Capítulo 2

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"Mas então, se você é tão esperta, me diga por que ainda tem medo?"

Eu estava grudada na poltrona do avião, meu corpo todo tenso, e minhas mãos suadas agarravam com força o encosto do assento.

— Parece que você não está gostando da sua primeira vez — Billie disse em um tom sexy e brincalhão. — Posso fazer algo para você se sentir melhor?

São nessas horas que eu gostaria de não ser eu. Ah, sim, eu levo tudo para o lado sexual, o que já me rendeu crises de riso nos piores momentos.

— Não sei... Como você faz para ser bom? — perguntei, entrando na brincadeira.

— Quando é comigo, sempre é bom — disse Billie, e por um segundo parecia que estava me convidando. — Mas vamos conversar para você se distrair.

Ela se sentou ao meu lado e segurou minha mão.

— Então, quem é Eva Mat? — ela sorriu para mim.

— Eva? Bom, ela é uma garota de 19 anos da Califórnia, que ama a Califórnia. Tem pais maravilhosos, um irmão que é tudo para ela e está andando de avião pela primeira vez e está apavorada — respondi, arrancando uma risada de Billie.

— Vai, você pode fazer melhor que isso. Amigos? Namorado? Sonhos? — ela se demorou mais do que o necessário na palavra "namorado".

— Ah, tenho amigos legais, mas meio bêbados e drogados. Eu odeio isso, então sou a amiga careta deles.

— Eu sei como é, Eva. Também sou esse tipo.

— Nunca tive namorado ou namorada até hoje — confessei, meio constrangida.

— Motivos?

— Não sei bem. Todas as pessoas com quem fiquei eram legais e me faziam bem, mas eu sempre esperei sentir algo que me fizesse mudar tudo, e ninguém foi capaz disso. Então, meio que desisti do amor.

— Próxima, Eva!

— Sonhos? Eu quero fazer faculdade de Medicina.

— Então por que você está prestes a voar para Berlim em vez de estar na faculdade?

— Preciso de dinheiro. Já tenho algum, mas preciso de mais para que meu plano de vida dê certo.

— Você é muito organizada, né? Notei pela sua carta.

— Você leu minha carta? — perguntei surpresa. Achava que ela nem tinha visto.

— Claro que sim, amei a parte "planejamento faz as coisas acontecerem".

— E você? — perguntei. — Minha mãe fez uma pequena pesquisa sobre você e disse que você parece uma pessoa boa e generosa.

— É isso que a internet diz de mim? — ela pareceu envergonhada. — Bom, eu odeio a internet a maior parte do tempo.

— Eu sempre falo para ela não confiar na internet.

— Sua mãe parece fofa, mas diga a ela que eu não faço mais do que minha obrigação. Querendo ou não, sou uma influenciadora mundial, então por que não usar isso para o bem? — falou de forma convicta.

— Sim, você tem razão.

Billie colocou os fones de ouvido e eu entendi que a conversa tinha acabado.

~°~

Uma hora mais tarde, eu tentava miseravelmente ignorar a tensão e o pequeno desconforto que a presença da Billie me trazia. Eu não sabia ao certo por que estava agindo assim. Apesar da escuridão quase total dentro do avião, o cabelo e as unhas neon dela se destacavam.

De repente, ela se virou para mim e sussurrou de forma provocante:

— Meu Deus, Eva, qual é o problema? Por que está agindo como se tivesse a porra de um vibrador na buceta? — seu jeito direto não me ajudou em nada a me acalmar.

— Eu só estou um pouco agitada e entediada, só isso. E por que teria um vibrador na buceta? — sussurrei de volta, tentando não rir.

— É que você não para quieta, e o cara da poltrona à nossa direita não para de olhar.

— Desculpa... Falta muito para chegar? — perguntei fazendo bico.

— Só 10 horas — disse, debochando. — Espera!

Ela se levantou e pegou sua mochila no bagageiro acima de nós. Depois de revirar um pouco, me entregou uma garrafa de água e uma cartela com pequenos comprimidos.

— Tome um desses.

— São drogas??? — perguntei, assustada.

— Deus, Eva, não! São calmantes para ansiedade, pode tomar.

Meio contrariada, tomei um comprimido. Billie sentou-se de novo ao meu lado e me entregou um lado de seu fone de ouvido.

— Relaxa, Eva — disse, fechando os olhos.

Eu fiz o mesmo e, talvez pela noite mal dormida ou pela pequena quantidade de calmante, meus olhos começaram a pesar. A voz suave que ecoava pelo fone estava cada vez mais distante.

— Eu gostei dessa música, a voz dela é tão suave... — sussurrei para Billie.

— Sim, é mesmo!

— Sua voz também é... — falei sem pensar.

— Ah, então você gosta das minhas músicas? — disse em tom brincalhão.

— Às vezes, quando tomo um longo banho de banheira...

Maldito comprimido por me fazer dizer aquilo, pois a última coisa que lembro de Billie dizendo foi:

— Porra, Eva, agora não paro de te imaginar nua e relaxada, cantando minhas músicas... e eu não posso, Eva, porra, não posso...

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Oii ?? Me fala se ta gostando :) se ta deixando seu coração quentinho 😟

E não esquece de curtir e compartilhar com os amgs, ok ?

Amor de perdição ( EM REVISÃO) Onde histórias criam vida. Descubra agora