memórias : nada deve ser esquecido. Vol 1.

capítulo 3

5 de novembro
2020

Eu acordei no mesmo instante o que era aquilo? Ela... Ela era minha avó? Essa era a explicação? Aquela dor nos olhos dela então era a perda de killen? Ou o fato de saber que um dos quatro iria morrer? Ela disse que não sabia quais eram os objetos, no entanto elas tinha ouvido falar de todos, por que ela não tinha me contado tudo? O sol não estava tão forte, talvez fosse umas 6 horas, não dá pra se saber ao certo, sai do quarto e fui para a sala, Frank estava dormindo no sofá, eu nem tinha reparado que só havia um quarto, ele estava abraçando uma arma, belo encontro, eu Já estava gostando do casal, talvez a intenção fosse proteger a casa, mas ele não tinha ido bem nisso, eu ri pra mim mesma, fui até minha mochila, ver se tinha algo que poderia me ajudar, tinha algumas peças de roupas, minha vó realmente pensava em tudo, peguei logo a primeira peça de roupa que vi uma calça preta e uma blusa grande azul marinho, já estava de bom tamanho, peguei uns biscoitos e meu caderno e minha caneta, me sentei de frente para a janela, e comecei a anotar.
    “Minha avó Maria havia Amado alguém, ela nunca tinha me contado sobre essa parte de sua vida, mas acho que se lembrar dele era doloroso o suficiente. Descobri que só falta apenas um objeto, o anel . Faltava mais duas pessoas, uma delas se chama jade, eu e frank achamos que ela perdeu alguém importante, acho que era o irmão, vamos atrás dela, ela está em perigo com os ladrões, não sei do que são capazes, mas é melhor não correr o risco”.
- Você realmente sempre anota tudo? – Frank disse aparecendo do nada na porta, me fazendo assustar e derrubar a caneta no chão.
- Anoto coisas que talvez eu precise lembrar, não é tudo- eu disse rindo e ele fez o mesmo.
- Será que vamos conseguir achar ela? – ele falou com a voz preocupada.
- Ela quem? Jade? Vamos sim, a gente vai achar tudo que precisa! E no fim vamos ficar todos bem! – eu disse e ele concordou com a cabeça.
- Como foi sua noite? – perguntei já rindo.
- Decidi ficar de guarda, caso eles aparecessem!-ele disse.
- Bom, sinto em informar, mas você é um péssimo guarda, estava dormindo quando eu acordei!-eu disse rindo e ele riu junto comigo.
- É não da pra negar, talvez não nasci pra isso! – ele riu mais uma vez - Enfim você já está pronta? Temos que ir, se não nunca chegaremos lá!
- Estou pronta sim! –eu disse e  me levantei, guardei as coisas na mochila, coloquei nas costas e fui até a porta – vamos achar a Jade!- ele me seguiu pra fora da casa, quando estávamos um pouco longe, ele parou e olhou pra casa mais uma vez, eles estava se despedindo, era como se ele nunca mais fosse voltar ali, ele não disse nada e voltou a andar, a mochila estava mais pesada, pois Francis colocou todas as armas dentro, seguimos reto o caminho pela floresta. Era incrível, a cada passo que eu me dava me apaixonava mais pela ideia do que o mundo voltaria a ser, as cores que estavam por vir. Era incrível saber que eu iria devolver a cor ao mundo. Eu não concordava com minha avó, isso nunca poderia ser uma maldição, e se fosse, não parecia algo ruim devolver vida ao mundo, então quase caí quando Francis, pois a mão na minha frente e me puxou pra baixo.
- Você tem que parar de ficar viajando e prestar atenção! - ele disse sério, parecia nervoso – Eu acho que é aqui, mas vai ser difícil entrar, tem quatro guardas cercando. - eu olhei, havia um muro enorme cinza e em cada canto havia um guarda. Seria realmente difícil passar por eles.
- E se você brigar com eles? Daí eu tento entrar!-eu disse.
- É Emily, quatro contra um, vou sair vitorioso- ele falou com um tom sarcástico, agora falando em voz alta parecia uma ideia burra, na mente era mais atraente.
- Vamos nós dois então! Ai nos derrubamos eles e entramos!-eu sugeri. Olhei pra ele, parecia pensar sobre algo.
- Você sabe lutar? Ou usar uma arma ou qualquer coisa do tipo? – ele perguntou. Eu ia abrir a boca pra falar algo, mas ele tinha razão, eu não sabia fazer nada que ele disse, mas era o único modo, não tem outro jeito, teria que tentar. Eu me levantei e fui em direção aos guardas.- Emily? Emily? Onde é que... –Francis disse, eu não conseguia ouvir o que ele dizia mais. O cordão em meu pescoço começou a brilhar, eu estava correndo perigo, precisava ficar atenta. E se eu me rendesse? Estão atrás de mim. Assim me deixariam passar. Logo levantei a mão em sinal de rendição, um deles veio em minha direção, apontando a arma na minha cabeça.
-Puxa, eu vim me render e vocês me recebem com uma arma apontada para minha cabeça? Assim não da!- falei e dei um sorriso falso e estendi a mão para que ele prendesse. Ele não perdeu tempo logo pegou as algemas. Eu segurei a mão dele no mesmo instante, olhei no fundo dos olhos dele e pensei em cobras, outros diversos animais venenosos. De repente um arrepio enorme passou por mim e é como se eu passasse para o guarda toda agonia que aquela cena me trazia. O guarda começou a dar gritinhos e a se contorcer de dor. Eu não tinha feito nada, o que era aquilo? Olhei pra trás e Frank estava com os olhos arregalados, ele veio andando devagar em minha direção.
- O que é que você fez? – ele perguntou assustado.
- Eu... Eu não sei! – olhei para os outros guardas e vi que estavam da mesma forma se contorcendo no chão – Bom, mas agora o caminho está liberado! – eu disse , sorri e segui em frente, mais tarde poderia haver duvidas agora o foco era jade. Entrei por uma porta estreita na lateral do muro. Frank estava atrás de mim, ainda com uma expressão confusa. Dentro tinham muitas grades e tinham pessoas dentro. Estavam assustadas e sujas, o que era aquilo? Olhei pra Frank, eles estava tão assustado quanto eu, continuamos andando.
- Ei vocês! – uma voz feminina sussurrou – Vocês que estavam na floresta não é?- concordei com a cabeça, como ela sabia? - Vocês precisam sair daqui! Precisam fugir para o mais longe possível, eles estão por toda parte!- ela estava nervosa. Estava implorando. Ela conseguiu encostar um dedo em mim por através da grade, um arrepio subiu pela a minha coluna.
- Jade?- perguntei, os olhos castanhos se arregalaram, ela concordou na mesma hora, ela parecia ter a mesma idade que eu, ela tinha cabelos loiros, sua pele estava suja de barro - Eu vou te tirar daí, calma!  - olhei em volta, como que se abria uma jaula? -Frank, você pode ajudar? – ele veio na mesma hora, nos dois procuramos ao redor da grade inteira, havia apenas uma abertura de chave. Olhei pra ela, eu não tinha ideia de como tirar ela Dalí. Ela me olhou tão assustada que me deu dó. Tinha quanto tempo que ela estava ali? Frank me puxou pra atrás da grade. Estavam vindos três homens altos e fortes. Seus olhos não passavam nada e seus movimentos pareciam automáticos. Como se fossem robôs era estranho, eles se estavam cientes do que estavam fazendo? Vi na calça de um deles um bolo de chaves. Olhei pra Frank pra ver se ele tinha visto mesmo que eu, ele concordou com a cabeça, se levantou indo em direção aos três grandalhões, ele ficou de frente a frente com um e deu um soco? O cara nem se mexeu, logo Frank deu outro soco. Ele deu um sorriso sem graça na minha direção e se virou novamente para o enorme homem na sua frente.
- Talvez a gente possa conversar, o que o senhor acha?- ele deu um sorriso e o cara deu um soco tão forte que fez Frank voar longe, o mesmo continuou indo na direção de Frank. Já os outros dois grandalhões foram para seus postos como se nada tivesse acontecendo. Logo veio um grito de dor, era Frank. Ele estava perdendo feio, ele se levantou e tentou correr, mas o homem o alcançou puxando ele pra trás, ele praticamente se arrastou no chão. Frank se agarrou na perna do guarda e não soltou, conseguiu se levantar daí, de repente ele começou a socar a barriga do cara, mas ele não teve sucesso o cara continuava sem expressar nenhuma reação. Frank conseguiu disfarçar e pegar as chaves, ele jogou pra mim. Logo pegou a faca que estava na sua cintura e fincou no pescoço do gigantesco homem, que caiu pra frente no mesmo instante, em cima de Frank, eu olhei assustada, procurando por ele e ele fez joia  por debaixo do corpo, peguei a chave que ele tinha jogado logo abri a grade de Jade, tirei logo ela de dentro e fui em direção ao Frank que ainda estava tentando sair de baixo do homem, ele era péssimo de briga, isso estava certo. Eu e jade puxamos o braço dele, ajudando ele a sair, ele estava pingando sangue.
- Estou bem, nem precisa perguntar, foi apenas... Uns socos, mas precisamos fugir daqui, logo os outros grandões acordam e eu quero estar longe quando isso acontecer!- fomos correndo em direção ao portão, senti algo estranho e me virei pra trás e tinha alguém no mesmo lugar onde estávamos a cinco segundos. Aquele era killen? Eu parei de correr pra olhar. Ele estava sorrindo, os cabelos estavam brancos, mas era o mesmo rosto. Era o mesmo da memória. O que ele estava fazendo ali? Ele não estava morto? Nesse minuto Frank me puxou pra fora. Então corremos pela a floresta até estar longe daquele lugar horrível, paramos perto de um riacho, era lindo, água azul transparente. Estava nublado e estava ventando forte. Frank se sentou de frente ao rio, jade estava sozinha sentada em uma pedra, fui até ela.
- Ei, meu no..
- Eu sei que seu nome é Emily e obrigada por me salvar. Mas daqui eu sigo sozinha, não quero pessoas me atrasando!- ela me disse com tanta raiva, que eu nem questionei o porquê, talvez ficar presa tanto tempo tivesse mexido com humor dela, não era difícil, mexeria com o humor de qualquer um.
- E vai pra onde? Acho que tem mais chances de sobreviver com a gente!- eu disse olhando pra ela
- Tenho? Puxa então sozinha realmente eu estou melhor. Vocês nem sabem se defender!- ela riu, zombando da nossa situação, não dava pra discordar. Eu não sabia nada sobre lutas e pelo que vi Frank também não, mas qual é, éramos novos nisso, ninguém avisou que iriamos ter que lutar um dia.
- Bom, realmente, não sabemos como nos defender bem, mas você sabe não é?- ela concordou com a cabeça - Então pode nós ajudar, temos algumas armas e temos disposição. Creio que vamos aprender rápido, temos uma missão importante e vamos precisar de ajuda...
- Eu também tenho uma missão importante e estou sem tempo para bancar a professora.- ela respondeu na mesma hora.
- Pois bem, tem pessoas atrás de nós, certo? Eu e Frank temos uma missão e você tem uma missão. E se você nos ajudasse com o nosso problema e a gente te ajudasse com o seu?- ela me encarou por muito tempo e então fez não com a cabeça.
- Está bem, qual a – ela fez aspas com a mão – missão de vocês?
- Precisamos achar uns objetos e uma pessoa, somente, e a sua?
- Estou procurando meu irmão, eles levaram ele já faz 3 anos, para outra base, ele começou a ter lembranças demais, e quiseram fazer alguns testes.
- Eu sei! Lily o levou não é?- eu perguntei e ela me olhou assustada
- Quem é você? Como sabe? - ela perguntou e começou a se levantar.
- Bem, do mesmo jeito que você sabia meu nome, Jade, isso é algo bem maior do que você imagina você tem que nós ajudar! – eu disse. Ela me deixou contar toda história. Prestou atenção a cada momento e não disse nada. Quando terminei de falar, ela começou.
- Certo, eu sei onde está o anel, posso levar vocês lá, desde que prometam que vão mesmo me ajudar a achar meu irmão!
- Eu prometo!- eu disse. Ela olhou pra Frank, apontou o dedo e se virou pra mim novamente.
- E ele? Ele também promete?-ela perguntou ainda o encarando.
- Ele com certeza vai ajudar, não se preocupe. Bem vou chamar ele, talvez você queira se lavar!- eu disse, ela concordou com a cabeça . Eu fui em direção ao Frank, cheguei com cuidado e toquei no ombro dele com cuidado, ele se assustou, e logo virou pra mim.
- Não precisava me assustar Emily, eu hein!- ele disse rindo  e voltou a olhar para o rio, o rosto dele havia alguns hematomas, estava com muitas partes roxas. Eu voltei a me lembrar da briga terrível que havia acontecido.
- Você é péssimo de briga frank! Aquilo foi ridículo! – eu ri e ele riu também
-Não me faça rir, tudo dói. Eu não esperava um homem daquele tamanho e você que não viu a briga direito. Eu ganhei. Ele não sabia lutar, eu fui incrível! - eu ri alto e ele também, ele ficou me encarando.
- Ah claro, eu estava longe, não vi a sua bravura de perto! Desculpe-me por te insultar!- eu disse fingindo estar arrependida.
- Não sei se poderei te desculpar, você me feriu na alma!- ele colocou a mão no peito, eu ri, eu gostava de conversar com ele, era como se eu tivesse vivido a minha vida toda com ele.
- Ela disse que sabe onde está um dos objetos e pediu nossa ajuda em troca da dela.- falei olhei para o rio.
- Precisamos ajudar com o que? O irmão não é? – eu concordei com a cabeça, eu não sabia como poderia doer perder um irmão, mal suportava perder a minha vó. Nós levantamos e fomos para longe para que jade pudesse se lavar. Eu sentei apoiada em uma pedra e me veio à memória a cena de killen, será que era ele mesmo? Poderia ser minha mente pregando peças. Mas eu tinha certeza que era ele, eu não entendia como, eu tinha o visto morrer. O significava aquilo? Ele não parecia ser uma pessoa ruim, o que havia acontecido com ele?
Estava escurecendo. A lua já tinha aparecido e estava frio. Logo Frank fez uma fogueira improvisada e se sentou ao lado de jade, os dois estava se dando bem, talvez ele conseguisse ajudar ela, já que jade não tinha dado entrada pra mim.
    Deitei na grama e me lembrei de uma história que minha vó me contava quando eu era criança sobre um bosque, lindo e cheio de magia. Que sem motivo algum havia pegado fogo e que as pessoas que moravam lá estavam tristes. Mas as coisas iriam se resolver quando devolvessem o grande coração, que era uma pedra, teriam que abrir o coração como se fosse uma fechadura, a pessoa que fizesse isso deveria ser a chave e salvar a todos do pequeno bosque. Olhando bem pra historia agora eu vejo o quão ruim é. Quem conta isso para uma criança?
Eu não iria conseguir dormir, eu já tinha certeza, Frank e jade já estavam dormindo há muito tempo, me levantei e pensei em treinar minha mente. Eu precisava entender a fundo sobre o meu “poder”. Será que era mais do que havia entendido? Será que dava pra se defender apenas usando as memorias? Tentei me concentrar em alguma coisa, alguma imagem, mas a única coisa que consegui foi ver todas aquelas pessoas presas. Eu senti o desespero e a dor de cada um. Eu mal conseguia respirar, eu não conseguiria salvar, eles iriam morrer eu sentia e a culpa iria ser totalmente minha. Eu fiquei meio tonta e sem ar. Logo tudo ficou escuro.
    -Emily? Emily? Acorda! O que aconteceu? Emily? – era a voz de Frank, ele parecia assustado, minha cabeça latejava. Abri meus olhos devagar e jade e Frank estavam na minha frente com o rosto muito assustado.
- O que aconteceu?- perguntei meio confusa, eu não estava entendendo nada.
- Você parecia estar dando uma convulsão. Você ficava se tremendo, eu não soube o que fazer. - Frank disse ainda assustado.
-Eu..Eu estava testando algo, mas não foi como eu esperava....acabei entrando fundo demais, não sei o que aconteceu, me desculpem!- eu disse e me levantei com muita dificuldade.
- Mas estava tentando o que? –Frank me fez uma pergunta que eu não estava esperando, eu fechei o olho pra tentar buscar, mas...
- Eu não... Não me lembro de o que eu estava tentando fazer. –eu disse. Foi ai que me dei conta que eu realmente não fazia ideia do que tinha acontecido. O que eu tinha tentado que foi tão forte assim?
- Como não se lembra, você disse que nós nunca nos esquecíamos de algo!- Jade perguntou.
- Eu sei, mas acho que não sei todas as regras afinal... – eu disse e olhei pra Frank, ele também não entendia. Eu engoli em seco e fui para o rio. Me sentei à beira dele e tentei me lembrar de o que tinha acontecido. Eu estava assustada, eu nunca havia me esquecido de nada. O que era aquilo? Eu não posso me esquecer, está tudo em minhas mãos. Eu não estava conseguindo respirar, tudo começou a girar. Que diabos estava acontecendo comigo?
- Emily? Você está bem? – era Frank, ele estava sentado ao meu lado – Ei, ei, Não chora, o que aconteceu?- eu passei a mão no rosto e senti as lágrimas. Eu estava perdida. Pela primeira vez na vida eu havia me esquecido o sentimento de desespero era tão grande e eu não sabia o que fazer. - ele me abraçou e ficou lá até que eu parasse de chorar. Demorou um tempo até eu perceber o que havia acontecido. Eles tinham entrado, tinham entrado na minha cabeça, eu tinha dado entrada. Minha vó me avisou que isso iria acontecer. Eu precisava me fechar, aquilo não poderia se repetir, me soltei do abraço de Frank, apenas me levantei e saí, mas ele veio atrás.
- Emily? O que foi?- ele perguntou realmente preocupado.
- Francis, não te interessa, arrume as coisas e chame jade, vamos partir agora!- eu disse alto.
- Mas, o que aconteceu?- ele perguntou, eu olhei bem nos olhos dele e me virei e continuei a andar, ele estava próximo demais de mim e isso não devia ter acontecido. Eu tinha uma missão e eu iria conseguir devolver todas as memórias!
   Seguimos a floresta a fora, jade estava nós guiando, chegamos a uma cidadezinha vazia, não havia ninguém. As casas também eram cinza, sem vida. Continuamos andando pelas ruas largas, até pararmos em frente a um galpão.
- Bem, é aqui!- Jade disse e  parou em frente e não deu mais nenhum passo. O que ela estava esperando? Fui à frente, entrando no galpão e olhei pra trás.
- vocês vão vir ou não?- eu disse e revirei os olhos e continuei andando. Estava tudo escuro, continuei andando. Jade segurou meu braço.
- Calma, tem pessoas deles aqui. Precisamos entrar com cuidado. – jade disse. Peguei uma arma na mochila, Frank e jade também ficaram com uma.
- Temos pouca munição, economizem! – eu disse e continuei andando. Era grande o primeiro local. Logo a frente tinha um corredor com uma única luz acessa, logo ouvi vozes.
- O chefe esta preocupado. O tempo está acabando, precisamos achar as coisas e trazer logo pra ele!- disse uma voz masculina, que passou para o outro lado do corredor, estávamos na sombra então eles não viram a gente. Fiz sinal para continuarmos andando.
- Temos que ir a biblioteca! Temos que virar duas direitas, uma esquerda e mais duas à direita!-jade disse,eu concordei com a cabeça. Fomos com cuidado. Havia três caminhos, direita, esquerdo e reto. Virei à direita de acordo com o que jade tinha dito, mais um longo corredor cheio de portas. Fomos com cuidado e viramos mais uma direita, havia dois guardas conversando. Entramos em uma porta com pressa, quando me virei para olhar o que havia na sala. Era mais um necrotério, havia muitos corpos e diversas seringas no chão. Tinha muito sangue em todas as partes da sala. Fiquei assustada e abri devagar a porta, eles já tinham saído.
- Vamos!-eu disse e então  saímos com cuidado, seguindo pelo corredor. Então um guarda apareceu, se nós atiramos vai atrair a atenção de outros guardas. Eu sussurrei pra eles – Sem armas! – jade tomou a frente, ela foi tão rápida que eu nem vi o que ela tinha feito. Em dois tempos o guarda já estava no chão. Ela olhou de volta pra mim e sorriu, eu balancei a cabeça aprovando. Continuamos andando viramos à esquerda. Era o menor corredor até agora. Andamos pelo corredor todo e viramos à direita, puxa, Não acabava nunca, mais um corredor. Um calafrio passou por todo o meu corpo, parei na mesma hora. Me arrepiei toda e tudo ficou quente novamente. Havia um menino sorrindo muito, ele era bonito, o sentimento de vazio o tomava por inteiro, quem era aquele?
- Achamos mais um. Emily, achamos o último! Frank gritou-olhei para Francis, ele também havia tido uma memória, ele foi para a porta e abriu com todo cuidado.
-Oi? Tem alguém ai? Benjamin?- Então esse era o nome dele, Benjamin, esperei do lado de fora, jade e Frank entraram. Olhei por todos os lados, será que nós iriamos conseguir sair dali e achar tudo que precisa? Se as coisas continuassem do jeito que estava não teria por que continuar logo Frank saiu segurando o Benjamin. Jade logo a trás com uma sacolinha. De repente um alarme começou a tocar. Nos olhamos e não tinha outra opção, teríamos que correr, novamente. E lá estávamos nós, fugindo. Sempre fugindo de algo, me pergunto o que mudou? Éramos pra estar fazendo aquilo que os amigos não tiveram coragem de fazer, encarar.
Eu parei de correr, havia algum guarda vindo, destravei minha arma e apontei. Eu atirei em tudo que vi se mexer na minha frente, minhas balas acabaram e estávamos cercados. Talvez não tenha sido uma boa ideia. Jade me olhou feio, Frank também. Logo começaram a vir em nossa direção, fechei os olhos e preparei para me machucar. Imaginei como seria melhor morrer afogada do que ser socada até a morte. Senti como se estivesse afogando, o desespero logo veio, abri os olhos depressa e todos os guardas estavam sufocando, eu tinha feito de novo, como eu tinha feito isso?
- Vamos logo Emily! – Frank disse e me puxou, corremos pra fora do galpão, à rua tinha varias casas era só escolher uma e ficar por ali, era simples não é?
- Mais pra frente tem uma casa isolada, no meio de arvores, talvez lá eles não nos achem, fica perto, só vamos ter que andar um pouco! – Jade disse e nós guiou até a casa, realmente era bem escondida. Ficava entre árvores grandes e cheias, ninguém viria aquilo, era a primeira casa que eu via que tinha cor, era um amarelo claro, telhado vermelho. Era grande, dois andar talvez. Entramos na casa, tinha pouca coisa dentro, um sofá, uma estante de livros a casa era toda de madeira por dentro, ela era bonita! Ajudei Frank a levar Benjamin para um dos quartos, ele era pesado, mas era muito pesado, talvez seja o tamanho dele, os ossos deveriam ser mais pesados. Com muito custo o colocamos na cama. Ele estava com um rosto tão leve, parecia que estava nas nuvens. Frank, eu e jade decidimos trocar de turno pra ficar com ele caso ele acorde, mas ele parecia longe de acordar.
Jade concordou em ficar primeiro. Então fui tomar banho, eu precisava pensar um pouco, o chuveiro parecia o melhor lugar. Deixei a água cair. A cada gota e como se limpasse cada canto sujo da minha alma e lá estava eu chorando novamente. Eu ainda não tinha conseguido me lembrar do que tinha acontecido, aquilo me deixava preocupada. E se eu se esquecesse de mais alguma coisa? Eu tinha uma missão, eu precisava cumprir. Eu havia decidido não me olhar no espelho mais, não queria me olhar nos olhos, não queria ver a mesma confusão que atormenta a todos em meus olhos. Desci as escadas, não fazia barulho nenhum, era até engraçado. Frank estava fazendo algo para comer.
- Olha, temos um cozinheiro aqui!- eu  disse e sorri pra ele, mas ele me olhou serio.
- O que está acontecendo com você? – ele me olhou com duvida, os olhos estavam um pouco inchados e roxos, os cortes não eram fundos e também. Ele estava péssimo.
- Deve ter alguma pomada por aqui pra você passar no seu rosto! – falei procurando com os olhos
- Emily, o que está acontecendo com você? Você não é assim!-ele disse.
- Ah desculpe me esqueci de que você me conhece melhor do que eu mesma. Não é Francis? Se eu disse que não é nada, não é nada. Não tem nada a ver com você os meus assuntos! – ele abriu a boca para dizer algo, mas logo fechou e concordou com a cabeça.
- Esta certo!- ele disse e se virou de volta para o fogão, eu me sentia horrível por tratar ele assim, mas eu não poderia me envolver, com ninguém, meu foco era só achar a cura, aquela era a minha missão! Jade chegou à cozinha, ela realmente era bonita, sua pele era clara, ela era menor que eu, o cabelo loiro era todo ondulado.
- Bom, sua vez de ficar com ele Emily! Leva um livro, lá em cima esta um verdadeiro tédio! – ela disse e eu apenas concordei e deixei a cozinha. Entrei com cuidado no quarto, ele Ainda dormia, cheguei perto dele e peguei em sua mão. Fiquei tonta na mesma hora. Lembrei do sentimento de vazio, das jaulas, do desespero das pessoas, de tudo. Eu estava tentando entender o que tinha acontecido, era isso! Mas por que o toque dele ativou isso? Quando olhei de volta pra ele, me assustei. Ele estava me olhando, estava confuso, seus olhos eram um verde escuro, seu cabelo estava bagunçado, completamente preto. Ele me lembra de muito killen, o amigo de minha avó.
- Cheguei ao céu? Não? Se For o inferno, por favor, me deixa continuar dormindo!- ele disse rindo e fechou os olhos de novo – Foram vocês que me tiraram de lá não é?
- Sim, prazer, meu nome é Emily, mas creio que já sabe! Francis e Jade estão lá embaixo preparando algo de comer, talvez esteja com fome!- ele concordou e disse..
- Vocês também sentiram algo estranho quando me acharam? Por que eu juro, talvez eu pareça um louco, mas eu juro que vi umas cenas de vocês e senti exatamente tudo que se passava - eu ri, eu não era velha no assunto, mas eu já tinha me acostumado a ter as memorias, ele estava assustado com isso ainda.
- Sim, também vimos você em algumas memórias. - falei esclarecendo.
- Como isso é possível?- eu tentei explicar tudo que sabia pra ele, ele fazia perguntas demais, eu não sabia responder, mas por fim ele parou e fez uma ultima pergunta.
- Tem como eu tomar um banho?- eu ri e o ajudei a se levantar. O levei para o banheiro. Desci as escadas, me sentei à mesa com jade e Frank, eles riam demais. Até eu sentar e eles ficarem sérios no mesmo instante.
- Jade, ficaremos aqui por três dias, tempo o suficiente para descansarmos e para que Benjamin se recupere, não sabemos o que aconteceu com ele, até lá, você nos ensina algumas coisas que precisaremos para nos defender. Está bom pra vocês?- perguntei e esperei uma resposta, mas não obtive – então ok, vai ser assim! –  me levantei e fui até a bancada, tinha alguns patos em cima, peguei um e fui comer o que Francis tinha preparado àquilo era uma sopa, não estava com as melhores das caras, tinha alguns legumes e dava pra ver todo o óleo que ele tinha usado. Me sentei à mesa de novo, e fiquei me encorajando a comer, peguei com a colher um pouco e enfiei tudo na boca, sem cerimônia, era a pior coisa que já tinha comido na vida, o gosto era péssimo, estava sem sal, parecia que tinha apenas agua e legumes! Comi sem reclamar.
Subi escolhi um dos quartos e deitei na cama, fechei os olhos e a única coisa que vi foi minha vó dizendo “tudo depende de você” talvez realmente fosse uma maldição e eu não tinha percebido.