no cabelo.

- Você desapareceu! 

- Claro! Você nunca quis saber de mim. 

- E você queria o que? Que meu filho não tivesse pai?

- Ele não sente falta de nada disso! Porque ele tem de tudo. E principalmente o amor da mãe dele, que sou eu. Isso já basta.

- Ele precisa de um pai e isso ele tem. Eu posso dar uma vida confortável para ele.

- Pai, ele não precisa de pai nenhum. Você não tem que se meter entre mim e meu filho. Eu nunca te pedi nada, não preciso do seu dinheiro. E não quero nada que venha de você.

- Não? Não era o que você queria?

- Você vem aqui, para me ofender na minha casa. Eu sempre disse a você que nunca quis o seu dinheiro. Não quis e nem quero. Não quero nada seu.

- Eu vim porque tenho direito.

- Que direito?

- De tomar conta do meu filho. É a minha responsabilidade.

- Responsabilidade? Você não tem responsabilidade nem para tomar conta de você mesmo, imagina de uma criança? Olha a sua vida! Vive sempre se metendo em confusão. Aparece em festas, bebe igual a um louco. Você acha mesmo que seria um exemplo para o meu filho?

- Eu posso não ser a melhor pessoa do mundo. Não sou perfeito,  mas eu tenho direito de participar da vida dele. Eu posso ajudar ele com o que ele precisar.

- Escuta aqui. Eu não quero sua ajuda e não vou aceitar nada de você.

- Quanto a isso não precisa se preocupar porque a minha ajuda não seria para você e sim para o meu filho.

- Saiba que o meu filho tem tudo o que ele precisa, porque eu trabalho e dou  duro para dar tudo o que posso para ele. Se essa é sua preocupação, pode ir tranquilo e esquece que ele existe tá bom?

- Como você pode achar que eu poderia fazer isso Ana? Você acha que eu sou capaz de abandonar uma criança que é sangue do meu sangue? Este menino é meu filho e não estou disposto abrir mão dele. Falando nisso, cadê ele? E ele entra pelo corredor que leva ao meu quarto atrás do Vitor e começa a abrir as portas.

- Cadê ele?

- Ele não está aqui, está na escola! - É melhor você me deixar em paz. E ele não é seu filho. Ele é MEU FILHO! SÓ MEU! AGORA SAI DAQUI.

- Não até conhecer o meu filho.

- Olha só!!! Não é assim que funciona. Um dia meu filho não tem pai e no outro dia, PUF o pai dele aparece lindo e maravilhoso. Ele é uma criança, precisa de tempo para entender as coisas.

- Escuta aqui garota! O que aconteceu com a gente no passado, fica no passado. Agora estou aqui e vou participar da vida do meu filho, você querendo ou não.

Acho que a vizinhança toda estava escutando nossa gritaria. A Andreia apareceu na porta e abriu para ver o que estava acontecendo.

- Ana está tudo bem aí?

- Sim este senhor já está de saída.

- Não estou não. Só saio daqui, quando ver o meu filho.

- Já disse que ele não é seu filho!!!

Respirei fundo e olhei para a Andreia procurando a paciência, que eu não tinha. Ela assentiu com a cabeça e quase que lendo os seus pensamentos, deu um grito para encerrar a discussão.

- Gente! Gente! Parem de brigar. Vocês dois brigando não vão resolver nada assim. Precisam se acalmar e esfriar a cabeça, para tomarem uma decisão certa. Pensem que vocês têm um filho juntos e quem pode sair mais machucado nesta história é o Vitor.

- Sim. Andreia você tem razão. MEU FILHO é o que importa. Diga a este senhor que ele não pode invadir a minha casa desse jeito.

- Bom não sei quem você é, mas diga a esta louca que ela não pode negar que eu tenha contato com o meu filho.

- Ana, te dou mais um dia para contar para ele sobre mim, ou senão eu mesmo volto aqui e conto tudo. E da próxima vez que eu voltar e não vou ser tão paciente como hoje. Da próxima vou trazer o meu advogado para resolver esta questão de vez.

- Sai daqui e empurro ele para fora do apartamento.

Vi o Théo desaparecer pela minha porta. Não acreditava que aquele homem que me destruiu no passado, ia me fez sofrer novamente. Estava morrendo de medo dele levar o meu filho embora. Estou a ponto de enlouquecer.

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