Capítulo 14 - Help!

3 1 0
                                    

Mesmo depois de chegar em Brasília 2 dias depois, Anne não acreditava no tamanho da sorte que teve ao ser salva por aquele caminhoneiro. Agora, a menina de 14 anos estava saindo da rodoviária, toda suja, fedendo e sem escovar os dentes e nem tomar banho por 4 dias. Ela tinha dormido grande parte da viagem de ônibus, então pelo menos cansaso não seria o problema.
Novamente suas capacidades de andarilha a surpreendeu. Sem dinheiro para ir de ônibus, Anne foi andando com a mochila e uma garrafa de água cheia nas mãos até Águas Claras. Não demorou muito para chegar, mas andou no mínimo 10km. Anne não se lembrava do nome do condomínio de Helena, mas não tintam muitos prédios vermelhos com mais de 20 andares por lá. Quando finalmente o encontou, Anne conseguiu falar com o porteiro, que deixou a menina que parecia uma mendiga entrar, mesmo com olhares tortos e desaprovação, mas não era atoa. Seus cabelos pareciam gravetos e sua pele estava tão áspera que talvez servisse de lixa.
Era mais ou menos duas da tarde quando Anne bateu na porta da casa de Helena. Uma música alta tocava lá de dentro, que Anne achava ser dos Beatles. Quando a porta abriu, quem atendeu foi Freddie, que ao ver quem estava em sua frente, e o estado na qual se encontrava, deu um pequeno pulo para trás e sua boca se abriu em um O:
- ANNE! - ele grita tão alto que ecoa no corredor - O QUE ACONTECEU COM VOCÊ?
Anne não conseguiu falar muita coisa, quatro palavras conseguiam sair de sua boca:
- Por favor, me ajude...
Nesse mesmo momento, a música que tocava exclamou "please, help me!"

Laufey estava em casa jundo de Freddie, e viu a menina a entrar em casa com uma reação parecida com a do namorado. Laufey se levantou e pegou a pesada mochila de acampamento de Anne:
- Meninia, vai tomae banho! Depois do banho você nos explica tudo. Você parece detonada.
- E realmente estou...- apesar de não está com sono, a voz dela estava em bocejos.
Laufey pegou uma toalha limpa e um sabonete novinho em folha. Anne foi para o banheiro social, onde ficou por muito tempo. Enquanto tomava banho, os namorados conversavam e especulavam o que poderia ter acontecido:
- Será que sequestraram ela? - indaga Laufey.
- Não sei, mas Helena ficou muito abalada com o sumiço, ainda mais depois que foi demitida. - responde Freddie - parece que ela não come há um tempão, e você viu como a pele dela tá? Sem falar nos braços, ela tá com o braço engessado.
- CARALHO! - exclama Laufey - EU NÃO PERCEBI QUE ELA TAVA COM GESSO E MANDEI ELA BANHAR!
Os dois se entreolharam:
- Melhor você ver como ela tá.
Laufey foi correndo para o banheiro, e para sua sorte, Anne não havia se molhado, na verdade, não dava conta de tirar a roupa por causa do braço quebrado:
- Acho que vou ter que te ajudar a banhar. - Disse Laufey, Anne continuou calada, mas assentiu com a cabeça.
Laufey ficou quase uma hora no banheiro com Anne ajudando-a a se lavar. O sabonete literalmente desapareceu de tanta sujeira que tirou. Teve também que ajudar Anne a se vestir. Não tinham roupas limpas na mochila da menina, mas por sorte tinha uma calcinha que não estava suja. Laufey vasculhou os guarda-roupas da casa em busca de algo que servisse nela, e achou algumas roupas do Freddie. Com uma calça jeans, uma blusa preta do Eddie Van Hallen e cabelos escovados, Anne se sentia mais leve e bem melhor:
- Obrigada, Laufey...- Anne disse timidamente.
- Nada, amiga. - Laufey sorri e d auns tapinhas nas costas de Anne - Agora pegue um sanduiche e nos conte o que te deixou assim.

Assim como o caminhoneiro, os dois ficaram chocados com a história. Ao lerem a carta. Freddie ficou chocado e Laufey começou a chorar. Os três ficaram em silencio por um tempo, apenas tentando digerir a situação.
- Vou ligar para mamãe e Helena. - Freddie fala - Elas saberão o que fazer.
Depois da ligação Freddie explicou que elas estavam indo para casa. Enquanto isso, os três foram jogar adedonha para passar o tempo.

Dália e Helena chegaram em uma hora, e a primeira coisa que fizeram foi abraçar Anne com muita força:
- Você está viva! - Dália se soltou de Anne.
- Amorzinho! - Helena não solta o abraço, e começa a chorar. Anne não se opõe e também chora - Você não faz ideia do tanto que senti sua falta.
- Nem você...- elas dão um breve beijo muito fofo.

Novamente contou toda a história, dessa vez para Dália e Helena. Parecia que a terceira vez falando era menos doloroso. Anne e Laufey foram jogar adedonha outra vez, enquanto Freddie, Helena e Dália pensavam no que fariam:
- Ela pode ficar aqui né? - pergunta Freddie.
- Não tenho certeza quanto a isso...- responde Helena
- Por quê? - Dália e Freddie perguntam em uníssono.
- Pode ser perigoso se alguém da família encontrar ela aqui, podem achar que somos sequestradores.
- Verdade...- Dália fala tristemente.
- E ainda tem o fato da escola dela, o que a gente faz? Se ela continuar indo pode ser estranho, e se faltar também, depende do que a mãe dela falou.
- E se ela reprovasse esse ano, até descobrimos o que fazer? - sugere Freddie - pode ser mais seguro.
- Na verdade...- Helena suspira - Talvez tenhamos que encontar o pai de Anne. Vocês viram a carta, provavelmente ele tá vivo ainda, e a mãe da Anne apenas falou mal dele.
- Mas enquato isso... - Dália falou - Melhor que ela não vá pra escola, perder um ano na escola não é tão mal, e isso é para a segurança dela.
- Então ela vai ficar aqui? - Freddie pergunta?
- E temos escolha? - Dália sorri, e conta a noticia para Anne.
- Mas não vou ser incômodo pra vocês? - a menina pergunta.
- Não, salvar a vida de alguém que amo nunca é um incômodo - Helena da um beijinho na testa de Anne.
- Mas...- adiciona Dália - Você não pode ir para escola.
Anne apenas concordou. Apesar de tudo, a sorte estava tão generosa com ela que a garota estava com medo de uma maré de azar vir logo em seguida. Adianto de antemão que essa menina tem pé quente para sorte, e talvez, ser expulsa de casa temha sido a maior de suas sortes.

Para Anne um arco irisOnde histórias criam vida. Descubra agora