Capítulo 12 - O diario de Anne e a carta para Anne

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Anne estava no banco da frente ao lado de sua mãe, ambas não falaram nada. O coração da menina estava acelerado e as mãos suadas. Ela estava com medo, e quando olhava para os olhos da mãe, via raiva e decepção. Ela não conseguia pensar muito, não conseguia falar nada. Aquelas 2 horas que passaram no carro pareciam não ter mais fim.
- Desça! - ordenou a mãe, Anne continuou imóvel - Desce logo menina! - Anne finalmente desceu.
Amália enfia uma carta na mão da filha, e antes de finalmente entrar no carro empurra a garota barranco abaixo assim que cai, a mulher joga um caderno na direção de Anne, e sua mochila de acampamento logo em seguida.
- Esse escoteiro te ensina a viver na mata né? Se vira! - Amália entrou no carro e saiu em alta velocidade, deixando a menina de 14 anos ali.
Anne ficou parada em meio as folhas por alguns minutos, sem pensar em nada. Quando pegou o diário do chão, entendeu naquele instante, o que acabara de acontecer. Anne se beliscou e se mordeu para ver se aquilo não era apenas um pesadelo. Mas era tudo real. Os braços da menina sangravam por causa das mordidas. Anne então com lagrimas nos olhos, começou a ler a carta:

Anne

Eu sabia que ter filho com o gene ruim do viado do seu pai poderia trazer consequências, e pelo visto você nasceu contaminada com isso. Você é igual aquele imundo de HIV. Quando me casei de novo achei que estaria lhe protegendo daquele porco e desse mundo de bichas. Achei isso até ontem Aurora achar o seu diário e me mostrar que você tinha uma namorada. Realmentente, o que posso fazer agora é te manter longe da minha família para proteger meus outros filhos puros como Deus os criou. Aliás, a Helena já foi demitida e Bernardo vai sair do escoteiro, esses lugares são sempre cheio de pessoas assim. Agora se vira aí, mas se você decidisse se enforcar ou pular de um prédio o mundo agradeceria. Não precisamos de pessoas como você. Ainda não sei como alguém como você saiu de mim, tão santa e pura. Por que tive que transar com aquele canalha gay 14 anos atrás? Não aguentarei alguém assim, principalmente em minha família.

Com amor, Amália.

Anne leu a carta, e depois releu, e leu outra vez. Ela não conseguia acreditar. Então sua mãe realmente nunca a considerou da família. Os olhos da menina estavam cheios de lágrima. "Eu sou uma imundice, nem minha própria mãe me ama. Ela está certa eu deveria me matar!"
Anne gritava e voltou a morder seus braços com força. O sangue estava por todo o corpo da menina e ela estava furiosa. As roupas sujas de lama, e os olhos fervendo. Enquanto de abatia, a garota caiu no chão.
Depois de alguns minutos no chão, a dor física se juntou a dor emocional, e Anne se recompôs e organizou seus pensamentos, e nisso lhe ocorreu outro surto:
- COVARDE! - ela subiu do barranco até a estrada vazia e começou a gritar - VOCÊ NEM TEVE CORAGEM DE ME DIZER ISSO NA MINHA CARA! SUA COVARDE, VEM ME MATAR AGORA! VEM!
Os gritos de Anne ecoaram para o nada, mas esperasse que sua mãe o ouvisse, mesmo estando longe de tudo aquilo. A menina voltou ao barranco, pensando o que faria durante a noite, e o que faria com suas feridas.

Para Anne um arco irisOnde histórias criam vida. Descubra agora