Uma caminhada na floresta

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  S/n pulou o café da manhã. Deu uma desculpa esfarrapada e agora estava sentada na varanda, olhando para a neve levemente emburrada. Encostou a cabeça em um pilar de madeira que estava próximo.

  Não devia ter forçado a comida ontem a noite. Ela estava pesando em seu estômago e não estava sentindo fome por conta de sua irmã e também por conta da conversa que tivera com Akari mais cedo nesse mesmo dia. Esse era seu principal motivo de estar emburrada.

* * *


 Acabara de acordar. Saira do quarto silenciosamente para não acordar Zenistu e Inosuke, que ainda estavam dormindo, e estava indo para a cozinha quando trombou com Akari. Ela sussurrou as seguintes palavras em seu ouvido:

  -- Saia do meu caminho. O Inosuke nunca vai te amar.

  Aquilo a deixou com muita raiva. Quem ela pensava que era para afirmar algo assim? Conhecera ele na noite passada e não fazia a mínima ideia do que se passava dentro de si, então não podia afirmar com certeza que S/n gostava de Inosuke. 

  Aquilo soou como um desafio e S/n era competitiva. Já se descontrolara na frente de Inosuke uma vez, foi em um festival e acabara tendo que lutar com ele. Se aceitasse teria que seduzí-lo e ela não faria isso apenas para mostrar a sua superioridade. Seria cruel com ele. Se fosse para que se apaixonasse por S/n, que fosse de maneira natural, não forçada. Ela não iria cair nessa, não iria se abaixar no mesmo nível que Akari.

  -- Faça como quiser - foi a sua resposta.

  Akari pareceu levemente surpresa, mas logo recuperou a postura e disse:

  -- Ótimo. Porque se o Inosuke quisesse uma tábua de passar roupa, ele comprava.

  Ela deu uma risada debochada e aquilo quase fez com que S/n se descontrolasse. Quase. Os onis mereciam sua raiva, seu irmão merecia sua raiva, mas Akari não. S/n nem era tão tábua assim.

  -- E se ele quisesse um pedaço de merda, ele cagava.

  Não foi uma resposta inteligente, mas S/n não se arrependia de ter dito aquilo.

* * *


 Suspirou ao se lembrar disso. Se perguntou se havia exagerado ao dizer aquilo, mas ainda assim não se arrependia de nada. Akari havia merecido cada palavra.

  -- Ei! Você aí!

  S/n sabia quem era antes mesmo de vê-lo, reconhecia a sua voz. Inosuke se aproximava à passos largos e firmes. Quando se aproximou o suficiente, agarrou seu pulso e começou a arrastá-la na direção da floresta.

  A garota não entendeu nada, por isso parou de andar e puxou o braço de volta.

  -- O que você tá fazendo?

  Não podia ver a expressão no rosto dele por conta da máscara de javali, e isso deixava tudo ainda mais confuso. Inosuke apontou para o seu rosto e disse:

  -- Você tá doente.

  S/n deixou essa ideia amadurecer na sua cabeça. Não estava com febre, não sentia o corpo doer e nem estava pálida, pelo menos achava que não estava pálida, mas pulara o café da manhã. Não comer significava estar doente? Bem, se tratando de Inosuke talvez a resposta seja "sim", pois no momento em que ele recusar comida o mundo estará preste a acabar.

  -- Eu não estou doente.

  -- Tá sim. Os animais da montanha ficam quietos e não comem nada quando ficam doentes.

  S/n não gostou muito de ser comparada a um animal de montanha, como um javali, mas não comentou nada disso em voz alta. Ficou minimamente feliz por ele ter percebido sua mudança de comportamento e ter se importado, mas só minimamente. As borboletas em seu estômago voltaram a bater as suas asas alegremente.

  Ainda não entendia o porquê de ele a estar levando para a floresta e antes que pudesse perguntar, Inosuke agarrou seu pulso novamente e voltou a andar na direção das árvores sem folhas. Dessa vez ela não resistiu, estava um pouco curiosa.

  Andaram por alguns minutos e ele ainda não havia soltado seu pulso. S/n se perguntou se ele tinha medo de que fujisse caso a soltasse, mas novamente não disse nada. Confessava que gostava um pouco daquela sensação, mas só um pouco e nunca iria admitir isso em voz alta.

  Parecia que chegaram aonde ele queria, pois finalmente a largou. S/n olhou em volta, mas não via nada de especial, só árvores desfolhadas por conta da estação, neve, terra, e um guincho agudo chamou sua atenção.

  Inosuke havia enfiado na mão dentro de um tronco de árvore. Um ninho de esquilo? Ele havia a trazido até aqui só para estrangular um esquilo?

  -- O que você tá a fazendo? - sua curiosidade falou mais alto.

  Rezou para que ele não tivesse matado o coitado do esquilo.

  Inosuke retirou seu braço do ninho e estendeu a mão para S/n, ele segurava alguma coisa. A garota também estendeu o braço para receber o que ele havia retirado da árvore. "Que não seja um dente", pensou S/n.

  O que ela recebeu foi uma noz. Olhou confusa para a noz por alguns instantes. O que isso tinha a ver com ficar doente? Refletiu por um momento e se lembrou que uma vez Akiko, a empregada de sua casa, havia dito que nozes faziam bem para o intestino. Será que Inosuke pensava que ela estava com dor de barriga? 

  Ela não havia comido nada de estragado para ficar com dor de barriga. De repente, a imagem de uma Akari transformada em um tubérculo cabeludo passou por sua mente. Isso sim era algo amargo de digerir.

  Uma leve risada escapou de seus lábios. 

  -- O que é tão engraçado?! - Inosuke perguntou. - Eu não contei nenhuma piada pra você rir! 

  Foi a vez de S/n fazer algo inesperado. Ela abraçou o rapaz, envolvendo o pescoço dele com os braços. Seu coração pulou alegremente e as borboletas se agitaram um pouco mais.

  -- O quê é isso?! Algum tipo de golpe?!

  Inosuke parecia surpreso, mas não a empurrou para longe. S/n logo se afastou com um sorriso nos lábios.

  -- Obrigada por isso, já estou me sentindo melhor - ela guardou a noz. - Vamos voltar, Tanjiro vai ficar preocupado se a gente ficar fora por muito tempo.

  Os dois caminharam de volta para a casa dos Yamamoto. Dessa vez o humor de S/n estava um pouco melhor. Ela até estava sentindo seu apetite abrir um pouco.

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Taisho Secrets

Apesar de ser muito ruim com medicamentos e ervas medicinais, S/n ainda se lembra de algumas coisas que Akiko a ensinou quando criança, pois ela dizia que se uma bruxa envenenasse Yumi, era S/n quem devia salvá-la, mas era apenas para que a pequena prestasse atenção.

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 Ah, sei lá. Eu gostei desse capítulo. Eu achei que ficou fofo, e vocês? (⊃˘ᵌ˘)⊃

  Eu sei que vocês estão com raiva da Akari, mas não s preocupem. Eu preparei algo bem "especial" para ela. (つ ͡° ͜ʖ ͡°)つ

  E olha que milagre, parece que hoje não teremos um glossário! (⚆。⚆)

Imagine - Inosuke HashibiraOnde histórias criam vida. Descubra agora