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Apesar das confusões iniciais, o dia seguinte foi um pouco melhor. Nesse dia, Harley se esqueceu de levar as chaves para a faculdade e, quando voltou pra casa, bateu na porta gritando:

— Esqueci as chaves, abre aí, Pamela!

Quando Pam abriu a porta, viu que Harley segurava um buquê enorme, mal dava pra ver seu rosto por trás de todas aquelas flores.

— Tem um encontro hoje? — Pam perguntou, tentando ser amigável.

— Não! É pra você! Me senti mal por ter feito uma bagunça com as suas plantas ontem, então resolvi compensar te dando mais flores de presente. Toma.

Pam não sabia como reagir, mas agradeceu bastante surpresa.

— Uau, não precisava, Harley.

— Precisava, sim. E eu também queria falar uma coisa. Acho que não começamos muito bem. Percebi que você gosta de ficar na sua, então desculpa por falar demais, sei que meu jeito pode ser bem irritante. Já me falaram isso muitas, muitas, muitas vezes — seus olhos azuis pareciam tristes quando disse isso, dava pra ver que ela estava contendo algumas lágrimas. — Mas eu não quero que a gente tenha uma relação ruim, afinal, estamos morando na mesma casa, né? Então vou te deixar em paz, mas saiba que se precisar conversar comigo, pode entrar no meu quarto sempre que quiser, pode me chamar pra qualquer coisa. Não precisamos ser melhores amigas se você não quiser. Mas não precisamos ser inimigas também. É, é isso que eu queria falar. Desculpa, estou falando muito de novo. E pedindo desculpas demais, minha psicóloga diz pra eu parar de fazer isso, mas...

— Tudo bem. Podemos ser amigas, ok?

— Jura?

Pamela não conseguiu conter uma risada. Às vezes, Harley parecia uma criança. Mas de um jeito mais fofo do que irritante. Embora um pouco irritante também.

— Juro. E obrigada pelo presente.

Pam não deixava transparecer, mas tinha ficado emotiva. Olhou para as flores e percebeu que não se lembrava qual foi a última vez que tinha recebido um presente de alguém. Por um segundo, imaginou se ela poderia sentir alguma coisa por Harley, mas descartou esse pensamento bem rápido. Ela nem sabia nada sobre Harley, não sabia se ela já estava em um relacionamento. Além disso, ela continuava achando melhor não se envolver com ninguém. Isso nunca dava certo, nunca tinha dado. Ela esqueceu aquele pensamento passageiro e voltou para o seu quarto, preocupada com a quantidade de matéria que precisava estudar para aquela semana.

Enquanto isso, Harley pensava em como poderia se aproximar. Ela não tinha amigos em Gotham, não gostava de ficar sozinha e nem da ideia de não saber nada sobre Pam. Queria que a nova colega de apartamento se sentisse confortável pra conversar com ela, queria que elas pudessem se divertir morando juntas, mas não fazia a menor ideia de que tipo de assunto puxar. As duas pareciam não ter nada em comum. Quando deitou em sua cama, exausta depois do dia trabalhando, olhou para o relatório dos seus primeiros dias de pesquisa em cima da mesa e teve uma ideia. Podia fazer algumas das 36 perguntas pra Pam.

Harley sabia que não tinha nenhum risco porque o teste só funcionava se seguisse muitas regras específicas: as duas pessoas deveriam ser totalmente desconhecidas, não poderiam conversar sobre nada que não fossem as perguntas, tinham que estar abertas aos resultados e tinham que responder pelo menos 90% das perguntas. Não é como se Harley fosse desenvolver sentimentos por Pam se fizesse uma ou outra pergunta da lista só pra conhecê-la um pouquinho melhor. Harley se sentiu genial e, como sempre, levantou pensando: o que poderia dar errado?

36 perguntas | harlivyOnde histórias criam vida. Descubra agora