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Quando Harley chegou em casa no dia seguinte, Pam ainda não tinha aparecido. Era sexta à noite, talvez ela tivesse saído com amigos. Mesmo que ela parecesse não ter muitos amigos, Harley imaginava que ela não seria tão antissocial a ponto de não conhecer ninguém. E estava certa. Pam tinha saído com alguns colegas e eles decidiram sair pra tomar duas — ou quem sabe dez — cervejas. Enquanto isso, Harley estava em casa e decidiu que não ia ficar entediada se lamentando, então comprou uma garrafa de vinho. Não sabia onde Pam estava, queria que ela chegasse logo pra ter alguém pra conversar, mas não ficou esperando porque não tinha ideia de quanto tempo ela iria demorar.

Abriu a garrafa e deu um jeito de se divertir com a própria companhia: bebeu alguns copos o mais rápido que conseguiu e, já um pouco bêbada, ligou para seus amigos de Coney Island para contar tudo sobre como estava sendo sua nova vida em Gotham. Contou sobre sua pesquisa, sobre Diana e Steve, sobre estar decidindo o que ia fazer na cidade em uma sexta à noite. Depois dançou sozinha em seu quarto até cansar e decidir voltar pra sala, onde começou a assistir um desenho, dando risada sozinha de qualquer cena minimamente engraçada. Estava quase terminando a garrafa quando Pam chegou.

— Oi, Harley.

— Pam!

Era a primeira vez que ela chamava Pamela de Pam. Pamela deu um sorrisinho.

— Posso te chamar de Pam, né?

— Pode.

— Não quero ser intrometida, mas tô curiosa, onde você tava? Você precisa me mostrar o que tem pra fazer em Gotham no fim de semana!

— Saí com alguns amigos da faculdade — deu pra ver que ela também tinha bebido um pouco, porque falava meio enrolado. — Tô bem cansada, acho que já vou deitar — ela disse, mas em vez disso, se sentou no sofá ao lado de Harley. — Gostei das pantufas de coelhinho.

— Obrigada — de repente, Harley lembrou do seu plano e, antes que Pam fosse dormir, disse:

— Pam, posso te fazer uma pergunta?

— Já fez.

— Ha, ha. Então você fica engraçadinha quando está bêbada?

—Eu não tô bêbada, Harley — ela ficou séria. — Estou só um pouquinho. Quase nada. Bebi uma taça de vinho, você bebeu a garrafa inteira.

— Tá, posso te fazer outra pergunta, então?

— Fala.

— Se você pudesse escolher qualquer pessoa do mundo, quem você levaria pra jantar?

— Eu? Sei lá. Quem você levaria?

— O Batman. Óbvio. Mas quero saber de você. Pode ser qualquer pessoa, pensa em algum famoso que você gostaria de conhecer.

— Greta Thunberg. Queria saber mais sobre as ideias dela sobre mudanças climáticas.

— Ótimo! E você gostaria de ser famosa?

Pam não estava entendendo o sentido daquelas perguntas aleatórias, mas estava sim um pouco bêbada e resolveu continuar respondendo. De repente, não estava mais com sono. E ela tinha prometido — na verdade, tinha jurado — pra Harley que elas poderiam ser pelo menos amigas, então esse parecia um bom momento para começar essa amizade.

Você gostaria de ser famosa?

— Eu perguntei primeiro.

— Ok, eu não gostaria de ser famosa. Imagina ter um monte de gente desconhecida enchendo seu saco o tempo inteiro. Não, definitivamente não.

— Eu não sei. Acho que ia gostar de ter fãs. Meu fandom podia chamar Gangue das Harleys. Mas ao mesmo tempo, não gosto de tanta atenção de desconhecidos. Só de pessoas específicas, sabe? Agora próxima pergunta: antes de fazer uma ligação, você ensaia o que vai falar?

— Não.

— Por quê?

— Porque eu não faço ligações. Eu só mando mensagem e, se alguém me liga, eu espero o celular parar de tocar pra mandar uma mensagem pra pessoa perguntando "por que você me ligou?".

— Eu não ensaio pra falar no telefone. Eu nunca ensaio pra falar nada, na verdade, eu só falo sem pensar. Acho que eu nunca pensei antes de falar na vida.

— Você não está pensando nessas perguntas agora?

— Claro que não, Pam, eu só tô fazendo as perguntas da lista de perguntas.

— Então tem uma lista de perguntas?

— Óbvio que tem! Inclusive a próxima pergunta é: como seria seu dia perfeito?

— Eu ia ficar o dia inteiro em paz no meio de uma floresta sem ninguém.

— Nem eu?

— Talvez eu levasse você. Vou pensar.

— Ah, Pam, eu estaria no seu dia perfeito? Nós já somos melhores amigas?

— Não.

— O meu dia perfeito foi o dia da festa de formatura da faculdade. Eu bebi tanto que não lembrava nem que curso tinha feito — ela riu. — Quando foi a última vez que você cantou sozinha?

— Hoje de manhã no chuveiro, provavelmente.

— Eu estava cantando sozinha antes de você chegar.

Harley não queria dormir de jeito nenhum, estava muito entretida com seu jogo de perguntas e respostas, mas o vinho já estava fazendo efeito, seus olhos ficavam pesados de sono e ela também estava com medo de incomodar Pam se continuasse falando demais.

— Aí vai a última pergunta: posso continuar fazendo as perguntas amanhã?

Pamela percebeu que tinha se divertido bastante com aquilo e, sorrindo, respondeu que sim. Não queria admitir, mas estava animada para continuar.

36 perguntas | harlivyOnde histórias criam vida. Descubra agora