Música do capítulo: Perfect - Cole Norton
Boa leitura!
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Antes que Priscilla precisasse sair de casa para se encontrar com Natalie fez seus afazeres diários, aqueles que sempre esteve sujeita para agradar Jhon. Por pouco não estaria se lamentando por não poder sair de casa, já que naquele mesmo dia seria a folga de seu marido, mas por algum motivo de força maior ele mudou para o dia anterior.
Esse "motivo de força maior" poderíamos chamar de destino mesmo.
Quando terminou de se arrumar Priscilla ficou em frente ao espelho se olhando, rosto sem resquícios de maquiagem, lábios levemente vermelhos, cabelos úmidos do banho recém tomado. Nada pareceria diferente se não fosse um detalhe simples que para ela era de extrema raridade, seus olhos brilhavam... como se a parte boa de sua vida, há tanto tempo adormecida, tivesse sido despertada.
Ela é sensível o bastante para reconhecer esse detalhe em si mesma, teve anos para aprender a se conhecer como nunca teria se vivesse uma vida dentro do comum. Aprendeu a reconhecer seus limites, limites esse que Jhon fazia questão de ultrapassar. Teve experiências que fizeram florescer a mulher forte que ela representa, é mais uma que suporta por tantas vezes viver nas mãos de um homem sem caráter, indigno de ter uma mulher como ela.
Ah se fosse fácil apenas fugir...
Já tentou muitas vezes, mas para onde iria sem dinheiro e família que a acolhesse? A quem denunciaria se Jhon é policial justamente para acobertar suas falcatruas? Ele tem influência lá dentro, nem através da justiça poderia buscar uma saída. E se chegasse a conseguir algo não seria difícil que em pouco tempo sua vida teria um destino bem traiçoeiro, como muitos já teve nas mãos de Jhon.
Priscilla tocou em seus cabelos, arrumando-os. Sentia-se mais leve nos últimos dias, não poderia negar isso, não tinha como negar algo tão vivo dentro de si, como uma chama queimando... mesmo que ainda muito tímida e bem sorrateira.
Era novo, suave, doce de ser apreciado.
Priscilla foi uma mulher de poucas experiências amorosas antes de Jhon, não sabia o que era o amor romântico vivido e ainda mais com recíproca. O que tinha de conhecimentos sobre isso era o que escrevia em seus livros e isso não é digno de experiências, o sentir é que é verdadeiramente válido.
Descobriria da melhor forma o que é ser amada de verdade e o que é viver o amor. Sentiria em sua pele, na alma e chegou ao ponto exato disso. Estava a um passo do colapso físico e mental e, então, Ela apareceu, para que Priscilla desce mil passos regressivos e sentisse bem como nunca esteve.
Muitos acontecimentos na vida ocorrem como devem ser, não como queremos. Às vezes é difícil de entender os propósitos disso, talvez em algum momento chegaremos a compreensão ou talvez não. Mas, tudo nos agrega, seja coisas boas ou ruins. As ruins muitas vezes nos ajudam a crescer mais que as boas, porque dói tanto que no mínimo deve ter algum aprendizado.
Priscilla compreendeu que homens não são confiáveis e não importa quem ele seja, se é seu pai, marido, irmão, tio. Todos vivem em uma mesma sociedade, aquela que ensina a serem sórdidos com qualquer mulher. Mesmo aqueles homens que por sua criação tenham crescidos aprendendo a respeitar mulheres, cedo ou tarde cometem deslizes grotescos, porque é do cotidiano de todos nós.
Pri, é só mais uma vítima do sistema.
Ao sair de casa, Priscilla respirou fundo, era a sensação da liberdade mesma que momentânea sendo sentida. Os detalhes coloridos da rua tomando-lhe a atenção, apreciava do que seus olhos tinham o prazer de ver, as pequenas flores, o verde das árvores, os grafites em algumas paredes, era tudo bonito aos seus olhos. Aquele dia estava nublado e fazia calor, mas era um dia bonito apesar disso.
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Need you
FanfictionPriscilla se sente amada pela primeira vez. Natalie descobre que só um novo amor pode curar. Casada com Jhon, policial e milionário, Priscilla passa por momentos que dilaceram sua dignidade, seria ingênuo demais pensar que ela poderia apenas fugir...