Capítulo 03 - A pessoa com a maior quantidade de dopplegangers do mundo

492 39 14
                                    


'Cause when the morning comes, I know you won't be there, every time I turn around, you disappear...


Dublin, Irlanda, sexta-feira, 30 de março de 2018


Niall


Quando o último show em Dublin foi finalizado, uma noite incrível e que ele guardaria em sua memória e coração eternamente, Niall estava decidido sobre o que faria no dia seguinte: iria até a escola em que Eileen trabalha e procuraria por ela.

Precisava saber se aquela criança era deles, precisava saber se aquela semelhança era real e entender tudo mais que rondava aquele assunto. Niall precisava vê-la depois de tanto tempo e saber se, de perto, ainda se sentia da mesma forma estúpida com borboletas no estômago e aquele nervosismo de sempre que sentia quando se viam, e, depois, quando ele tomou coragem de chamá-la para sair.

Mesmo que, no fundo, esperava que nenhuma das duas respostas fosse sim.

Não queria que fosse seu filho, porque significaria que perdeu quase três anos da vida dele e isso o magoaria profundamente. Os amigos que tinham filhos e o irmão relatavam coisas incríveis sobre os primeiros anos da criança, sobre as primeiras vezes e como era fantástico de se presenciar. Mas, principalmente, torcia para que seu coração não acelerasse tanto quando a visse, que não existisse mais borboletas em seu estômago ou coisas do tipo.

Niall queria que fosse apenas um enorme mal entendido, que aquela criança tivesse um pai que não seja ele e que Eileen já não lhe causasse nenhum efeito. O que ele duvidava muito, porque seu coração nunca tinha parado de bater de um jeito diferente e seu estômago esfriar quando a simples menção de seu nome acontecia.

Contudo, também esperava (e tinha total noção de que maior parte de si esperava nisso) que as respostas fossem sim. Queria um filho com Eileen, seria algo que os ligaria eternamente, mesmo distantes, mesmo sem envolvimento. Na verdade, queria uma criança pra chamar de sua. A simples ideia de poder ser pai lhe causava a sensação mais gostosa que já tinha sentido desde que passou nas audições do The X-Factor.

Queria, também, continuar sentindo algo por ela. Aquilo faria sentido, pelo menos entenderia os motivos de não conseguir sentir nada parecido por nenhuma das namoradas que tivera durante aqueles anos, porque nenhuma vez tinha sentido o que sentia por Eileen desde a época da escola, quando ela usava óculos fundo de garrafa, tinha uma franja estranha e usava aparelho, e ele era aquele garoto cor-de-rosa de cabelo grande, descolorido, dentes tortos e um pouquinho desajeitado

Foi difícil pegar no sono, ainda elétrico do show, mas também ansioso pelo dia seguinte e sobre como faria aquilo sem ser realmente percebido, Niall passou boa parte da noite desperto, rolando de um lado para o outro na cama antes de conseguir encontrar uma posição confortável o suficiente e que lhe fizesse apagar.

Quando descobriu que aquela mulher na foto era Eileen, ele passou horas encarando o celular sem reação. Queria ter mandado uma mensagem, mas imaginou seria ignorado e aquilo só pioraria a situação do seu coração, então os dezenove dias que separaram o primeiro show na Irlanda para o último, foram regados de muita ansiedade para conseguir pensar no que poderia fazer a respeito, continuava sendo marcado em diversas fotos de comparação entre o bebê e ele, pessoas tinham até levado cartazes para os shows perguntando sobre o bebê.

O pessoal do marketing estava um pouco preocupado, mesmo que Niall tivesse mentido com a cara mais lavada possível, dizendo que era impossível ter um filho, que aquilo era montagem e só, nunca deixando claro que talvez ele tivesse mesmo um filho. E acreditaram, claro, Niall não era o tipo que dava esse tipo de trabalho para que o marketing cuidasse e resolvesse.

StillOnde histórias criam vida. Descubra agora