32. A Mulher na Lua

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O avanço silencioso das trevas parecia não ter sido percebido, e de fato não foi

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O avanço silencioso das trevas parecia não ter sido percebido, e de fato não foi. Para alguém que vive constantemente diante da luz, é fácil se acostumar com ela e sempre existe a possibilidade de renegá-la com um simples fechar de pálpebras. Assim é a vida das castas mulheres que desde sua conceição estiveram predestinadas a guardar uma das três relíquias da irmandade ancestral, e provavelmente a mais poderosa pois une todas as outras.

A individualidade nínfica sempre foi tida como a mais rara, uma vez que ninfas eram em maioria assexuadas e dedicavam toda a sua vida na proteção da têmpora das estações. A primeira vez que uma fada, um gnomo, um duende ou até mesmo um elfo manifesta o seu poder, através do vínculo com a têmpora, a vida de uma nova ninfa começa. E assim, a reprodução da espécie sempre esteve ligada a manifestação do poder individual de uma outra. 

As visitas diplomáticas eram uma coisa comum, uma vez que todas as nações viviam em paz e dependiam uma da outra, por isso, era muito benéfico manter e estreitar os laços de amizade entre elas. E foram nestes tempos que o impossível aconteceu, uma ninfa se apaixonou perdidamente por um imigrante que veio escondido para as terras estacionais de Lúnia, fugindo de problemas que ele havia adquirido no vale da lua. 

A relação deles foi mal vista e por isso tentaram escondê-la a todo custo, mas não demorou até que a ninfa manifestasse em seu corpo os sinais de uma possível gravidez. A notícia foi um verdadeiro escândalo para todo o continente, mas esclareceu para todos que até mesmo as ninfas poderiam amar, se quisessem. Completando-se os dias da gestante, as próprias guardiãs da têmpora à ajudaram com o parto, e sentiram imediatamente que a menina recém-nascida possuía uma perfeita individualidade nínfica.

O nome do imigrante era Fara, o nome da ninfa era Luz, eles então decidiram dar à criança, que era fruto de seu amor incondicional, o nome de Faraluz.  A criança cresceu forte e saudável, demonstrando exímio talento em individualidade nínfica. Posteriormente o casal teve mais duas filhas: Faragonda, que nasceu mestiça, possuindo individualidade astral e nínfica, e a caçula Faragreen, que ainda não havia demonstrado nenhum poder.

Com o passar dos anos, a irmã mais velha se tornou uma guardiã da têmpora renomada enquanto a irmã do meio se tornou representante das ninfas no conselho élfico. A família Fara logo se tornou conhecida e admirada, por causa das irmãs que ajudavam a equilibrar o mundo através das relações públicas do continente e da virada de estações. Mas essa irmandade estava fadada ao fracasso, pois as estrelas revelaram à irmã mestiça o grande mal proveniente de sua irmã mais velha.

Faraluz achava que uma relíquia tão poderosa quanto a têmpora das estações não deveria ser usada em benefício de outras nações que não fosse a sua própria. Esse sentimento egoísta foi crescendo em seu coração à cada estação do ano, desequilibrando-as no processo. A têmpora, cada vez que entrava em contato com as emoções corrompidas de Faraluz demonstrava em si os mesmos sinais de corrupção que estavam gravados na alma da ninfa, e apodrecia lentamente. 

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