Celestian

42. Parlamento de El

Em pleno sétimo dia de Equinócio, na capital dos anjos, o parlamento de El se reuniu com alguns nobres e aristocratas do continente em uma das salas do conhecido Fórum da Justiça Divina, o tribunal celestial, por muitas vezes frequentado pelo rei, enquanto ainda era príncipe, e por alguns membros importantes da CEL’s, entre eles o senhor Shiffom. Mas desta vez, burburinhos eram feitos por todos no recinto, pois tanto o rei quanto o senhor Shiffom estavam ausentes por motivos desconhecidos.

_ Silêncio no tribunal! A reunião do parlamento de El está em sessão, todos de pé diante daqueles que formam a suprema comunhão dos poderes administrativos que regem o continente de Celestian. – Diz a secretária.

Após o anúncio da secretária, os parlamentares entraram por uma porta discreta até estarem devidamente posicionados de pé ao lado de cada uma das sete cadeiras reservadas à eles, como se fossem os juízes do referido tribunal, as mãos por trás da justiça divina. Um astroclérigo estudioso das ciências políticas foi à frente de todos e subiu alguns degraus até chegar ao púlpito localizado à direita dos assentos do parlamento e de seus serventuários, e abrindo um livro contendo a história e ensinamentos da antiga irmandade, iniciou a reunião.

_ Esta reunião será feita de acordo com a constituição da capital dos anjos, mas sobretudo em harmonia com os ensinamentos da irmandade ancestral, que por inspiração astral das estrelas e dos espíritos de seus ancestrais, manifestaram por primeiro o dom da energia vital. É em nome deles que juramos cumprir, respeitar e julgar cada situação abordada neste recinto, sendo considerado intolerável e passível de punição o comportamento desleal e mentiroso de qualquer ser vivo perante os representantes deste continente em que habitamos. – Diz o astroclérigo, em alto tom de voz.

_ Nós juramos em nome da irmandade ancestral: Ânimus, Estácio e Elias! – Dizem todos em uníssono.

_ Perdão, reverendíssimos parlamentares, mas ainda falta jurar pelo nome de um membro da irmandade ancestral. – Diz o astroclérigo, olhando para os parlamentares.

_ Você não pode estar falando sério... – Diz Uriel, revirando os olhos.

_ Mas é claro que estou! Sua majestade, o rei Afrody em pessoa, me comunicou a existência de uma quarta irmã ancestral e pediu para que a tornasse conhecida em nosso lar. Além dessas razões, que já são necessárias para tal, existe o fato que tivemos a honra de contemplar nos céus há alguns dias. Isso deixa claro para nós que devemos reverenciá-la igualmente, ou até mais, por pertencer à ordem cósmica das estrelas. – Diz o astroclérigo.

_ Que seja então, juremos novamente! – Diz Uriel, o Arcanjo responsável pela jurisdição de Celestian, e que estava assentado ao meio de todos os outros.

_ Nós juramos em nome da irmandade ancestral: Ânimus, Estácio, Elias e Dalva! – Dizem todos ao mesmo tempo.

_ Sentados, daremos seguimento à nossa reunião. – Diz o Astroclérigo.

_ Secretária, leia a ata. Mas contenha-se em destacar apenas os fatos tratados na reunião anterior. – Diz Uriel.

_ Agora mesmo, senhor! Na última reunião do reverendíssimo parlamento de El, tratamos da questão popular acerca da diminuição nos índices de esperança pública no poder administrativo dos parlamentares, que sofreu uma queda brusca após os boatos sobre a literal queda da capital dos anjos e culminou na decisão coletiva do parlamento pela antecipação da coroação do príncipe herdeiro, aberta à todo o povo. Além disso, foi explanado pelo reverendíssimo Arcanjo Miguel, a possibilidade de submeter à Corporação de Espionagem Liberal ao seu comando direto, como responsável pelo poder militar de Celestian, mas como sabemos, isso iria contra os desejos dos falecidos soberanos, a Rainha Clérion e o Rei Celsius, e por essa razão a possibilidade apresentada pelo parlamentar foi negada. Demais questões, relacionadas às áreas administrativas de cada Arcanjo não apresentaram em si assuntos relevantes para a referida reunião, e por isso não foram citadas neste documento. – Diz a secretária.