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Aquele fim de semana passou rápido para Harley e insuportavelmente devagar para Pamela, que passou o dia inteiro em casa com a cara enfiada nos livros. Harley saiu para explorar a cidade e até chegou a convidar Pam — não queria sair sozinha, mas vendo que a colega estava ocupada, resolveu que deveria deixá-la estudando em paz. Essa mulher não faz nada além de ler artigos e regar plantas? Ou ela só tá fazendo isso pra me evitar?, Harley pensava enquanto andava pelas ruas de Gotham. Apesar de estar se divertindo com o passeio, ela mal podia esperar para voltar pra casa e irritar sua possível-futura-melhor-amiga com mais perguntas. Assim que voltou, depois de fazer compras, andar de patins e comer quase uma pizza inteira sozinha, encontrou Pamela no mesmo lugar em que estava de manhã: sentada na mesa da sala, com cadernos espalhados em sua frente, um copo de café na mão e uma cara de desespero.

— Você ainda tá aí, Pam? Meu Deus! Chega de estudar. Você precisa se divertir!

Harley foi fechando todos os cadernos e tirou uma caneta da mão de Pam enquanto ela ainda estava escrevendo. 

— Ei! — ela reclamou. Depois, abriu um sorriso e teve que concordar com Harley. — Na verdade, você tá certa. Eu não aguento mais.

— Só precisava de um incentivo, né? — Harley perguntou, se sentando na frente de Pam. — Como você está?

— Bem. — Foi só o que ela disse.

— Você realmente não gosta de se expor, hein?

— Depende — ela encarou Harley. — Ontem até que foi divertido, quando você fez aquelas perguntas aleatórias.

— Podemos continuar com elas agora. Você precisa se distrair um pouco. Espera aí.

Harley foi correndo até seu quarto e procurou a lista jogada em algum lugar dentro de sua bolsa vermelha e preta. Viu as próximas perguntas e voltou para sala, quase saltitando de empolgação. As primeiras perguntas não ajudaram muito: nenhuma das duas sabiam o que responder. Mas começaram a se concentrar no jogo quando Harley perguntou:

— O que você acha que nós duas temos em comum?

Era uma pergunta difícil. Nenhuma das duas sabia direito - mas com certeza tinham muito mais em comum do que imaginavam.

— Nossa... Não sei. Parece que nada. Mas deve ter alguma coisa. Bom, nós duas somos mulheres. E pesquisadoras. E moramos no mesmo apartamento. E temos 24 anos.

— Minha vez. Eu acho que temos muito mais coisas em comum que a gente nem imagina, só temos que descobrir. Qual é sua cor favorita?

— Verde? E a sua... aposto que é rosa.

— Errou. É rosa e azul. Ah, outra coisa que nós temos em comum: somos estilosas.

— Você acha? — Pam olhou para as próprias roupas, mal lembrava o que estava vestindo.

— Eu amo essa sua jaqueta preta.

— Eu gosto do seu short de estrelinhas, então acho que você tá certa. — Pam olhou para a varanda e viu que estava começando a escurecer, então se levantou para guardar seus livros. Estava distraída, esperando que a próxima pergunta fosse algo do tipo "qual é sua comida favorita?" ou "qual seu filme favorito?", e ficou um pouco surpresa quando ouviu Harley perguntar:

— Você é bi? Tenho certeza que sim. Você tem muita cara e eu nunca erro essas coisas.

As perguntas tinham ficado mais íntimas de repente, mas por mais que Pam não gostasse de se expor, ela queria responder a todas as dúvidas de Harley. Principalmente porque também queria saber suas respostas. Como de costume, Pam deu uma resposta monossilábica:

— Sim.

— Eu sabia. Então já temos muito em comum. Podemos ir pra próxima pergunta. Na verdade, a gente quebrou um pouco as regras porque fizemos várias perguntas dentro de uma só — ela riu. Só espero que isso não afete o resultado, pensou, ainda rindo.

Pam não sabia se queria continuar, imaginou que as perguntas poderiam ficar cada vez mais pessoas e isso a deixava nervosa. Além disso, estava se sentindo estranha. Não sabia explicar muito bem o que era, talvez fosse só cansaço. Sentia que seu dia tinha ficado mil vezes melhor quando Harley chegou e não gostava do que isso podia significar. Não conseguia parar de olhar para a loira, que tagarelava sem parar, e decidiu que era melhor evitar aquilo, seja lá o que fosse aquilo.

— Vamos deixar as outras perguntas pra outro dia — ela disse, e saiu da sala antes que Harley insistisse em continuar, porque sabia que não conseguiria dizer "não".

36 perguntas | harlivyOnde histórias criam vida. Descubra agora