S/n terminou de escrever um bilhete para Tanjiro. Não queria escrever algo muito comprido para que não pesasse tanto e algumas palavras foram o suficiente para descrever que mataram um oni, mas não era o do pântano, e que estavam bem.
Seu corvo passou voando pela janela aberta e a jovem estendeu o braço para que ele pousasse. Acariciou sua cabecinha com os dedos enquanto remoía os acontecimentos da noite anterior. Tinha feito umas coisas bem vergonhosas e isso fazia com que ela quisesse cavar um buraco e se enterrar lá. Por que insistira tanto em ajudá-lo com seus ferimentos? Inosuke ficara claramente incomodado. Ele podia cuidar dos seus próprios machucados, certo?
O seu corvo crocitou audivelmente para chamar sua atenção, já que estava demorando para prender o bilhete em sua perna. S/n se encolheu e olhou nervosamente para Inosuke. Ele continuava a dormir todo esparramando em seu futon, com uma perna para fora. Roncava baixinho, mas isso não a incomodou durante o sono.
-- Shh... - disse para o corvo. - Você não quer acordar ele, né Kurosu?
Kurosu era o nome que escolhera para ele. Havia juntado os termos karasu, que significa corvo e kuro, que significa preto. Prendeu cuidadosamente o bilhete em sua perna e ele levantou voo, indo embora pela janela. Lá fora o sol subia preguiçosamente, tingindo o céu de rosa e azul. Observou Kurosu até que ele escapasse de seu campo de visão.
A garota voltou sua atenção para seu companheiro de serviço. Seria bom partirem o quanto antes, queria chegar logo na próxima vila e acabar com essa missão de vez. O que aquele oni havia dito estava começando a afetá-la. Por que ele gostaria de matá-la? Onis costumam querer matar todos os humanos, por que ter um alvo em particular? Podia ser apenas uma ameaça vazia, mas por que sentira aquele arrepio?
Pensou na noite em que o encontrou. Ele disse que gostaria de lhe mostrar um certo "lugar favorito" antes de matá-la. Se perguntou o que o fez querer a atrair para lá. Será que algo em sua aparência o fez lembrar de quando ainda era humano? Um longo suspiro escapou de seus lábios, não ia chegar a lugar algum desse jeito. Era uma caçadora de onis e seu dever era exterminá-los e não ficar divagando sobre eles.
Pegou sua nichirin e a desembainhou. A lâmina tomou uma cor azulada, o que representa a água. Gostava de se comparar com o mar: calmo, mas podendo ser realmente tempestuoso. Viu seu reflexo no metal prateado. Uma garota que carregava uma expressão séria no rosto. Tão forte, mas ao mesmo tempo tão frágil. Seria isso que atraíra o oni? Deixou esse pensamento amadurecer em sua cabeça.
Resolveu que seria melhor deixar Inosuke dormir mais um pouco, já que estava bem cedo. Pegou um pedaço de pano para polir a nichirin.
Quando finalmente terminou seu trabalho e guardou sua espada, ouviu alguém batendo na porta do quarto.
-- Sim? - perguntou.
-- O café da manhã está pronto. Mas se quiser dormir mais um pouco não tem problema.
Reconheceu a voz. Era daquele rapaz que o oni segurara pelo pescoço.
-- Já estamos indo.
S/n ficou um pouco surpresa. Estava tão concentrada em sua tarefa que nem reparara os movimentos da casa ou em como o tempo passara rápido. Se aproximou suavemente de Inosuke, que continuava dormindo, e se agachou do seu lado.
-- Inosuke, está na hora de acordar - e o chacoalhou levemente.
O rapaz resmungou alguma coisa e virou para o outro lado. S/n não sabia dizer se ele estava acordado ou não. Esperou alguns instantes, mas ele não se moveu. O cutucou nas costas.
-- Eu já ouvi! - ele gritou.
S/n levou um susto, mas não gritou.
-- Hum, bem... O café da manhã está pronto, mas se quiser dormir mais um pouco...
Ele se levantou com um pulo, fazendo com que a frase fosse cortada pela metade.
* * *
Seus olhos focaram as ataduras no braço dele enquanto andavam pela estrada de terra. Se perguntou mentalmente se ele ficara bravo com ela, pelo que havia feito ontem. Ele estava agindo normalmente o que devia ser bom, mas por que essa sensação ruim não ia embora? O rapaz continuou seu caminho daquele jeito hiperativo, não andando em linha reta e dessa vez estava dando cabeçadas nas árvores que encontrava pelo caminho.
Andaram por um bom tempo. O sol já estava exatamente em cima de suas cabeças quando avistaram a vila. Quando se aproximaram o suficiente, s/n sentiu um nó se formar em sua garganta. Segurou o cabo de sua espada com as mãos trêmulas.
-- O que foi? - Inosuke se virou em sua direção. Só então percebeu que havia parado de andar.
-- Ãhn... Nada.
Devia se controlar. Por mais que quisesse sugerir que pulassem essa vila e fossem para a próxima. Respirou fundo. Não podia ser fraca assim, estava tudo bem. Retomou a caminhada.
A vila estava cheia de gente nas ruas. Todos vestindo seus melhores kimonos e yukatas. Quiosques estavam espalhados por aí e crianças corriam com sorrisos estampados no rosto.
-- O que é isso? - Inosuke apontou para tudo aquilo.
A jovem demorou um pouco para processar o que ele estava dizendo. Estava concentrada demais em tentar não transparecer o que estava sentindo que estava com um pouco de dificuldade em formular algum raciocínio. Seu peito estava tão apertado e a garganta tão seca que mal conseguia pensar.
-- É um festival. As pessoas fazem isso para comemorarem alguma coisa. Tem alguns jogos e comida, mas geralmente acontece de noite.
Não era possível ver sua expressão através da máscara de javali, mas pela linguagem corporal não parecia estar muito confortável com aquela multidão de pessoas. Ela podia falar o mesmo de si mesma.
-- Vamos, tá na hora do almoço - conseguiu dizer gentilmente. - Você quer escolher um restaurante?
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Eu deveria estar estudando agora... | ू•ૅω•́)ᵎᵎᵎ Bem, aqui está o glossário:
Futon: colchão oriental.
Oni: demônio
Nichirin: espada usada pelos caçadores de onis.
Kimono: vestimenta tradicional japonesa.
Yukata: um tipo de kimono.
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Imagine - Inosuke Hashibira
FanfictionS/n apenas recebera duas lições de seu pai: não incomode as pessoas e seja útil. Por isso resolveu se tornar uma caçadora de oni. Sua vida está prestes a virar de cabeça para baixo com a chegada de Inosuke Hashibira.