[Eu não sei exatamente como classificar esse aviso, mas é um aviso de gatilho de qualquer forma. Esse capítulo é bem pesado, então preparem os corações.]
Also, participação especial :) ~ fingindo que não escrevi uma cena que me fez chorar por dias ~
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O barulho de correntes abrindo era realmente irritante.
—Entra, Jesy. — a garota acenou pra dentro, e eu segui, o lugar parecendo mais frio que o normal. Jade havia organizado tudo o que eu pedi, não tive tempo pra isso e ela tinha alguns contatos que eram mais quietos.
Ariana fechou a porta atrás da gente, ela cruzou os braços e me encarou. Essa garota comandava toda a região e era uma boa amiga, sempre tentando me manter longe de tudo, mesmo sendo atolada até o pescoço com o mesmo ódio que eu. Acho que por isso a gente se entendia bem.
— Acho que a Jade já te falou o que eu preciso. Ari, eu—
— Eu não vou brigar com você. Eu já estou sabendo do que aconteceu. Eu sinto muito por não ter percebido antes. Não somos amigas, mas eu entendo seus motivos. — ela se sentou, ajeitando a tiara de cor esmeralda. — Isso já foi longe demais.
— Você vai me ajudar? — ela assentiu.
— Mas eu não vou te dar droga nenhuma. Eu conheço bem o buraco que sua mente tem a facilidade de te enfiar e sinceramente o plano de fazer seu pai ser pego pela policia com drogas não é o melhor dos melhores, ele é branco. — ela ergueu a sobrancelha e abriu a gaveta, retirando um embrulho. Suas mãos delicadas abriram os lados do pano cor de pérola, revelando o conteúdo. — Eu não sou ninguém pra te dar lição de moral. Pense nas consequências e tome a atitude se for necessário. Não posso te ajudar de outra maneira.Eu olhei pro embrulho mais uma vez. Tantas coisas correndo pela minha mente ao mesmo tempo. Aquilo podia resolver toda minha situação, mas eu não sei se estava pronta pra lidar com as consequências.
Mas era isso ou nada.
Abri a bolsa, peguei o conteúdo e coloquei lá dentro. Os olhos suaves, mas incisivos da garota acompanharam cada movimento.
Algumas pessoas diriam que ela estava fazendo o pior pra mim. Como se oferecendo o fruto proibido à própria Eva. Mas eu sabia, olhando em seus olhos, ela me entendia. E palavras doces não resolveriam minha situação.— Diga a prima pra não se envolver em burrada. — ela disse quando eu virei as costas. — Tente ficar viva também, eu nunca vi a Jade tão preocupada com alguém.
Eu assenti sem me virar, saindo daquele buraco e caminhando pela noite gelada.
Era a caminhada longa, e sinceramente nada me assustava a essa altura. Eu não era acostumada a sentir medo, e mesmo agora eu só conseguia sentir vazio. Talvez por isso aceitar Perrie por perto foi tão difícil pra mim, ela era um furacão desmiolado e me fazia sentir tantas coisas ao mesmo tempo que foi assustador. Mas de um jeito bom. Pela primeira vez na minha vida eu senti que eu queria algo. Pra mim. Por mim. Eu não estou disposta a abrir mão disso.Quando cruzei o portão de casa, o silêncio acendeu um alerta na minha mente. Geralmente minha mãe estaria vendo Tv ou mexendo com algo na cozinha. Mas as luzes estavam acesas e nem um passo podia ser ouvido.
Deixei a porta da frente aberta e um sentimento estranho revirou meu estômago. Um grunhido baixinho se fez ouvir. Então corri em disparada, aquele vazio consumindo tudo dentro de mim de novo.
Minha mãe estava deitada no chão.
Todos os itens da sala estavam revirados.
Havia estilhaços de vidro pelo carpete.
Uma poça de sangue escorria de sua cabeça.
— MÃE! MÃE??? — minha própria voz soou abafada. Ela ainda estava consciente quando eu me ajoelhei ao seu lado. O fogo aceso que podia ser visto na cozinha mostrava que ele tinha acabado de sair dali.
— Eu exigi demais de você, né? — ela disse com um fio de voz. — Me desculpa.
— Para de falar. Eu vou levar você pro médico. — eu peguei o celular, discando a emergência. Um toque fraco no meu rosto me fez perceber que ela estava enxugando lágrimas que rolavam descontroladas.
— Eu arruinei sua vida.
— Você não fez nada, você sabe, foi ele! — de repente eu não podia aceitar que ela não soubesse disso.
— Eu tinha tanto medo. — ela falou e respirou fundo, levando alguns segundos pra falar de novo. O celular chamando. — Que obriguei você a ser forte. Eu espero que você possa ser feliz com a sua namorada. — eu pude notar como seus olhos ficavam nublados. —Deus não vai te odiar por ser feliz.A emergência atendeu enquanto eu olhava pra minha mãe fechando os olhos. Quando a atendente falou, eu fiquei surpresa ao notar que o barulho estridente que parecia tão distante, eram os meus gritos.
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Eu demorei muito dessa vez né?
Mas finalmente vim postar os últimos capítulos dessa história.
Eu me meti num seminário anti violência doméstica da faculdade e só acabei semana passada. Esse capítulo já estava quase pronto e era tão forte que eu não queria postar ele depois de tanto tempo sem aparecer, mas também não quero escrever nada desnecessário.
RIP Janice.
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they ask me why I love her ▶▶pesy
FanfictionEu sei que eles a odeiam Eles me perguntam por que eu a amo Eu poderia dar um milhão de motivos (e um pouco mais)