36 perguntas | harlivy

1

— Seja bem-vinda, Harleen — disse a professora chefe do departamento de Psicologia da universidade de Gotham, simpática, assim que a nova estudante entrou em sua sala.

— Pode me chamar só de Harley.

— Tudo bem, Harley. Gostei das mechas coloridas. Azul e rosa combinam com você.

— Obrigada! Também combinam com a minha maquiagem — ela respondeu, fechando os olhos pra mostrar as sombras coloridas para a professora.

— Antes de tudo, gostaria de te dar parabéns por ter conseguido essa vaga. Suas notas são excelentes e estou muito feliz que você vai me ajudar com essa pesquisa. Inclusive, queria saber se você já leu os relatórios.

— Claro, eu tô muito animada pra começar. Li tudo assim que soube da vaga semana passada — ela mentiu. Na verdade, tinha lido tudo há 10 minutos, escondida no banheiro da faculdade, quando lembrou que precisava dos relatórios pra essa reunião. Mas, pelo menos, tinha lido.

— Ótimo. Pode se sentar, por favor. Vou te explicar como tudo vai funcionar.

Harley se sentou, ansiosa pra começar logo.

— Como você já deve saber, o teste das 36 perguntas está ficando bem famoso e sendo testado por vários profissionais da área. De acordo com o estudo, qualquer pessoa pode se apaixonar por outra fazendo apenas essas 36 perguntas específicas. Aqui na faculdade, vamos testar isso com duas duplas diferentes, durante várias sessões. Eles vão se encontrar aqui, você vai explicar o experimento em detalhes pra eles, eles vão assinar alguns papéis, mas vão fazer as perguntas em uma sala separada, onde possam conversar com privacidade. Eles vão fazer apenas algumas perguntas por dia, então vai demorar algumas semanas para perguntarem tudo. Quando terminarem, eles devem conversar comigo, contando como foi a sessão, como eles estão se sentindo, etc. Depois disso, faremos alguns relatórios para analisar as respostas e o relacionamento dos dois participantes. Você tem alguma dúvida?

— Acho que não! Mas só pra confirmar: basicamente, quando eles terminarem as perguntas, eles tem que contar pra gente se estão apaixonados ou não... Se estiverem, é porque as perguntas funcionaram mesmo, e o teste deu resultado.

    Era uma pergunta óbvia, mas Harley podia ser bem desligada às vezes, e achou melhor garantir que tinha entendido alguma coisa.

— É isso mesmo.

— Tô muito ansiosa pra saber se vai dar certo, será que vai sair algum casal daqui? Já imagino eles contando pros futuros filhos: "eu conheci a sua mãe por causa de um estudo daquela psicóloga famosa, ganhadora de vários prêmios, a Dra. Harleen Quinzel!" — ela riu. — Quando vamos começar, professora?

— Amanhã de manhã. Você tem que estar aqui às 8h em ponto. E como vai precisar apresentar todas as regras do teste para os participantes, não esqueça de dar uma revisada hoje.

— Claro, com certeza, vou fazer isso. Antes só preciso descobrir onde vou morar.

— Como assim? Você ainda não encontrou nenhum lugar?

— Sabe como é, eu me atrasei um pouco, só cheguei em Gotham hoje mesmo. Ainda nem tive tempo de procurar. Na verdade eu estudo em Nova York, tive que pedir transferência pra cá pra trabalhar com você. Mas posso ficar em um hotel, qualquer coisa, tá tudo certo — ela explicou, falhando em tentar parecer uma adulta minimamente responsável.

— Bom, se você precisar de ajuda, conheço uma aluna da Biologia que está alugando um quarto. Ela tem mais ou menos a sua idade, lembro que conversei com ela em um congresso e ela mencionou que estava precisando de uma roommate pra dividir os gastos. Você pode conversar com ela.

— Ah, ia ser perfeito, você pode me passar o contato dela?

    A orientadora tirou seu celular do bolso e começou a procurar o número. Quando encontrou, enviou uma mensagem para Harley, que ouviu seu celular tocando e abriu a mensagem imediatamente.

Contato: Pamela Isley.

Minutos depois, Pamela levou um susto quando ouviu seu celular tocando. O som estridente pareceu ainda mais alto no silêncio da biblioteca, onde ela estava sentada estudando há algumas horas. Quando olhou as notificações, viu que tinha recebido algumas mensagens de um número desconhecido. A foto de perfil mostrava uma garota loira e sorridente com mechas coloridas no cabelo, abraçando um cachorro ou... aquilo era uma hiena? Pam abriu as mensagens.

Oi, esse é o número da Pamela?

Meu nome é Harleen, minha professora me passou seu contato e disse que você estava alugando um quarto. Sou aluna nova aqui em Gotham, tô desesperada pra achar um lugar pra morar e queria saber se a vaga aí ainda tá aberta.

Ela respondeu:

Oi. A vaga tá aberta, sim. Estou voltando pra casa agora, se quiser pode vir visitar hoje à tarde. Vou te passar o endereço.