Inosuke se atrapalha com as palavras

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  S/n deu uma fugida da Mansão Borboleta para ver as flores de cerejeira. Clichê. Sim, de fato. Mas como sua irmã sempre gostou de vê-las, a garota pensou que devia aproveitar a vista por ela.

  Não precisou se afastar muito dos muros de bambú da mansão para ter uma boa visão das cerejeiras. Suas flores rosadas balançavam com o vento. Era uma bela visão.

  Se aproximou ainda mais e passou a caminhar embaixo daquelas copas repletas de flores. Infelizmente, as pétalas já estavam caindo, forrando o chão com aquele tom rosa delicado, mas não deixava de ser uma bela vista.

  S/n encheu os pulmões com o ar fresco da primavera. O cheiro das flores de cerejeira era delicado e sutil, a jovem gostou disso.

  Se perguntou mentalmente se devia ter chamado os rapazes para caminhar contigo, mas pensou em como Tanjiro e Zenitsu pareciam estar aprontando algo e como Inosuke estava estranhamente quieto e concluiu que a decisão de vir sozinha fora a mais correta.

  Os raios de sol iluminavam as pétalas das flores que caíam no chão. S/n sempre gostou mais do inverno, com sua calma neve caindo do céu, mas percebeu que também gostava bastante daquilo. Um passarinho cantava alegremente em um galho. Seria um pardal?

  S/n novamente se perguntou mentalmente como as coisas seriam diferentes se sua irmã ainda estivesse viva. Ela estaria caminhando consigo neste exato momento? Provavelmente sim. Conhecendo Yumi do jeito que é, ela teria surtado se recebesse a notícia que sua irmãzinha havia lutado contra uma Lua Inferior e teria feito um escândalo quando S/n acordasse.

  A jovem suspirou. Yumi iria adorar conhecer os rapazes. Provavelmente iria gritar com Zenitsu, trançar os cabelos de Nezuko, tomar chá com Tanjiro e gritar mais um pouco com Inosuke.

  S/n foi arrancada de seus pensamentos quando ouviu o som de passos se aproximando. Será que Aoi havia descoberto a sua fuga e veio lhe dar uma bronca, pois devia ficar de repouso? No fundo S/n sabia que não. Conhecia aquelas passadas largas e confiantes.

  Se virou e viu Inosuke se aproximando. Ele não estava usando sua tradicional máscara de javali e S/n não entendia o motivo daquilo. Parecia estar nervoso. Apesar de andar de maneira confiante, tinha as mãos enterradas nos bolsos da calça e não encarava S/n nos olhos.

  Ele parou a alguns metros de distância e ficou quieto. Seu rosto parecia estar vermelho, o que deixou a garota ainda mais confusa. O que estava acontecendo com ele hoje? Antes estava quieto e agora vermelho. Resolveu esperar ele dizer algo, mas ele permaneceu calado.

  Será que estava doente? Essa foi a primeira possibilidade que passou pela mente de S/n. Ela se aproximou de Inosuke e estendeu o braço para tocar a testa dele, afim de verificar sua temperatura.

  -- Você está se sentindo bem, Inosuke? - perguntou.

  O rapaz pareceu se assustar com o ato repentino e segurou seu pulso com força, mas não o suficiente para machucar. Os dois ficaram parados em silêncio por mais alguns segundos.

  -- Você... Está bem? - perguntou de novo, mas com um tom mais hesitante.

  Inosuke estava estranho e isso também estava a deixando nervosa. Ele soltou seu pulso e apontou um dedo na sua cara. S/n teve que recuar para que ele não enfiasse o dedo em seu olho. O rapaz começou a gritar:

  -- EU NÃO CONSIGO PENSAR DE PARAR EM VOCÊ!

  A jovem não entendeu nada. "Pensar de parar"? Parar o quê? Ela fizera algo de errado? Ele ficou ainda mais vermelho e continuou a berrar com S/n.

  -- TE MUITO AMO VOCÊ EU SIM!

  Os dois ficaram se encarando por alguns momentos. S/n continuava tão confusa quanto antes, se não um pouco mais, e sua primeira reação foi cair na risada. Não entendia nada, mas achava engraçado a maneira como ele se atrapalhava todo com as palavras quando ficava nervoso.

Inosuke corou até a raíz do cabelo e saiu correndo de lá. Em algum ponto fora do campo de visão dos dois, Zenitsu resmungava e surtava silenciosamente por conta da estupidez de seu amigo e Tanjiro tentava acalmá-lo.

  S/n demorou exatamente treze segundos para traduzir o que ele havia dito e foi a vez dela de ficar toda vermelha e atrapalhada. "Eu não consigo parar de pensar em você. Eu te amo muito." Ela queria se transformar em uma das árvores de cerejeira ou se enterrar em um buraco no chão. A garota havia caído na risada e devia pedir desculpas. Rápido.

* * *

  S/n havia cozinhado dorayakis com a ajuda de Aoi. Estava tão atrapalhada que Aoi fez a maior parte do doce, mas isso não importava. S/n encontrou Inosuke sentado na varanda exterior da Mansão Borboleta, olhando para o nada. Ele estava sem a sua máscara de javali. Suas mãos estavam trêmulas, mas devia fazer isso.

  Respirando fundo, se sentou ao lado dele e depositou a bandeja com os dorayakis no meio dos dois. Inosuke levou um susto e quando percebeu de quem se tratava, corou e desviou o olhar.

  As palavras pareciam estar entaladas na garganta de S/n, mas ela não podia fraquejar agora. Respirou fundo e disse:

  -- Eu cozinhei isso, com a ajuda da Aoi, pra você - e empurrou a bandeja para mais perto dele. - Me desculpa por ter dado risada de você antes, tá?

  Inosuke pegou a bandeja e ficou encarando os doces, mas não comeu eles.

  Novamente, a voz de S/n foi embora. O calor subiu para as bochechas. Fechou os olhos, respirou fundo, reuniu toda a sua força de vontade e mais um pouco e disse:

  -- Eu também te amo, Inosuke.

  Ela se surpreendeu por não gaguejar. Inosuke arregalou os olhos e olhou para S/n. Para a surpresa dela, deixou a bandeja de lado e antes que a garota pudesse perguntar se ele estava bem por recusar comida assim, Inosuke a empurrou seus ombros, a deitando no chão, e ficou em cima de você.

  S/n esqueceu como é que se pensava. Inosuke estava radiante, sorria e seus olhos brilhavam de alegria.

  -- Você também me ama? Mesmo?

  S/n devia estar tão vermelha quanto uma pimenta malagueta. Sua resposta devia ter sido algo como:

  -- Hãm... Hum eh.

  Mas Inosuke pareceu enteder. Ele aproximou o rosto do seu, encostando a testa dele na sua. Ficaram por alguns momentos apenas aproveitando o calor um do outro antes que Inosuke se aproximasse ainda mais, para um beijo.

  Foi um beijo de verdade, de língua. Os dois transmitiam os sentimentos que não conseguiam expressar com palavras naquela troca de saliva. Inosuke não era muito delicado, mas S/n não se importava com isso.

  Os dois se separaram para poder respirar. Ambos estavam corados e ofegantes. Inosuke murmurou:

  -- Muito lenta.

  E recomeçou a beijá-la. S/n nunca havia se sentido tão feliz antes. Estava tudo bem, parecia que todos os seus problemas haviam simplesmente desaparecido. E o que mais a alegrava era que poderia passar quanto tempo quisesse ao lado do homem que amava.

Fim

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  Enfim, chegamos ao final do livro. Eu ainda irei escrever um epílogo, então não vão embora ainda. Vou deixar todo o meu carinho e os agradecimentos lá, esperem por mim. (ʃƪ˘з˘)

  Eu sei que ninguém liga, mas sempre que eu vou escrever um capítulo, eu deixo a minha playlist tocando no aleatório e quando eu comecei a escrever a cena do beijo começou a tocar Love is a bitch de Two feet. Até eu fiquei vermelha. (。・-・)

  Aqui está o glossário de hoje:

  Dorayaki: espécie de panqueca japonesa que pode ter vários recheios.

Imagine - Inosuke HashibiraOnde histórias criam vida. Descubra agora