1° ano - I

555 36 21
                                    

Uma mulher de estatura mediana e vestes trouxas, um tanto magra e de olhos verdes caminhava no centro de Belo Horizonte, sendo acompanhada por sua filha, uma menina baixa, de pele bronzeada, cabelos compridos e encaracolados presos por uma trança, ela estava grudada ao braço da mãe.

Era de se entender o porquê da garota estar tão assustada: sempre viveu em uma cidade no interior de Minas Gerais, encontrar-se em um bairro tão movimentado da capital era uma experiência nova para ela.

- Estou com medo. - Laís, a garota, sussurra, a mãe toca carinhosamente o seu rosto.

- Vai ficar tudo bem querida, já estamos chegando. - ela tranquiliza.

Apesar do calçamento e das ruas sem nenhuma vegetação presente, via-se em uma esquina uma enorme árvore, ao lado dela encontrava-se um homem alto, de barba cor acaju e vestes de cor roxa, ele sorriu assim que viu Laís.

- Olá Sra. Illary! - ele cumprimenta primeiramente a mãe, com um aperto de mão - Olá Laís, ansiosa?

- Um pouco Sr. Menedez. - ela responde e ele sorri.

José Menedez é o vice-diretor da escola de magia e bruxaria Castelo Bruxo, ele é o encarregado de contar para as crianças de pais trouxas a descendência mágica da criança.

Laís Illary sempre escutou de seus pais grandes histórias sobre seu tataravô ter sido um grande feiticeiro, e foi o Sr. Menedez quem confirmou esses boatos.

- Laís, precisamos ir para o Feirão Bruxo comprar os seus materiais escolares. - diz o Sr. Menedez, estendendo a mão para Laís em uma espécie de convite, ela se solta da mãe, segurando a mão dele - Infelizmente, trouxas não podem entrar, Sra. Illary.

- Irei esperar vocês aqui. - diz a Sra. Illary, sorrindo para a filha.

O Sr. Menedez tira de dentro da sua capa uma varinha, ao toca-la na árvore a mesma se abre, como uma porta de correr. Laís olha para os lados, mas ninguém parecia estar notando-os. O Sr. Menedez a puxa para dentro da árvore, antes que a mesma se feche.

Eles estavam em uma rua de pedregulhos, cercada por muitas lojas, haviam muitas pessoas vestidas com capas coloridas e chapéus pontudos, além de filhotes de onças e araras fazendo bagunça nas calçadas.

- Bem vinda ao feirão bruxo! - diz o Sr. Menedez, sorrindo - Faz um bom tempo que eu não venho aqui, você quer um pastelzinho? - ele pergunta, apontando para uma pequena barraca logo ao lado.

- Não senhor, obrigada. - responde Laís, ainda em transe com o lugar.

Laís e o Sr. Menedez caminharam um pouco até pararem em frente a uma loja de madeira.

- Essa é a melhor loja de varinhas do Brasil, talvez porque é a única... - ele diz franzindo a testa, em seguida ri - Enfim, compre a sua varinha, eu irei ficar responsável por seus livros, nos vemos em breve?

Laís assente, mas o diretor já havia saído de perto dela, ela respira fundo e entra na loja. A porta fez um barulho de sino assim que ela entrou, fazendo um homem atrás do balcão levantar o olhar para ela e sorrir.

- Olá mocinha. - ele diz sorrindo e fazendo um gesto para que ele se aproxima-se - Estudante do primeiro ano?

- Sim senhor. - Laís responde tímida e ele se vira para as prateleiras com caixas, analisando-as uma a uma.- Vamos ver o que nós encontramos aqui... - ele inicia, porém um estrondo vindo dos fundos da loja o interrompe, ele se afasta indo para lá imediatamente.

Uma garota pouco mais alta do que Laís, de cabelo ondulado preso em um coque se encontrava no chão, segurando uma varinha que soltava faíscas da sua ponta.

- Srta. Galvani, está tudo bem? - pergunta o vendedor se aproximando e ajudando-a a se levantar.

- Sim, acho que essa varinha não é para mim. - ela diz, encolhendo os ombros.

- Tudo bem querida, vou encontrar outra para você. - o vendedor diz, guardando a varinha usada pela garota.

Ela se levantou e aproximou-se, ficando logo ao lado de Laís e sorrindo para ela.

- Eu sou Laís Illary. - cumprimenta Laís, esticando a mão para que Isis pudesse cumprimenta-la, a mesma sorriu.

- Eu sou Isis Galvani. - ela aperta a mão de Laís - É seu primeiro ano em Castelo Bruxo?

- Sim! - responde Laís - Você também?

Isis assente.

- Espero que sejamos da mesma comunal. - Isis comenta, antes que Laís pudesse perguntar o que é uma comunal o senhor aparece com duas caixas azul turquesa tremendo em suas mãos.

- Eu jamais vi uma varinha tremer tanto a menos que estivesse diante do seu dono. - ele diz, entregando a caixa para cada uma das garotas.

A caixa de Laís tinha grafado ao lado direito com letras douradas: "Álamo Negro - Núcleo de Fiuum(Raro) e a de Isis tinha "Junco - Núcleo de Grifo(Raro). Isis analisa a varinha instigada.

- Senhor, o que isso quer dizer com raro? - assim que ela finaliza a pergunta Laís direciona a varinha para a prateleira ao seu lado, fazendo com que todas as caixas de varinhas chovessem sobre eles, ela sorri ao final do feito.

- Isso é bom, senhor? - Laís pergunta curiosa, segurando a varinha com as duas mãos.

- Seria ainda melhor se você pudesse arrumar a bagunça que você fez. - ele diz e Laís aponta novamente a varinha para as caixas dispostas no chão, fazendo elas voltarem para as prateleiras, como se tivesse criado uma cena em reversão.

Isis estava com os olhos arregalados diante do feito.

- Tente alguma coisa também, Srta. Galvani. - instiga o vendedor, Isis olha para a própria varinha, em seguida aponta a mesma para a parede, a tinta desgastada verde-musgo tornou-se azul em um só instante.

O vendedor sorria animado para as duas.

- As varinhas escolheram vocês como donas! - ele diz, colocando as varinhas em suas respectivas caixas e empacotando-as - Boa sorte, garotas, e tomem cuidado, estas são muito poderosas!

***

Capítulo revisado e alterado, qualquer erro e/ou furo por favor avisar <3.


1° versão: 22 de Outubro de 2020.

2° versão: 11 de Fevereiro de 2021.

Demasiado grata,

Ana Maressa.

Raridade MágicaOnde histórias criam vida. Descubra agora