Pamela entrou em casa e se sentiu aliviada por finalmente poder ficar sozinha. Passar o dia na faculdade ouvindo as pessoas falando o tempo inteiro tinha a deixado exausta. Ela era quieta, gostava da própria companhia e do silêncio. Estava em seu momento de paz, regando as plantas do seu quarto, quando ouviu alguém batendo na porta e foi atender, já um pouco irritada por ter sido interrompida.
— Quem é?
— Eu!
— Quem?
— Harley!
Pam abriu a porta e olhou para Harley, que segurava uma sacola cheia de comida e um copo de refrigerante. Ela estava com um sorriso enorme no rosto.
— Oi. Preciso te dar uma cópia da chave.
— Pois é, Pamela, imagina se você não estivesse em casa, eu ia ficar trancada pro lado de fora!
— Aqui, essa é minha chave reserva. Pode ficar com ela.
Pamela entregou as chaves, ainda sem saber o que sentir. Era ótimo ter alguém para dividir o apartamento e as responsabilidades, mas estava tão acostumada a passar o tempo sozinha que não sabia muito bem como socializar com os outros, muito menos com essa mulher que parecia ser o exato oposto de Pam. Elas tinham coisas em comum, é claro: tinham mais ou menos a mesma idade, eram pesquisadoras na mesma universidade... mas era só isso. De resto, pareciam ser completamente diferentes.
Pamela era séria, Harley fazia piadas sem graça o tempo todo. Pamela era independente, Harley amava ter companhia. Pamela era calma, Harley estava sempre agitada. Pam não queria ter que lidar com Harley, ela parecia o tipo de pessoa que traria problemas e atrapalharia sua rotina perfeita. Pam achava melhor que as duas fossem apenas colegas, que podiam conversar eventualmente sobre coisas banais, sobre o clima, sobre o apartamento, mas não precisavam forçar uma amizade só porque moravam juntas.
É óbvio que Harley pensava exatamente o contrário. Ela guardou as chaves em seu bolso, quase derrubando as sacolas que tinha trazido, e entrou em casa.
— Já que estamos morando juntas oficialmente agora, precisamos ser melhores amigas, não acha?
— Olha, eu acho que...
— Precisamos nos conhecer melhor, saber tudo da vida uma da outra, fazer festas do pijama! O que acha da gente pedir uma pizza? — enquanto falava, Harley deixou suas sacolas em cima da mesa da sala e acidentalmente derrubou um dos vasos de plantas que estavam ali. — Ai, meu Deus, me desculpa! Pode deixar que eu arrumo!
Pamela se abaixou pra pegar a terra e as folhas que tinham se espalhado pelo chão e Harley tentou ajudar, suas mãos se tocando brevemente. Pamela ainda estava sem paciência e nesse momento decidiu que era melhor não se abrir para aquela amizade.
— Tudo bem, Harley, pode deixar tudo aí mesmo. Mas vamos deixar a pizza pra outro dia, ok? Já tenho planos pra hoje — foi só o que ela disse antes de se levantar, arrumar a mesa e ir para seu quarto, onde se trancou para estudar. Ela não queria ser grossa, mas às vezes era inevitável. Fazia sem perceber, não tinha aprendido a lidar com pessoas. Ficou em seu quarto o resto da noite e, de vez em quando, ouvia a voz de Harley na sala — cantando, falando no telefone, falando sozinha, tendo altas conversas com as flores.
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36 perguntas | harlivy
FanfictionExiste uma teoria que diz que duas pessoas desconhecidas podem se apaixonar uma pela outra respondendo apenas 36 perguntas. Harley Quinn é uma estudante de Psicologia que decide testar essa teoria em uma pesquisa da faculdade - e acaba fazendo as 36...