Capítulo 45

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Achei estranho que o Vitor estava quieto hoje. Não comeu direito e nem quis brincar. Fui até o quarto dele para ver o que estava acontecendo e ainda vi o Vitor deitado. Me aproximei da cama e ele estava dormindo. Coloquei a mão em sua testa e ele estava ardendo em febre. Seu rosto estava roxo. Entrei em desespero. – Vitor! Vitor! Fala com a mamãe! Vitor acorda!!! E ele continuava ali parado sem se mexer.

Sai correndo em direção a casa da Andreia, para pedir por socorro. Logo ela veio com o marido dela para me ajudar a levar o Vitor para a UPA mais próxima. Chegamos na UPA carregando o Vitor nos braços e eles começaram a fazer os primeiros atendimentos.

- Moça o que meu filho tem? Perguntei para a enfermeira.

- Calma senhora. Seu filho está sendo examinado pelo médico e tem que aguardar. Logo ele vem dar um parecer.

Comecei a chorar de nervoso e de preocupação. Nunca tinha visto o meu filho naquele estado. Estava andando de um lado para o outro, tensa com a falta de notícias do meu filho.

- Mãe do Vitor Alves!

- Sou eu.

- Então senhora, seu filho não tem nada grave, está com uma bronquiolite aguda. Ele precisa ficar no respirador devido à falta de oxigênio que teve. Infelizmente aqui não temos mais nenhum respirador sobrando, devido a super lotação e pouco temos pediatra. Precisa levar ele ao hospital.

-Mas como não tem este negócio aqui. Para onde eu vou com meu filho a esta hora?

- Senhora infelizmente não consigo te ajudar.

Eu, Andreia e seu marido, perambulamos pelos hospitais da região e nenhum deles podia fornecer atendimento adequado para o meu filho. Estava entrando em desespero, pois a febre do Vitor não baixava e ele não estava conseguindo respirar direito.

- Ai meu Deus me ajuda! Não tira o meu filho de mim. Ele é tudo que tenho nesta vida.

- Calma amiga, vamos dar um jeito. Acho que seria importante você ligar para o pai dele. Com certeza ele tem boas condições financeiras e vai poder ajudar.

- Não, vou resolver isto sozinha.

- Amiga, deixa o seu orgulho de lado e se importa com o seu filho.

Respirei fundo e peguei o meu telefone e disquei o número do Théo. Andreia tinha razão, o meu filho vinha em primeiro lugar.

- Alô!

- Oi Théo, preciso de sua ajuda! O Vitor está passando mal e não consegui nenhuma vaga no hospital. Por favor consegue me ajudar?

- O que? O que houve com ele?

- Depois te explico melhor. Mas será que você consegue ajudar?

- Claro, onde vocês estão? Vou buscá-los. 

- Não precisa, já estamos no meio do caminho. Para onde devemos ir? 

- Vocês conseguem vir para a Barra?

- Sim, conseguimos.

- Ok, vou te passar o endereço do hospital e te encontro lá.

Entramos no hospital que o Théo tinha nos falado e logo fomos atendidos. Eu estava acabada, vendo o meu filho sendo levado pelos médicos e sendo colocado naquele respirador. Quer ver uma mãe desesperada é quando o seu filho fica doente. Se eu pudesse trocaria de lugar com ele. A dor dele era a minha dor. Depois de um tempo o Théo chega no hospital todo esbaforido. Ele estava super bem vestido, provavelmente iria para alguma festa.

- Cadê o meu filho? Como ele está? Podia ver no semblante dele o ar de preocupação e de desespero.

- Está sendo medicado. O médico disse que ele vai ter que ficar internado na UTI, pois pela demora o estado dele agravou um pouquinho.

- E por que você não me ligou assim que passou mal?

- Porque eu não sabia o que ele tinha.

- Claro que você não sabia, você não é médica.

- Calma gente! Brigar agora não vai adiantar nada! Vocês têm que ficar unidos pelo Vitor. Disse a Andreia.

- Amiga, vou precisar ir, porque o Carlos tem que trabalhar. Me manda notícias.

- Claro obrigada por tudo!

Eu estava aérea, não estava raciocinando direito. Não sei nem como entrei na cantina do hospital. Eu e o Théo, não havíamos falado mais nada depois que saímos da sala de emergência e eu também nem pretendia falar mais nada. Pelo modo que eu estava não queria conversar. Acho que a ficha ainda não tinha caído, meu filho estava no hospital e eu estava arrasada. Para completar com alguém do meu passado que tanto me magoou e me fez sofrer.

- O que vai querer?

- Hã?

- O que vai querer comer?

- Acho que nada, não tô com fome.

Ele me olha desconfiado. – Tem certeza? Você precisa comer, tem que estar bem quando o Vitor sair do hospital.

- Por que você está fazendo isso?

- Fazendo o que? Respondeu ele seco.

- Isso de estar aqui.

- Assim como você estou preocupado com o meu filho.

- Que bom isso mostra que você tem um coração.

- Eu não entendo, porque você é sempre arredia.

- Por que será né? Olhei com cara de deboche.

- Bom você não pode um minuto dar uma trégua e pensar no nosso filho?

- Eu sei que você não acredita em mim, pelo que fiz com você no passado, mas desde que eu conheci o Vitor estou até gostando de ser pai. Eu amo meu filho.

- Hum sei!

- Tá vendo você não acredita em mim!

- Eu tenho motivos para isso.

- Eu sei que nós tivemos problemas no passado e não nos entendemos. Mas uma coisa que não podemos negar é que nós dois amamos nosso filho. Largamos tudo por ele. Você largou tudo por ele, eu larguei um compromisso para estar do lado dele. Se isso não é amor, eu não sei o que é.

- Tá vamos encerrar esta conversa e voltar para a sala de espera para ver se temos notícias.

Ficamos ali os dois sentados esperando notícias do Vitor. Já era bem tarde e o médico confirmou que o Vitor iria ficar internado até melhorar. Meu mundo desabou.

- Eu posso ficar com ele doutor?

- Infelizmente não senhora. Na unidade de tratamento intensivo que ele está, não pode ter acompanhante. Amanhã, a senhora pode voltar para visitá-lo. Se ele responder bem aos medicamentos, quem sabe já pode ir para o quarto.

- Meu Deus como vou deixar o meu bebê sozinho.

Chorei muito, porque nunca tinha passado uma situação dessas com o meu filho. Ele sempre foi um menino forte e saudável.

- Vem Ana, vamos não vai adiantar ficar aqui. O importante que ele está bem e está sendo bem cuidado.

Eu estava inconsolável, não parava de chorar. Não havia mais forças em mim. Para me consolar o Théo me deu um abraço demorado, mesmo sem querer eu retribuí e me permiti ser consolada por ele.

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