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História de Akira Garcia

11 anos

Akira caminhava animada pelo acampamento, seu cabelo acobreado estava bagunçado e a sua camiseta laranja estava amassada, demonstrando a rapidez com que a garota tinha se arrumado, Quíron, o diretor das atividades acampamento e também um centauro, esperava-a na casa grande.

 Seus olhos azuis brilhavam de excitação, sempre que Quíron a chamava ela esperava receber uma carta da sua mãe, pessoa que ela não via desde os 6 anos de idade, quando foi levada para o acampamento.

- Olá Akira. - cumprimenta Quíron, sorrindo, Akira retribui o sorriso.

- É uma carta da minha mãe? - pergunta Akira, ansiosa, porém Quíron nega.

- É uma carta ainda mais especial. - ele diz, entregando para ela um envelope amarelado, com um símbolo verde e amarelo onde lia-se "CasteloBruxo: Honra, Nobreza e Lealdade".

"Cara Akira Garcia,

Temos a honra de informar que a senhorita foi aceita em nossa instituição: a Escola de Magia e Bruxaria CasteloBruxo.

 Solicitamos uma carta de confirmação para que possamos enviar-lhe a lista de materiais escolares.

Esperamos orgulhosamente a sua presença no primeiro dia de Março para recebe-la em nossa escola.

 Atenciosamente,

A diretora, Bendita Dourado".

- Quíron! - Akira dá um gritinho esganiçado e animado - Ah Quíron, fala que eu vou poder ir!

- Ponderei muito sobre e comuniquei a diretora sobre a sua situação. - ele explica, sorrindo carinhosamente para a garota - Ela me assegurou de que você estará em segurança lá.

 Sem conseguir se conter Akira salta no pescoço de Quíron, abraçando-o fortemente, em seguida ela o solta, as bochechas vermelhas em razão da atitude impulsiva.

- Será que um dia eu vou poder ter uma vida normal? Sem ter que ficar me preocupando com monstros ou algo do tipo? - pergunta Akira, apoiando o seu peso em um pé só.

- Eu perguntei para a diretora e ela me contou que existem sociedades inteiramente bruxas cercadas por proteção anti-trouxa e, para a sua sorte, funcionam com monstros também, você poderá viver lá quando se formar e quando deixar o acampamento. - ele diz, segurando carinhosamente o rosto da garotinha a sua frente - Mas prometa que não vai se esquecer de mim!

- Eu nunca vou me esquecer de você. - ela promete sorrindo.

Akira Garcia - 20 anos

 Akira estava em sua casa segurando em seu colo um pequeno bebê de olhos castanhos e cabelos da cor de cobre, a criança esticava a pequena mão gorda para tocar o rosto da mãe, que cantarolava para ele.

 A porta se abriu e Jacob Illary entrou cansado, como Akira teve que parar de trabalhar como professora em Castelo Bruxo para cuidar do seu filho, ele tinha que trabalhar em dobro.

 Ele tinha cabelos castanhos escuros e pele escura, o bebê, Quíron Illary, que recebeu esse nome em homenagem a pessoa que cuidou de Akira desde criança, herdou do pai apenas a cor dos seus olhos castanhos.

- Olá Sra. Illary! - brinca Jacob, abraçando-a, Akira ri.

- Não me chame de Illary, Jacob, muito menos de senhora. - ela pede, entregando para ele a criança - Meus braços doem e eu não vejo a hora de voltar a lecionar. - ela confessa e ele sorri.

- Pena que a escola demanda tanto de você, se não fosse tão difícil, você poderia sair para vir ficar aqui logo após a aula. - sugere Jacob, sentando-se no sofá enquanto, aos poucos, Quíron pegava no sono.

- Ia ser cansativo para mim ter que aparatar tantas vezes, além disso, eles teriam que ficar liberando o fervedouro com muita frequência unicamente por minha causa. - Akira diz, indo para a cozinha onde ela começava a preparar o seu café.

- Mas aos fins de semana não tem problema, não é? - pergunta Jacob e Akira dá de ombros.

- Posso tentar, mas fique tranquilo. - sorri Akira, levando uma xícara para ele - Até lá Quíron vai estar maior, poderá se alimentar sem precisar de mim e então podemos contratar alguém para ficar com ele enquanto você trabalha, ou chamar a sua mãe...

- Minha mãe vai enlouquecer essa criança. - Jacob diz rindo e Akira o acompanha.

- Mal posso esperar para ver ele indo para a escola. - diz Akira, sorrindo e fazendo carinho no rosto do seu bebê.

Akira Garcia - 26 anos

 Akira acabara de receber a pior notícia da sua vida.

 Ela preferiria ter sido demitida a isso, mas na verdade, a Diretora Dourado havia acabado de contar que, no sangue de Quíron, o seu primeiro e único filho, não havia sido desenvolvida a magia.

 Assim que ela entrou na sua sala da aula de transfiguração, lugar que ela havia deixado moldado para que ficasse do seu jeito, ela desabou de desespero.

Ela sentou em sua mesa pegando um papel e caneta, sua mão estava tremendo, então ela teve que respirar fundo várias vezes antes de iniciar a sua carta.

"Caro Jacob,

 Arrependo-me antes mesmo de colocar as palavras em papel, mas preciso dizer. Acabei de descobrir que Quíron não possui nenhuma magia em seu corpo.

 Sei que pode soar ridículo, mas é simplesmente infame para mim, uma bruxa e semideusa, gerar um aborto, peço que cuide dele, e caso não queira, procure alguém de confiança para que o faça.

 É com imenso pesar que deserdo Quíron Illary, deste modo, também me separo de você.

Atenciosamente,

Akira Garcia."


***

 Akira não costumava ver seu pai com muita frequência, mas ali estava ele, o próprio deus Poseidon em sua frente, os seus olhos verdes encarando-a com imenso desgosto.

- Você está abandonando a sua própria criança só porque ela não desenvolveu magia. - ele diz, indignado - Por puro orgulho você está deixando uma criança crescer assim como você: sem mãe!

- Pelo ao menos um pai presente ele tem. - retruca Akira, Poseidon sorriu de canto, mesmo com sua feição rígida era possível ver em seus olhos pura tristeza.

- Akira, eu irei lhe castigar por seu feito. - ele sentencia, sua voz naquele momento irradiava mais poder do que o normal - Você poderá se considerar imortal, sendo que sua única condição para que você parta dessa vida é caso você seja gravemente atingida em uma batalha.

- Que espécie de castigo é esse? Você está praticamente me presenteando com a imortalidade. - diz Akira, franzindo a testa e cruzando os braços.

- Não ache que é tão bom assim minha filha. - aconselha Poseidon, desaparecendo.

***

 Akira já não aguentava mais se olhar no espelho e se lembrar do filho, por isso, usou uma magia para que seus cabelos avermelhados ficassem tão escuros quanto o céu noturno.

 Ela recebeu várias cartas do seu antigo diretor Quíron, não leu nenhuma, porém lhe escreveu narrando o que tinha feito e o castigo que ela recebeu de Poseidon.

O tempo de férias para Akira era curtíssimo, já que ela só ficava em casa no tempo obrigatório, e assim que a escola se abria para os funcionários ela também retornava, os seus colegas acreditavam que ela era assim porque ela era muito dedicada então, quando a antiga diretora faleceu, eles a elegeram para ministrar a escola, mas a verdade é que Akira não gostava de ficar sozinha em casa, remoendo os seus erros do passado.


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