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— O que você quer, Anahí? Eu não quero mais brigar e já entendi o seu recado.

— Quero pedir desculpas — murmurou baixo — Quero pedir desculpas por tudo — Dulce arregalou os olhos surpresa — Sei que deve estar me odiando agora, mas vamos conversar, por favor...

— Entra — se afastou, dando espaço para ela, que entra timidamente — Quer beber algo? — aponta para o pequeno bar e frigobar que tem no local.

— Uma água, por favor...

Dulce pega uma garrafa dentro do frigobar e estende a ela, que senta no sofá apertando a garrafa na mão. Não tinha sede, apenas precisava de algo para distraí-la um pouco.

— Quero pedir perdão pela forma que agi com você, não sou mais aquela menina, Dulce — suspirou, sentindo os olhos marejarem — Pelo contrário, sei que fui a mais errada nessa história, não tinha o direito de te dizer tudo o que eu disse, nem de tentar força algo antes.

— Anahí...

— Por favor, só me deixa falar tudo — suplicou e Dulce concordou — Quando você foi embora eu fiquei muito mal, me culpei e fiquei magoada. Você era como uma irmã, mas o Christopher ficou tão mal depois... Vê-lo se destruindo foi horrível, meus pais ficaram devastados e eu precisei encontrar alguém para culpar, porque não conseguia culpar meu irmão por isso — confessou, já sentindo as lágrimas escorrerem por seu rosto — Reencontrar você me faz sentir culpada outra vez, me deixa preocupada de como Christopher vai ficar depois e tenho tanto medo por ele...

Anahí enterrou o rosto entre as mãos, desabando em um choro compulsivo e Dulce aproximou-se, sentando-se ao lado dela, pegando a garrafa que caiu no chão e abrindo-a.

— Por favor, se acalma — pediu, passando a mão suavemente nas costas dela e estendendo a garrafa.

— Me perdoa, Dulce, por favor... — suplicou entre soluços.

— Nós duas erramos, Anahí. Nós duas. Não me importo mais com o passado, me importo apenas com o presente e com o futuro. Eu senti sua falta...

— Eu também, Dulce!

Anahí se jogou nos braços de Dulce, que a envolveu carinhosamente, e chorou. Sentia-se mal por tudo que havia dito e feito nos últimos dias; por não ter estado presente na vida da amiga e pelo que havia feito no passado; por brigar com o marido de um jeito que nunca havia brigado antes. Tudo porque era uma pessoa egoísta.

— Eu sinto tanto, Dulce. Me desculpa, por favor. — murmurou em meio as lágrimas.

— Já desculpei, Annie. Não pensa mais nisso — apertou a loira entre os braços. Não chorava tão intensamente quanto Anahí, mas seu rosto também estava molhado das lágrimas — Você precisa se acalmar, Annie. Isso não faz bem para o bebê.

Anahí se afastou de Dulce em um pulo e arregalou os olhos.

— Como... Como você sabe? — perguntou assustada e Dulce sorriu abertamente.

— Passei por isso algumas vezes, sei reconhecer algumas coisas — sorriu levemente — Você não está bebendo, às vezes, toma apenas alguns goles de vinho. E nunca vi uma pessoa ir tantas vezes ao banheiro como você está indo — rolou os olhos, divertida — Deve ser a grávida com a menor bexiga do mundo.

Anahí ainda a olhava surpresa. Não acreditava que de todos, logo Dulce fosse observar os pequenos detalhes. Nem Maite que era médica parecia desconfiada.

— Ah, Annie! Não me olhe assim — pediu impaciente — Como eu disse, eu já passei por isso algumas vezes, sei reconhecer uma grávida a quilômetros de distância. Está de quantos meses?

Far Away ღOnde histórias criam vida. Descubra agora