Durante aquela semana, Pamela e Harley se falaram todos os dias, praticamente o dia inteiro. Harley era meio desligada com o celular, mas sempre que podia mandava longos áudios contando sobre seu dia, mesmo que Pam nem tivesse perguntado. Pamela marcava Harley em vídeos de gatinhos e ligava pra ela com a desculpa de que estava só querendo lembrá-la de regar as plantas. As ligações duravam horas e elas conversavam sobre tudo — menos as plantas.
— O que você fez hoje?
— Participei de várias reuniões com gente da Biologia. Algumas chatas, outras incríveis. E aconteceu uma coisa muito boa, na verdade. Me chamaram pra participar de uma ONG de ambientalistas em Gotham. Eles tem um projeto que eu sempre quis entrar, mas nunca achei que me aceitariam. Aí, de repente... Eles me convidaram aqui.
— Meu Deus, Pam! Isso é perfeito! Você conseguiria salvar o mundo inteiro sozinha, tenho certeza. Estou muito orgulhosa.
— Obrigada, eu ainda não tô acreditando. Mas e aí? Alguma novidade com seus ships?
— Você não vai acreditar o que aconteceu hoje. Kara e Lena quase se agarraram na sala. Sério.
— Elas superaram as diferenças, então.
— Muito! Elas terminaram as perguntas hoje. Falaram que a lista fez diferença.
— A gente precisa terminar a nossa.
— É, eu quero saber se você vai se apaixonar por mim no final. É pro meu TCC.
— Harley, você tá dando em cima de mim?
— Sim — ela respondeu rindo, mas estava falando sério mesmo. Pamela não tinha certeza porque era difícil Harley falar qualquer coisa que não fosse em tom de brincadeira.
Pam não era muito boa com flertes e indiretas. Nem as diretas, pra falar a verdade. Harley estava literalmente falando "sim, eu estou dando em cima de você" e ela ainda se perguntava: mas será que está mesmo? Parece que o único jeito dela entender seria se Harley assinasse um documento comprovando que estava interessada — e mesmo assim Pam ainda ia ficar levemente desconfiada. Não estava acostumada com esse negócio de relacionamento. Meu Deus, que relacionamento, Pamela? Vocês nunca nem se beijaram. Bom, pelo menos não que eu saiba. Mas quase aconteceu várias vezes em casa. Eu acho. Tipo aquele dia que a Harley veio dormir comigo. Que tipo de pessoa faria isso só na amizade? Pior que isso é bem a cara da Harley. Mas acho que não.
— Pam? Você ficou quieta aí de repente.
— Ah, desculpa, eu tava pensando em... uma coisa. Preciso desligar agora.
— Não! Por que?
— Preciso voltar pro trabalho, tenho a última reunião de todas agora e aí volto pra casa.
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Pamela chegou em casa no final da tarde, desfez suas malas e começou a se arrumar. Não sabia bem pra que. Só não queria estar com cara de exausta quando Harley chegasse. Tomou banho, trocou de roupa e passou até uma maquiagem, só pra garantir. Estava penteando o longo cabelo vermelho quando Harley chegou e quase deu um grito de alegria ao ver que ela estava ali. Ela a abraçou com tanta força que Pam ficou um pouco sem ar.
— Nossa, você tá muito linda, tem algum evento hoje? Pamela, você tem um encontro? — Harley não tentou disfarçar nem minimamente que tinha ficado com ciúme. Será que Pam tinha conhecido alguém naquele lugar?
— Não.
— Que coincidência, eu também não.
— Então, Harley...
— Sim, eu quero sair com você. Não precisa nem perguntar.
— Pra onde você quer ir? — Não entre em pânico.
— Onde você quiser.
— Pra ser sincera, eu tô um pouco cansada da viagem. A gente pode ir em algum lugar perto.
— A gente pode ficar em casa mesmo. Podemos começar esse date agora.
Pamela estava quase implodindo, não sabia lidar com Harley sendo direta. Ela olhava pra Pam sem desviar os olhos, com um sorrisinho que era muito... Harley. As duas estavam no corredor e não é como se tivesse muito espaço entre elas. Pam achou que Harley ia se aproximar mais, mas do nada ela se virou e disse:
— Espera aí, vou me arrumar. Não é só porque a gente tá em casa que eu não posso usar roupas de sair, né!
Ela trocou as roupas de trabalho por uma de suas roupas favoritas — uma blusa preta e vermelha com uma calça prata brilhante —, prendeu o cabelo e retocou as sombras coloridas que já estavam quase saindo. Passou seu batom favorito e até pensou em colocar botas de salto, mas aí já era demais. Saiu do quarto enquanto Pamela ainda estava parada encostada no corredor.
— Finge que eu cheguei agora, ok? — Harley disse e saiu do apartamento, fechando a porta atrás de si e tocando a campainha três segundos depois.
Por incrível que pareça, aquilo realmente ajudou Pam a se sentir mais segura. Parecia que tudo tinha passado muito rápido, ela mal tinha chegado em casa, não fazia a menor ideia do que estava fazendo e de repente estava em um encontro que ela tinha esperado muito tempo pra acontecer. Ela arrumou o cabelo pela última vez, se sentindo idiota. Harley já tinha visto ela em condições muito piores.
Respirou fundo uma última vez e abriu a porta.

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36 perguntas | harlivy
FanfictionExiste uma teoria que diz que duas pessoas desconhecidas podem se apaixonar uma pela outra respondendo apenas 36 perguntas. Harley Quinn é uma estudante de Psicologia que decide testar essa teoria em uma pesquisa da faculdade - e acaba fazendo as 36...