Capítulo 6

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Música do capítulo: Stay- Post Malone. Deem Play e boa leitura.

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Natalie saiu de casa um pouco mais cedo do que havia combinado com Priscilla, queria ter um momento sozinha naquele lugar, porque as lembranças invadiam constantemente sua cabeça. Sentada no gramado olhava para o seu lado, para o nada, imaginando quando Katarine sentava ali e a abraçava de lado ou deitava com a cabeça em seu colo.

No fim de tudo teria que aprender a viver sem ela, o tempo não estava ajudando, mas o que seria capaz de ajudá-la? Se enxergava tão sozinha, em abandono interno, o que é bem pior.

Ainda doía em seu coração como no primeiro dia, era um vazio que não se preenchia nunca, foi-se tudo que tinha de bom com sua namorada, principalmente a vontade de viver.

Priscilla, ainda estava no ônibus olhando pela janela, imaginava nas pessoas lá fora várias histórias, mas qual delas se assemelham a sua?

Quantas mulheres realmente no mundo vivem igual ela? Com certeza vai muito além do que os números mostram. Mulheres presas nas garras de homens perversos, que machucam, humilham, que não dão a liberdade de viver como todas merecem.

Diferente dela, porque Jhon não faz questão de demonstrar afeto, muitos homens ainda mostram o machismo disfarçado de amor, o ciúme exagerado que prende, a agressão seguida de desculpas e declarações, a idealização da mulher cuidadora do lar e que não pode ou precisa trabalhar, pois é o homem da casa que precisa prover o sustento, aquele que bate, porque se acha superior, que não deixa ter amizades, que abusa a própria parceira, já que acredita ser um papel a ser seguido por ela...

São tantas vidas como a de Priscilla...

Se não fosse a paixão pelos livros teria perdido também, assim como Natalie, toda sua vontade pela vida. Mesmo que fossem migalhas ela ainda se deleitava sobre a escrita, saboreava o sabor das palavras e se distanciava de sua dolorosa realidade. Porque, amava fazer viagens em cada página escrita.

Pri percebeu que estava chegando próximo de descer do ônibus e tocou em seu rosto para despertar de seus pensamentos, estava longe sem nem precisar sair do lugar.

Quando desceu do ônibus com seu livro em mãos, caminhou em direção àquela árvore onde se encontraram há duas semanas atrás. Estava ansiosa, porque era uma mulher diferente de todas as outras e querendo ou não era um encontro, não romântico, mas era.

Ao se aproximar percebeu que Natalie já estava lá, sentada no gramado em baixo da árvore, parecia longe como na primeira vez que a viu.

Priscilla sabia que o que estava fazendo era perigoso, se Jhon se quer descobrisse que ela anda saindo para se encontrar com Natalie, a história não teria um fim tão bom, mas ela também não estava nem se importando, porque queria aquilo, queria ter um momento diferente e de ócio em sua vida.

Ao perceber que Priscilla vinha, Natalie se levantou para recebê-la e inevitavelmente aquele aperto no peito que sentia antes, parecia não estar mais ali, sorriu encantada com o gracejo da mulher que andava em sua direção. Quem a olhasse perceberia que havia adotado um brilho no olhar, que há tempos ninguém via. Estava encantada com Priscilla, porque finalmente se permitiu olhá-la com uma paz diferenciada em si, percebeu mesmo a distância traços pouco observados naquele domingo que se conheceram. Não sabia nada sobre ela, mas gostaria de saber mais, queria desvendar a caixinha de surpresas que Priscilla parecia ser. Natalie não deixou de notar o quanto o sorriso tímido dela era lindo.

Quando se aproximaram em definitivo trocaram um abraço apertado, acolhedor, quentinho... uma acolhida realmente merecedora para as duas. E sentiam a conexão, mesmo que não entendessem a essência daquilo, mas era tão bom que se deixavam apreciar. Se fosse assim todas as vezes que se abraçassem desejavam fazer mais vezes.

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