36 perguntas | harlivy

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Quando Pamela abriu a porta para Harley pela segunda vez naquele dia, foi realmente como se tudo tivesse começado de novo. Ela estava se sentindo calma agora que todas as dúvidas tinham desaparecido. Só queria que elas se beijassem logo, mas antes disso... ainda tinha uma coisa que queria fazer.

— Últimas perguntas.

As duas começaram aquela última sessão da lista sentadas na mesa de jantar da sala, cada uma sentada de um lado, os olhos fixos uma na outra. Harley não conseguia desviar o olhar dos olhos verdes de Isley, e Pam não tirava os olhos do rosto da Harley, reparando em cada mínimo detalhe. O batom vermelho brilhante, os olhos azuis.

— Finalmente. Lê essa pergunta pra mim.

Pam pegou o celular, onde tinha a lista anotada, e falou:

— Diga três frases usando o pronome "nós". Por exemplo: "nós estamos nesse aposento sentindo..."

— Muita vontade de se pegar. Mas também muita vontade de terminar as perguntas antes de qualquer coisa porque sei lá... acho que já virou uma coisa nossa, né? E nós realmente estamos curiosas pra saber como isso vai acabar. Ou começar.

— E nós estamos ficando só um pouquinho bêbadas de vinho mas dessa vez eu não vou exagerar porque quero lembrar de tudo. Nós duas queremos. "Diga a seu companheiro, ou companheira, o que mais gostou nele ou nela. Seja muito honesto e diga coisas que não diria a alguém que acabou de conhecer.

— Ai, por favor, diz que o que você mais gostou foi minha blusa de duas cores, eu mesma fiz.

— Não dá pra escolher uma coisa que eu mais gosto, essa é uma pergunta que só dá pra fazer pra alguém que você acabou de conhecer.

— Que é o intuito da lista... Ninguém mandou a gente fazer depois de se conhecer. Agora vai ter que falar.

— O que eu mais gosto em você é que você fala sozinha com seu bichinho de pelúcia.

— Eu não falo sozinha, eu falo com ele! E você reclamou disso outro dia.

— É, mas mudei de ideia. É muito engraçado. E você parece nem se importar de falar sozinha porque é como se você se conhecesse tão bem que consegue ter altos papos com você mesma. Se eu parasse pra conversar comigo, provavelmente só ouviria a Pamela dizendo "o que você tá fazendo?".

— Eu também nunca sei o que eu tô fazendo! — ela riu.

— Mas você nem liga.

Era muito bom ouvir isso. Harley percebia que, por muito tempo, achou que estava sempre errada sobre tudo. Seu ex sempre fez ela acreditar que não era o suficiente e ela odiava sentir que não estava no controle da situação, que não sabia o que fazer. Mas agora ela podia sentir isso — podia fazer o que viesse à cabeça porque não tinha mais medo de nada.

— O que eu mais gosto em você é sua companhia. Não sei se já te disseram isso, Ivy, mas é muito divertido passar o tempo com você. Você consegue ser você mesma sem forçar nada. Agora, próxima!

As duas já tinham largado suas bebidas e foram se sentar no sofá. Ainda chovia forte lá fora e as luzes piscavam levemente. Estavam de frente uma pra outra, exatamente como estavam naquele dia, na casa de Selina. Muito próximas.

— Essa é a última, Harley.

— Ah, não! Não, não quero que acabe. A gente tem que começar de novo depois, e as regras vão ser que a gente não pode responder a mesma coisa.

— Meu Deus, nem pensar! Eu não aguento mais esse questionário.

— É só porque ele tá atrapalhando outras coisas agora.