A New Life begins

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Fevereiro chegou junto com Yara. Jean tinha acabado de voltar de Brasília, e chegou pela segunda vez na fazenda segurando um pacotinho com cara de joelho.
Agora já tinha dois meses de experiência com bebês, mas mesmo assim estava difícil cuidar. Jean não era mais o mesmo que engravidou aquelas meninas na escola, agora era um homem cansado que lutava e trabalhava para que suas filhas não morressem.
Trabalhou como motoboy, vigia, garçom e até mesmo streeper para sustentar as garotas. Seus avós o ajudava a cuidar das meninas, mas já eram aposentados e o dinheiro não era o suficiente. Os dois primeiros anos foram os mais difíceis para Jean, que começou a se cortar com mais frequência, chorava sempre que podia e várias vezes pensava que a única solução era o suicido.
Mas se ele morresse, não restaria ninguém para cuidar das meninas, e ele prometeu a todos que seria um bom pai, e que cuidaria delas, e isso o dava forças.
Em 2005, em seu emprego de streeper, Jean conheceu Oliver. O jovem homem moreno, com o início de uma barba com óculos se sentou na frente de Jean, que estava quase nu. Ele estava meio bêbado já, e durante um tempo, ficou o encarando enquanto dançava.
- Quanto custa pra você me beijar? - Ele pergunta, e Jean cora.
Esse dia marcou o início do namoro dos dois. Oliver mudou-se para a fazenda, que era mais barato que o apartamento. Ele tinha 20 anos, e estudava história em uma faculdade local. Se deu bem com as garotinhas e nisso, uma nova vida para todos começou alí.
Jean voltou para a faculdade de design de moda e começou a fazer terapia. Continuou como stripper, até porque pagava "bem", mas em pouco tempo conseguiu estágio com uma estilista famosa do Paraná, que pagava ainda melhor que a boate.
Como pai, Jean começou a lidar com a fase mais arteira de Yara, que provavelmente destruiu a casa 5 vezes em um ano, e a silenciosa Anne, que falou sua primeira palavra aos 3 anos, e essa palavra foi "Copic".
Anne era bem próxima do pai. Passava os dias no escritório dele lendo ou desenhando. Apesar de não ser muito comum, Anne aprendeu a ler antes de falar por ensinamentos da bisavó, e isso se tornou paixão da garotinha de dois anos, assim como desenhar, imitando o pai. Anne também explorava bastante junto de Yara, e as meninas conheciam aquela fazenda inteira. Lugares nomeados por Yara como "Clareira do arco-íris" (uma clareira ao lado de uma cachoeira) e "Campo de Lavanda e Algodão" (um pequeno jardim de lavandas onde uma das ovelhinhas sempre brincava).
As garotas começaram a ir para creche no ano seguinte. Anne sabia ler, e por isso foi adiantada, mas isso não durou muito tempo. Anne foi embora um mês depois.
- Você quer mesmo que ela cresça com um pai gay? - Amália dizia, segurando a pequena Anne no colo.
- Eu prometi que ia cuidar dela... - Jean diz em lágrimas.
- Quatro anos foram o suficiente! Ela vem comigo, e você vai pagar os estudos dela já que é tão importante para você!
Amália foi embora com Anne ao aeroporto sem deixar a menina se despedir do pai, de Oliver, da irmã ou dos bisavós, ela só foi em silêncio no colo da mãe. Essa foi a última vez que viu o pai, mas Anne não se lembra desse dia, não se lembra de ver seu pai chorando, e de ser pega por sua mãe apenas com a roupa do corpo, e levada para a mansão que passou dez anos da sua vida, com irmãos, e nenhum deles era Yara.

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⏰ Última atualização: Dec 20, 2020 ⏰

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Para Anne um arco irisOnde histórias criam vida. Descubra agora