Capítulo 1

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E-mail recebido

"Querida Senhorita Eva Mat, é com alegria que informamos que sua carta de apresentação foi lida e avaliada com grande entusiasmo, graças ao seu impecável histórico em cuidados pessoais e organização de tarefas. Gostaríamos de convidá-la para integrar nossa equipe como assistente pessoal. Por favor, retorne este e-mail com sua resposta."

Recebi esse e-mail há duas semanas e, desde então, minha mãe chora sempre que me vê pela casa, diferente do meu pai, que me sorri alegremente. É difícil para ela aceitar que amanhã eu partirei em viagem por um tempo, mas ela sabe que é por uma boa causa, e no fundo está feliz por mim. Com o seu salário de garçonete, ela mal consegue sustentar a casa, por isso sempre ajudei: fui babá desde os 12 anos e faço faxina há 3. Meu pai, que é gerente de um pequeno restaurante no Porto, está animado. Ele é sempre otimista com tudo, e eu amo como, até nos piores momentos, ele me faz ver o lado bom.

— Mulher, pelo amor de Deus, pare de chorar! — meu pai fala durante o jantar. — Desse jeito, a menina vai desistir de ir.

— Eu sei, só que já estou com saudades dela... — minha mãe diz, fungando.

— Ela vai rapidinho, né, Eva? — diz Peter, enquanto faz o garfo de avião.

— É claro que sim, P. — respondo, tentando disfarçar a emoção.

De repente, me sinto sufocada com tudo ali. Olho para o relógio na parede, que marca 9:30 da noite.

— É melhor você ir escovar os dentes, P. Já está tarde e amanhã você tem aula. Eu preciso acordar cedo, papai tem um dentista antes do seu turno para o almoço, e mamãe marcou um café com a Cris, ok?

Arrependo-me amargamente de ter mencionado a agenda do dia seguinte. Essa era eu: a pessoa que organizava a rotina da casa e de todos ali. Minha mãe começou a chorar como um bebê, Peter suspirou e subiu para o banheiro, e meu pai foi para a sala ver TV com passos pesados, demonstrando sua insatisfação.

— Vou terminar de arrumar as malas — disse, correndo para o meu quarto. Seria difícil para todos em casa, mas eu precisava fazer isso.

No contrato, havia uma recomendação para usar roupas pretas em dias de shows ou eventos. Recebi uma mala com algumas peças da marca da Billie Eilish e tive uma reunião com a mãe dela, que é muito gentil. Ela me explicou tudo o que eu precisaria fazer e, notando meu nervosismo, me tranquilizou dizendo que Billie era uma ótima pessoa e que seria mais uma amiga do que uma chefe. Eu estava nervosa, sim, mas precisava me sair bem.

~°~

Eu poderia dizer que acordei bem cedo no dia seguinte, mas a verdade é que nem dormi. Quando o dia amanheceu, fiquei um pouco na cama, olhando para o teto, até que Peter entrou e deitou ao meu lado.

— Sabe, Eva, você não precisa se preocupar. Eu sei usar uma agenda, lembra que você me ensinou? — disse ele, com seu sorriso banguela, me tranquilizando.

— Sim, eu lembro. Sendo assim, eu vou despreocupada.

— Eva, vai ser mágico.

Ao falar isso, ele saiu correndo, e eu me levantei assustada, achando que tudo aquilo fosse um delírio da minha cabeça. Ele só tem 7 anos, como pode dizer coisas assim? Eu lembro de quando ele nasceu. Apesar de amar meus pais, descobri o verdadeiro amor quando ele veio ao mundo, exatamente como meu pai disse que aconteceria: "Seu irmão será tudo para você, Eva. Você vai fazer qualquer coisa por ele". E ele estava certo.

Duas horas depois, eu desembarcava no aeroporto de Los Angeles com uma mala enorme e a cabeça cheia de pensamentos. Vi Maggie acenando para mim em uma das cadeiras de espera. Sorrindo, fui até ela, que se levantou e me deu um abraço apertado.

— Bem-vinda, Eva. Como vai? — perguntou Maggie.

— Estou bem, um pouco nervosa... — respondi.

— Não me diga que é por me conhecer — disse Billie, me interrompendo.

— Err... Eu... eu...

— Calma, querida, só estou brincando para quebrar o gelo — ela sorriu de forma brincalhona.

— É um prazer conhecê-la... e não, você não quebrou o gelo. Na verdade, estou mais nervosa agora. É que nunca andei de avião antes.

— Ok, pessoal! — Billie chamou a atenção de todos. — Temos uma virgem de voo aqui! — disse alto, e todos riram.

— Ah, Billie, para! Ela está ficando sem graça. Sou Finneas, o irmão bonzinho — ele me estendeu a mão e eu a apertei.

— Bem-vinda a bordo, é daqui para pior — Billie brincou, me olhando de um jeito provocador.

Mas Eva Mat não ia se deixar vencer pelo senso de humor dela, nem pelo jeito como Billie me olhava.

Amor de perdição ( EM REVISÃO) Onde histórias criam vida. Descubra agora