01

2.3K 163 205
                                    

Christopher sentiu seu coração apertar, respirou fundo várias vezes ao ver a mulher que amava sorrindo e abraçando outro homem. Sempre que pensava em Dulce, desejava que tivesse realizado todos os seus sonhos, que tivesse se formado em veterinária, se casado com alguém que a fizesse feliz e tivesse filhos. Mas uma coisa era desejar que isso tivesse acontecido, imaginando milhares de vidas diferentes para ela. Outra coisa era ver pessoalmente que isso se concretizou. Aparentemente, tinha realizado todos os seus sonhos com outro homem ao lado, um homem que não a tinha perdido por algo tão estupido como ele.

Christopher baixou a cabeça e sentiu os olhares dos amigos fixos nele. Todos tinham coisas mal resolvidas com Dulce e sempre carregou essa culpa silenciosamente. Não era justo ter seus amigos ao seu lado depois do que aprontou com ela.

— Mãe, está tudo bem? — Peter perguntou preocupado.

Ouviram o menino falar e voltaram a olhar para ela. Os olhares deles se encontraram, sabiam que tinham sido reconhecidos por elas, que parecia assustada com a situação, mas todos pareciam paralisados demais para terem alguma reação. Todos com exceção de Alfonso, quem não hesitou em se levantar sorrindo abertamente e se aproximar com os braços abertos. Dulce não pensou duas vezes em se jogar nele, ele foi o único que não brigou com ela, o único que deu todo o apoio que precisou e único de quem se despediu antes de ir embora.

— Poncho, que saudades de você! — apertou ainda mais o abraço.

— Eu também estava com saudades, ruivinha — beijou-lhe o topo da cabeça — Quer dizer, não posso mais te chamar de ruivinha, pelo visto — eles riram levemente. Dulce se afastou limpando as lágrimas que insistiam em cair e o observou atentamente o velho amigo.

— Pois é, mas você mudou tanto — sorriu largamente — Está mais alto, mais forte, esse cabelo grande — tocou os cachos dele rindo — Não é mais aquele garoto, já é um homem. Está tão lindo!

— Você também está linda, ruiva! Quer dizer, Dul... — riu balançando a cabeça — Continua uma nanica, mas mudou muito também. A ardilla se transformou em uma bela mulher.

— Você continua o mesmo palhaço de sempre — rolou os olhos divertida, mas o silêncio se fez presente quando ela o encarou outra vez — Eu realmente senti sua falta, Poncho!

Alfonso sorriu compreensivo e a puxou para outro abraço. Naquele abraço que tanto lhe consolou no passado, ela não conseguiu segurar mais lágrimas e o enterrou o rosto em seu peito, deixando o choro tomar conta de si.

— Oh Dulce! Não chore, não chore... — suplicou apertando a amiga nos braços — Você sabe que nunca sei o que fazer quando uma mulher chora.

Ela riu entre os soluços pela frase que ele vivia repetindo antes e se afastou do amigo novamente, limpando as lágrimas e respirando fundo. Não estava bem, os outros não fizeram menção em falar com Dulce, pareciam ignorá-la como fizeram no passado. Sabia que tinha sua parcela de culpa na história, mas já tinha passado por tanta coisa em sua vida recentemente, que já não carregava tanta mágoa do passado. Foi necessário perdoar e esquecer para seguir em frente, e ela realmente seguiu em frente.

— Agora eu estou bem.

Se os outros não pretendiam se aproximar, não seria ela a fazer isso. Por mais que tivesse vontade de correr para abraçá-los – a todos, sem nenhuma exceção – e perguntar sobre todos esses anos, o medo de ser rejeita era muito maior. Não eram mais adolescentes, porém estava sentindo-se exatamente como uma naquela situação.

— São seus filhos? — Alfonso perguntou olhando os meninos que aparentavam estar confusos.

— Sim... — sorriu orgulhosa. Carregou Matheus no colo e passou um braço pelo ombro de Peter, abraçando-o de lado — Meninos, esse é o Poncho, um velho amigo da mamãe. Poncho, esses são Peter e Matheus, as razões da minha vida.

Far Away ღOnde histórias criam vida. Descubra agora