Celestian

45. Simbologia Profética

A corrupção do portal espiritual de Animarium concedeu às bruxas força militar suficiente para tomar todo o continente e travar uma verdadeira guerra contra qualquer um que se posicionasse contra as trevas. Sob orientação direta da mulher que fez sua fama como oráculo, os tribais realizavam agora uma retirada estratégica para a ilha do templo dos mil degraus, que enfrentava seus próprios problemas, também causados pelas feiticeiras da "nova irmandade", que enviaram seus temíveis entes para destruir a lembrança da irmandade original.

O castelo suspenso está localizado nas proximidades do refúgio tribal B, e, seguindo as ordens do conselheiro-mor Nilo, os tribais e as várias espécies de animais que compunham o lugar se dividiram em dois grupos que percorreriam o continente em direções opostas, em uma manobra que duraria alguns dias, mas que seria crucial para informar a todos sobre o mal que estava se alastrando por suas terras e sobre a realocação do povo na antiga casa da irmandade ancestral, suscitando neles a necessidade de se dirigir apressadamente aos limites territoriais do continente.

O último a se juntar à retirada foi justamente o soberano de Animarium, o ilustre Rei Terano, que observou atentamente Yue em seu último sacrifício, que segundo ela, garantiria que a vitória da luz sobre as trevas seria definitiva. Dias se passaram, dias de fuga e caminhada incessante, os tribais eram rápidos, mas os espíritos da discórdia também eram, e as duas grandes pontes que ligavam o continente à ilha não eram tão largas para suportar o peso de todos na travessia, que poderia durar no mínimo algumas horas.

_ O que faremos? Antes que todos estejam seguros do outro lado da ponte, os espíritos das trevas nos alcançarão! – Diz o conselheiro-mor Nilo.

_ Não temos escolha a não ser lutar! – Diz um líder tribal.

_ Mas e as nossas crianças? – Pergunta uma mulher.

_ As fêmeas e os filhotes atravessam primeiro, nós machos ganharemos algum tempo. – Diz um guepardo falante.

_ Então vamos acampar aqui e servir de bloqueio para proteger a ponte! – Diz um dos tribais.

_ Não! A melhor defesa que podemos oferecer é um ataque direto a esses espíritos das trevas. – Diz uma das aves falantes.

_ Eu me sinto bem melhor acampando aqui, nas pontes. Assim, posso me retirar se o ataque falhar. – Diz um homem.

_ Essas pontes não são uma fortaleza! A fortaleza que tínhamos já foi tomada! – Diz um líder tribal.

_ Concordo! Além disso, o elemento surpresa pode tornar o nosso ataque ainda mais poderoso, aquelas bruxas não esperarão por isso. – Diz um outro líder tribal.

_ Não acho que essa seja a melhor escolha, afinal aquilo que devemos proteger está aqui. E se enquanto nos concentramos no ataque frontal, formos surpreendidos com uma invasão lateral? Isso colocaria ambas as pontes em evidência! – Diz o conselheiro Nilo.

_ De qualquer forma, tanto nós quanto os animais estamos dispostos a lutar, mesmo que custe nossas vidas. – Diz um dos líderes tribais.

_ É exatamente isso que me preocupa! – Diz Terano, que estava em silêncio absoluto até o presente momento.

_ Majestade? – Pergunta Nilo.

_ Todos vocês estão agindo como se só houvessem duas opções a serem tomadas, que buscam proteger as mesmas coisas, as pontes e o povo. Porém, o que vocês não estão percebendo é que a consequência de ambas as alternativas também é a mesma, a única coisa que elas alternam é o local onde sucumbiremos: morremos aqui ou morremos lá. Não entendem? A morte é justamente o que queremos evitar! Já se esqueceram quem derrotou as bruxas na última vez que nos invadiram? Foram os espíritos! É com eles que lutamos! Eles já provaram que estão conosco! – Diz Terano, em alto tom de voz.