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— Eu errei! — Harley fingiu chorar como uma criança, se jogando dramaticamente no sofá da sala e quase derrubando mais um vasinho de flores no chão. — Ops!

Pam tinha acabado de abrir a porta de casa, largou a bolsa em cima da mesa e se sentou em um dos braços do sofá, se virando para Harley.

— Errou o que? O casal não rolou?

— Rolou, sim. Mas não foi a Diana que pediu o número dele, foi ele que pediu! Nunca imaginei isso, Pam, você tinha que ver a cara de lerdo que ele tem...

— Que susto, pelo seu drama eu achei que eles tinham desistido.

— Eles decidiram sair juntos depois de terminar as perguntas, o que é um bom sinal. Mas ainda vai demorar um pouco pra gente saber se eles estão apaixonados, né. Eu e a professora vamos fazer acompanhamento psicológico com os dois por algum tempo pra ver se o relacionamento vai se desenvolver. Vão ser meus primeiros pacientes! 

— Fico feliz por você, Harls. O que você acha que vai acontecer? Eles vão ficar juntos? — Pam estava indo em direção ao seu quarto para guardar seus sapatos e Harley a seguiu, sentando-se na cama da amiga enquanto falava:

— Acho que sim. O Steve com certeza já está apaixonado. Acho que a Diana está também, só não admitiu pra ela mesma, sabe? Mas não teria aceitado o convite dele pra um encontro se não tivesse interesse, né?

Pam também se sentou na cama, ao lado de Harley.

— Às vezes a Diana só precisa de um tempo pra perceber. Algumas pessoas são meio... demoradas.

— Ou burras mesmo.

Pamela começou a achar engraçado quando percebeu o rumo que a conversa estava tomando. Apesar de estarem falando sobre Diana e Steve, no fundo poderiam estar falando sobre elas mesmas. Nesse caso, eu sou a pessoa que tem certeza e Harley é a pessoa burra. Pam tentava dar algumas indiretas, mas Harley parecia não perceber nenhuma, então decidiu ser direta.

— Você ainda vai querer sair pra comemorar que seus "objetos de estudo" decidiram marcar um encontro?

— Sim! Pra ser sincera, eu ia querer sair de qualquer jeito, não aguento mais ficar um segundo em casa. Pra onde a gente pode ir?

Aquilo era um encontro?

— A gente pode chamar mais pessoas também. Quero conhecer seus amigos, Pam!

Não era um encontro.

Mas ainda podia ser.

— Tenho uma amiga aqui em Gotham que tinha me chamado pra uma festa na casa dela hoje. Vou perguntar se ainda vai acontecer.

— Perfeito, eu já vou me trocar.

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Às 23h em ponto, Harley Quinn e Pamela Isley estavam na porta do apartamento de Selina Kyle, na cobertura de um prédio no centro de Gotham. Pam estava toda de preto, com um vestido curto e um batom vermelho que combinava com seu cabelo. Já Harley... como explicar a roupa básica que tinha escolhido? Ela estava com botas brancas, uma calça listrada azul e vermelha, uma blusa transparente com estampa de estrelinhas, um top rosa neon e, por cima de tudo, uma jaqueta prateada brilhante. A maquiagem era igualmente exagerada: sombra rosa (dessa vez nos dois olhos), batom preto e pedrinhas brilhantes em uma sobrancelha - porque ela ficou com preguiça de colocar nas duas, estava impaciente pra sair logo e começar a beber. Nada parecia combinar e qualquer pessoa do mundo ficaria ridícula com aquela roupa, mas de alguma forma Harley Quinn conseguia fazer aquilo funcionar e Pamela não conseguia parar de olhar para cada detalhe, dos cabelos coloridos às botas de salto, e levou um susto quando Selina finalmente abriu a porta segurando dois copinhos de shot.

— Antes de entrar, tem que beber! — ela disse, sorrindo.

— Ha! Já gostei de você! E amei o delineado de gatinho! — Harley elogiou, empolgada.

Pamela pegou os dois copinhos e virou um atrás do outro.

— Pamela, o outro copo era pra sua amiga!

— Eu sabia que por baixo dessa sua cara de brava devia ter uma doida. Aproveita e já bebe mais um! — Harley pegou outro copo quando as duas entraram no apartamento.

— Bem-vinda, Harley — disse Selina, cumprimentando-a com um abraço. — Sinta-se em casa.

— Já estou me sentindo! Ah, não acredito, você tem vários gatos! — Harley saiu pelo corredor atrás de um dos gatinhos pretos, deixando Selina e Pam conversando na sala. As duas eram amigas de infância e Pamela já tinha frequentado dezenas de festas naquele lugar. Mas Harley ainda não tinha conhecido Selina e estava impressionada com o tamanho do apartamento — e mais ainda com os animais pulando de um lado pro outro, exatamente como em sua casa em Coney Island. A festa estava cheia, várias pessoas bebiam, conversavam e dançavam. Estava escuro, a única iluminação vinha de luzes coloridas e uma música tocava tão alto que era difícil conversar sem gritar. Por isso Selina teve que chamar Pamela de canto para poder perguntar:

— Isley, você tá ficando com essa garota?

— Não!

— Mas você quer.

— Não... ah, não adianta mentir pra você.

Selina riu, encarando a amiga como se dissesse "eu sabia". 

— E ela quer?

— Eu não sei.

— E por que não perguntou ainda?

— Pra que essa pressa, Selina?

— Eu odeio slowburn. Odeio. Se você não falar com ela hoje, eu mesma vou falar. Vou dizer "minha amiga perguntou se você quer ficar com ela", como a gente fazia quando tinha 15 anos.

— Você não faria isso.

— Harley!

— Não, não, não, tudo bem, já entendi. Eu mesma vou falar. Relaxa.

— Só estou te ajudando, você precisa de um empurrãozinho. Mas vai dar tudo certo. Tá na cara que ela também quer. — A campainha tocou e Selina foi receber seus outros convidados, deixando Pamela falando sozinha. Ela pegou mais uma bebida e foi procurar Harley, que já tinha sumido.

36 perguntas | harlivyOnde histórias criam vida. Descubra agora