Gotham City podia não ser uma cidade muito bonita, mas ali de cima a vista era diferente. Dava pra ver todos os prédios com as janelas iluminadas, os carros passando pela rua, até mesmo algumas estrelas por trás das nuvens. Pamela encontrou Harley no terraço, olhando a paisagem e segurando um copo diferente em cada mão. Uma bebida era rosa e a outra azul, e ela misturava as duas enquanto parecia ter altas conversas com um dos gatos.
Pam parou ao seu lado e disse:
— Tô vendo que você fez novos amigos.
— Sim, os gatos da Selina são uma ótima companhia.
— Bom, você vai ter que aguentar a minha companhia agora, porque a única pessoa que eu realmente gosto aqui além de você é a Selina, e ela tá muito ocupada recebendo seus milhares de convidados...
— Tudo bem, eu não conheço ninguém aqui mesmo. Olha, experimenta a bebida que eu criei — Ela deu um gole enorme no líquido roxo e passou o copo pra Pam, rindo .— Ei, o que a Selina teve que roubar pra conseguir tanto dinheiro? Impossível ter um emprego normal e comprar um apartamento desses com a nossa idade.
—Ela trabalha com joias, eu acho. Nunca entendi direito também.
Harley ignorou o que ela disse e respondeu com sua frase preferida daquela noite:
— Vamos beber mais.
Ela pegou um dos gatinhos no colo e foi até a cozinha encher seu copo — ou melhor, seus copos — pela segunda vez. Entregou outro pra Pam, que já estava ficando um pouco tonta, e as duas foram conversar em um canto da sala, um dos poucos espaços vazios em que dava pra se mover sem esbarrar em alguém. Pam percebeu que Selina estava certa desde o início: estava na cara que Harley também queria. Apesar de ficar agitada e correr para a pista de dança a cada cinco minutos gritando "minha música!" pra qualquer música, Harley sempre voltava para ficar ao lado de Pam, não parecia querer passar um segundo longe dali. E quando elas estavam juntas, era impossível não perceber a tensão que as envolvia. Elas conversavam sem desviar os olhos, como se não tivesse mais ninguém ali. Ficavam cada vez mais próximas, davam risada de qualquer coisa que diziam (ok, talvez essa parte fosse culpa do álcool), e começavam a se tocar: Harley colocava uma mão no ombro de Pam enquanto falava, Pam elogiava o cabelo de Harley e passava os dedos pelas mechas azuis. Às vezes Harley segurava a mão de Pam por alguns segundos, sem nenhum motivo aparente. Tinham entrelaçado seus dedos quando Harley começou a se aproximar mais, sentindo a respiração de Pamela — mas ela se afastou de repente, como se tivesse levado um choque.
— Harls, eu já volto!
Harley ficou imóvel quando Pamela saiu, não se lembrava da última vez que tinha se sentindo tão rejeitada. Teve que se esforçar um pouco pra não deixar lágrimas subirem, era difícil não se expressar quando sentia alguma coisa. Ela encostou as costas na parede, olhando para as pessoas, se sentindo ridícula - tinha certeza que elas iam se beijar, ela queria muito isso, tinha percebido que queria desde o começo, mas talvez tivesse entendido tudo errado. Não estava surpresa. Já tinha se acostumado a fazer tudo errado.
Mas Pamela também queria — e só tinha entrado em pânico. Aquele minuto em que foi até o bar já foi o suficiente para ela voltar decidida a não arruinar tudo. Elas voltaram a conversar como se nada tivesse acontecido, voltaram a se aproximar cada vez mais e, depois de beber tanto, o assunto favorito das duas voltou à tona.
— Me faz alguma pergunta.
Harley ficou animada que Pam se lembrou das perguntas, então fez uma que tinha lido durante o trabalho:
— Se sua casa estivesse pegando fogo e você só pudesse salvar um objeto, qual seria?
— Minhas anotações da faculdade.
— Eu levaria meu castor de pelúcia. Próxima pergunta: quando foi a última vez que você chorou?
— Acho que... há uns seis meses?
— Como é possível? Você é muito fria! Eu choro toda semana!
— Qual foi a última vez que você chorou, então?
Quase chorei há 5 minutos, quando achei que a gente ia se beijar e você saiu correndo que nem uma maluca.
— Não lembro. Eu choro toda hora. Deve ter sido hoje quando eu derrubei meu café da manhã no chão.
— Você chorou por isso?
— Sim, um pouco.
— Eu não sou fria, você que é emocionada demais.
— Justo. A próxima é: tem algo que você quer fazer há muito tempo? E por que ainda não fez?
— Eu quero muito beijar você desde que a gente chegou aqui mas não fiz ainda porque não tive coragem.
— Que engraçado, eu ia falar a mesma coisa.
VOCÊ ESTÁ LENDO
36 perguntas | harlivy
FanficExiste uma teoria que diz que duas pessoas desconhecidas podem se apaixonar uma pela outra respondendo apenas 36 perguntas. Harley Quinn é uma estudante de Psicologia que decide testar essa teoria em uma pesquisa da faculdade - e acaba fazendo as 36...