36 perguntas | harlivy

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Era o primeiro dia de trabalho e Harley não queria cometer nenhum erro, então releu as regras do teste pela última vez antes de entrar na sala da orientadora.

— Bom dia, Harleen. Está pronta?

Ela fez que sim e as duas entraram na sala do outro lado do corredor, onde duas pessoas — uma mulher e um homem — aguardavam sentados em poltronas, um de frente para o outro.

— Bom dia, Diana e Steve — a professora começou a falar. — Agradeço pela disponibilidade de vocês para participar do teste. Essa é Harley, minha aluna da pós, e ela vai explicar tudo pra vocês. Se ainda tiverem qualquer dúvida, podem me chamar, vou estar na minha sala — ela disse e saiu.

Era a primeira vez que Harley fazia isso e estava muito nervosa, seu coração batia escandalosamente. A última vez que se sentiu tão ansiosa foi há meses, quando seu ex namorado terminou com ela, mas ela não queria se lembrar disso, então se concentrou em seu trabalho.

— Oi, gente! Prazer em conhecer vocês. Por favor, assinem esse papel aqui... e aqui — Harley entregou alguns documentos pra eles, que se olhavam com uma mistura de curiosidade, expectativa e estranhamento. 

— Antes da gente começar, você vai explicar o teste de novo, né? Eu já li bastante sobre, mas queria ter certeza de como vai funcionar na prática — Diana perguntou, antes de assinar o papel. Não queria admitir, mas ainda estava um pouco insegura.

— Sim, era isso mesmo que eu ia fazer agora! Caso vocês não saibam, o teste das 36 perguntas foi inventado por um psicólogo em 1997. Ele achava que duas pessoas completamente desconhecidas podiam desenvolver sentimentos uma pela outra só com uma conversa guiada por perguntas e respostas íntimas e profundas, então, ele elaborou essas perguntas e, agora, várias faculdades estão testando com voluntários como vocês, que estejam abertos a qualquer resultado que possa surgir. Alguma dúvida até aqui?

Os dois falaram "Não" ao mesmo tempo e Harley teve que segurar uma risada.

— Tem algum motivo específico pra vocês terem decidido participar do teste? — Harley perguntou em um tom muito sério, como se isso fizesse parte do procedimento, mas na verdade era só uma curiosidade sua.

— Um amigo meu trabalha na faculdade e disse que estavam precisando muito de voluntários... Então decidi ajudar. E fiquei curioso também.

— É, eu também.

Harley fingiu anotar alguma coisa em seu caderno e respondeu:

— Interessante. Continuando o que eu estava dizendo, pra que a gente tenha um bom resultado vocês precisam ser sinceros em suas respostas. Mas também não são obrigados a nada: se não estiverem confortáveis pra responder alguma coisa, é só pular, e riscar a pergunta nesse papel aí. Acho que é isso. Agora vou deixar vocês sozinhos. Boa sorte! — ela disse, entregando o papel com a lista de perguntas para os dois e saindo da sala, quase pulando de empolgação. Mesmo que sua vida amorosa só tivesse trazido decepção, Harley amava o amor e estava torcendo pra que aqueles dois dessem certo juntos - já que ela mesma tinha desistido porque nunca dava certo com ninguém.