memórias : nada deve ser esquecido. Vol 1.

capitulo 8

Marcus

Fazia apenas alguns dias que eu estava me lembrando de algumas coisas, minha vida sempre foi uma confusão, por muito tempo eu não lembrava nem mesmo o meu nome, mas de repente memórias começaram a vir e não ia embora. Eu tinha 15 anos quando me lembrei por três dias meu nome, minha irmã jade tinha ficado tão Feliz! Depois que as memórias começaram há ficar mais tempo jade começou a me levar para todos os lugares que ela conhecia, incluindo o galpão enorme, no qual começamos a ir muitas vezes, quase todas as tardes estávamos lá, eu ainda ficava confuso às vezes, as memórias simplesmente sumiam do nada, jade estava lá em todos os momentos para me ajudar, um dia uma garota, Lilyan, entrou no galpão onde eu e jade costumava ficar. Eu me lembro de ter ficado encantado por ela. O cabelo dela era longo, preto, completamente liso e tinha uma franjinha, os olhos puxados, não era alta, mas chamava a atenção por aonde ia. Ela fez amizade conosco, ficou próxima muito rápido, eu e jade confiamos cegamente. Algumas semas depois pessoas invadiram o galpão onde estávamos não me lembro de muito que aconteceu, minha memória começou a falhar nesses dias. Me lembro de Lilyan brigando com jade, mas não sei direito o motivo. Me lembro de algumas pessoas enfiando agulhas em mim, são apenas flashes, até que tudo voltou novamente. Jade estava feliz por eu ter me lembrado. Não demorou muito para uns homens me levarem pra longe de jade. Me lembro de ver jade em desespero e tentar ir atrás de mim, mas os homens não permitiram. Me trancaram em uma sala escura, com apenas uma pequena janela que quase não dava luz nenhuma! Eu não estava sozinho, tinha um rapaz comigo na sala, Benjamin! Ele era divertido, sempre contava algumas piadas para me animar, embora ele mesmo não estivesse muito animado! Ele me contou sobre como ele tinha parado ali, como alguém da família tinha colocado ele ali? Família cruel!
Todos os dias algumas enfermeiras tiravam sangue de mim, me davam um liquido transparente que me permitia lembrar-se de mais coisas. A cada dia que passava mais coisas ficavam na minha cabeça, eu fiquei na companhia de Benjamin por dois anos inteiros. Ele me ensinou muitas coisas, ele foi de grande ajuda na minha vida, fui levado para um local que diziam ser “base dois” era um lugar grande e com mais pessoas. Eu sempre fiquei na esperança de que um dia eu veria jade novamente, mas eu nunca mais vi talvez ela tenha sido fruto da minha imaginação, não sei dizer, fiquei mais um ano preso ali!
  Desde que comecei a me lembrar de eu conhecei a sentir uma dor insuportável no braço, não sei dizer bem o que significava ou porque aquela dor insistia em aparecer. Cada vez que eu fechava os olhos eu via uma garota de cabelos cacheados e longos. Um tempo depois um rapaz alto e moreno, depois vi jade e depois Benjamin. Depois de um tempo comecei a ver todos eles juntos, eu não sei o que era aquilo ou quem era os dois primeiros que apareceram, embora em algumas conversa deles se referissem a eles como Emily e Francis, mas também poderiam ser frutos da minha imaginação.
Um senhor que sempre vinha me observar pedia pra eu contar tudo que eu via sobre os quatro, quando eu não conseguia ver nada os guardas me batiam ou me deixavam sem comida até que eu resolvesse contar, aquilo estava me deixando sem forças. Eu não sabia por quanto tempo iria aguentar. O senhor que escutava todas as visões que eu tinha estava nervoso aquela semana, pois em uma das visões a menina Emily se lembrou da sua missão e iria até ele, ele estava realmente muito furioso. No dia seguinte o local estava barulhento, alguns barulhos muito altos, fechei os olhos e tentei abafar o barulho, logo senti meu corpo todo arrepiar e ficar quente demais a cenas dos quatro conversando veio a minha cabeça, eles estavam ali em busca de um colar, logo a porta de abriu, um dos guardas me levou até um corredor, eu estava fraco, mal conseguia me manter de pé, o senhor me segurou pelo braço, quando finalmente consegui olhar pra ver o que estava acontecendo lá estava Benjamin e logo atrás a garota Emily, então as visões era mesmo reais? Benjamin não era fruto de minha imaginação? Jade realmente era minha irmã? Eu não estava ficando louco? De repente parece que todas as forças que eu havia perdido voltaram, mas o senhor já tinha me levado pra longe, eu não consegui nem me comunicar, eu precisava avisar a jade que eu estava vivo.
  Continuamos no mesmo local, porém me trocaram de sela, me colocaram em uma menos escura e menos fria, tinha uma menina sentada no canto da sela, parecia estar assustada, me aproximei dela.
- Ei, você está bem?- ela me olhou assustada e se encolheu mais – Não vou te machucar! – ela ainda me olhava assustada – Tudo bem, quando resolver conversar, estou aqui! - eu me afastei e fui pra longe, ela estava suja, talvez estivesse esquecida ali por muito tempo. Depois de uns minutos um guarda jogou um pão, peguei e o reparti , peguei a maior parte e levei para a garota que estendeu o braço na mesma hora e devorou o pão. A fome não era uma das coisas boas do mundo. O estômago doía e deixa a gente cada vez mais fraco. Antes de eu ser preso eu era bastante gordinho, agora com a falta de comida eu estava magro, mais alguns meses e já daria pra ver minhas costelas! A menina olhou pra mim buscando por mais, ela tem olhos claros e grandes, o azul do olho dela parecia o céu, mas os sentimentos que passavam eram de pura confusão e dor. Entreguei a minha metade de pão pra ela que começou a comer imediatamente, eu estava com fome, mas eu tinha comido há dois dias dava pra aguentar.
- Quem é você? – a menina perguntou, sua voz era baixa.
- Marcus e você?-eu disse e tentei olhar pra ela, mas ela estava em um lugar de pouca luz.
- Eu não me lembro!- ela se encolheu mais no canto – Quem é você?- ela perguntou, ah, ela não tinha a memória firme, iria ser complicado.
- Marcus, por que não senta perto de mim? – apontei para chão do meu lado, ela me olhou com duvidas, e começou a tentar se levantar logo ela parou.
- Quem está ai?-ela perguntou.
- Marcus!- ela se sentou de novo e ficou encolhida no canto, decidi não falar mais nada, logo as visões começaram a vir.
“– Ai pelo amor de Deus Emily, esta doendo - Benjamin estava gritando, o garoto francis segurava seu outro braço e Emily estava tentando tirar algo do braço dele.
- Se você não parar de se mexer a bala vai ficar ai dentro! – Emily disse, ela parecia já estar irritada, foi quando ela saiu de perto dele – consegui!- Benjamin gemia de dor do outro lado. Ela jogou a “bala” no chão e pegou um pano e passou em volta do braço de Benjamin, que estava suando feito um louco! Jade se aproximou de Emily e disse:
- Quando vamos voltar? Precisamos buscar Marcus!
- Amanhã, se tudo correr como esperado! e fim”.
Iriam vir atrás de mim, jade ainda estava na minha procura, eu não podia acreditar, a alegria veio pra mim naquele mesmo instante, meus olhos pesaram e eu dormi.
- Acorda, vamos, o chefe quer ver você!- o guarda entrou gritando na sala. Me levantei na mesma hora. O guarda me puxou pelo braço me levando em direção à sala do senhor que se fosse quem eu estava pensando seria killen, ele estava sentado na mesa com mais três pessoas, era normal pra mim, tinha um homem de pele clara, mas o que chamava atenção era seus olhos azuis, tinha uma moça com os cabelos avermelhados e um homem grande cujo seus traços me lembravam de muito o menino Francis, o guarda me sentou de frente pra eles, todos estavam atentos a mim, então killen começou.
- Creio que tenha tido suas visões, certo?- eu concordei com a cabeça
- Pois bem, comece a contar!- contei tudo que tinha visto ao três, mas escondi que planejavam vir de novo amanhã, me entregaram o copo com o liquido transparente.
- E..eu posso beber na minha sela? E que quando bebo eu fico tonto!- a enfermeira me olhou desconfiada, mas aprovou, quando eu estava saindo da sala o homem grande que parecia o Francis veio até mim e me parou.
- Como o Francis está? Ele está machucado?- eu fiz que não com a cabeça, será que ele era o pai de Francis?
- Até onde vi, ele está bem. - ele suspirou aliviado e saiu sem dizer nem mesmo obrigado, o guarda me levou para minha sela e me entregou o copo, entrei devagar na sela e fui para um canto o guarda me olhou até  eu parar quieto, logo fechou a porta, levantei correndo e  levei até  a menina , que estava assustada e encolhida no canto.
- Toma, beba isso!- ela me olhou assustada, mas pegou o copo e tomou, peguei o copo e voltei pro meu lugar, o guarda voltou para buscar o copo, eu me deitei no chão e fingi dormir, ele pegou o copo e saiu da sela – Ei menina, você está ai?- ela ergueu um pouco a cabeça, ela pós a mão na cabeça e tentou levantar cambaleando um pouco.
- O- oque é isso que está acontecendo comigo? Minha cabeça está doendo! – ela parou por um minuto e voltou para lugar dela devagar e se sentou, logo ouvi chorando - Por quanto tempo eu estou aqui?- ela disse com a voz de choro
- Não faço ideia!- ela chorou mais um tempo e ficou calada – Você se lembra de seu nome?
- Camile! Quem é você?
- Meu nome é Marcus! Hoje a noite, vão me dar desse liquido de novo e eu trago pra você, até lá se alguém vir finja que não se lembra de nada! -ela não falou nada, mas acho que ela entendeu. A ouvi fungando por um longo tempo, deve ser difícil se lembrar de assim, nem que seja pouco, era dolorido lembrar que você é alguém quando por muito tempo te trataram como um ninguém! Eu dormi um tempo depois.
   Acordei com o guarda entrando na sela e me puxando pra fora, eu vim cambaleando.
- Anda logo seu rato imundo!- o guarda gritou, e eu tentei me consertar na hora ou o destino séria belos chutes e eu não tinha nem onde estar machucado mais! Entramos na sala de killen que estava conversando com uma senhora na mesa , quando ele me viu, a mandou sair.
- Seja bem vindo!- eu apenas olhei para a cara dele- Bem, eu só quero tirar uma duvida certo?- concordei rápido com a cabeça- Você não tentaria roubar nada de mim não é mesmo?
-Na-não mesmo senhor!-eu disse na mesma hora.
- O meu cordão sumiu!- eu queria corrigir ele, era o cordão de EMILY – E eu o quero agora!
- Não está comigo, eu juro!- eu disse me apressando nas palavras e me afastando pra trás, ele veio em minha direção apontou o dedo no meu rosto.
- Se você estiver escondendo algo de mim, saiba você já está morto!- ele disse e saiu da sala, o guarda me levou para fora e me levou para a sela, me jogou lá dentro e veio em minha direção e começou a dar chutes na minha barriga, me fazendo vomitar, o que era um problema, por que não tinha nada no estômago! Então o guarda saiu da sala rindo alto, Camile veio correndo em minha direção.
- Você está bem? – perguntou me ajudando a sentar, o corte que estava na barriga no qual estava cicatrizando ,voltou a se abrir, me dando uma dor insuportável.
- Não se preocupe já me acostumei!- eu disse enquanto tossia um pouco - Acho que hoje não vão me dar do líquido, me desculpe!
- Tudo bem! Já é o suficiente!- respirei fundo e tentei me ajeitar na parede, ela olhou assustada pra minha barriga.
- Ei você está sangrando, você se machucou!- ela disse preocupada!
- Está tudo bem!- tentei sorrir- eu estou bem! Vá pra seu canto, nós vamos sair daqui logo, esteja pronta! – eu senti as lágrimas escorrerem pelo meu rosto, aquilo se tornava cada vez mais difícil, fechei meus olhos com força e sussurrei.
- Por favor, me ajudem! – eu tinha esperança de iriam me escutar e viriam até mim! Não consegui dormir a dor estava muito forte, eu estava fraco, talvez eu nem aguentasse mais tempo. Ouvi uns barulhos altos, uma gritaria, a porta se abriu de repente, vi Benjamin e Francis entrar na sala e vir em minha direção, eu apontou para a garota, ambos viraram pra trás, Francis ficou imóvel por um tempo.
- Camile? –Francis falou indo pra perto dela, ela se afastou assustada.
- Tudo bem Camile, são do bem!- o Francis olhou pra mim e tentou levantar ela, Benjamin me ajudou a levantar, tudo doía- obrigada, achei que eu nunca fosse te ver novamente!- ele riu em minha direção
- Vamos sair daqui amigo! – disse me levando pra fora, jade veio em minha direção e me abraçou, o abraço fazia tudo se encaixar, mas estava tudo doendo não foi uma boa ideia.
- Jade não tem tempo, vamos!-Emily disse.
- Vai ficar tudo bem,Ta?!- ela disse saindo da minha vista, saímos rápido do lugar, não aguentei muito e tudo se apagou.
      Acordei com a luz do sol no meu rosto, meus olhos doíam e meu corpo também, minha cabeça estava latejando.
- Ei, Ei Marcus, eu to aqui!- era jade, ela estava chorando tanto, era tão bom ver ela de novo! Eu achei que eu nunca a veria novamente, por tanto tempo achei que achei que não tinha família. - senti tanto a sua falta Marcus! - ela disse me abraçando ela estava chorando muito e eu também. – Você deve estar com fome, trouxe algumas coisas, na verdade desde que chegou aqui eu trago coisas!
- Há quanto tempo eu estou aqui?- perguntei tentando me sentar, o que realmente doía muito.
- Já faz 10 dias que você está aqui!- ela disse acariciando minha mão!
- onde está Camile? Vocês conseguiram tirar ela de lá?-perguntei preocupado.
- Estou aqui Marcus!- ela estava limpa, seu cabelo era um castanho avermelhado, ela era bastante clara, linda, simplesmente linda. Ela me deu a mão – Obrigada, te devo a minha vida!- eu sorri. Era tão bom estar em um lugar diferente, depois de anos vivendo preso eu finalmente iria começar a viver!